Rede Salesiana Brasil no II Congresso Internacional de Comunicação e Educação

Quinta, 29 Novembro 2018 11:28 Escrito por  RSB Comunicação - site da ABPEducom
No segundo dia do II Congresso Internacional de Comunicação e Educação, coube à mesa-redonda “Inovação e Protagonismo Social, na educação midiática” contextualizar a memória histórica dos caminhos percorridos pela educação midiática e educomunicação no Brasil, Portugal e Peru.  

A mediação desta mesa coube ao representante da Unesco no Brasil, Adauto Cândido Soares, que propôs a discussão a partir da singularidade da proposta em cada país e das estratégias que estão sendo utilizadas para o diálogo com os sistemas de ensino. Tomaram parte da discussão Manuel Pinto, de Portugal; Regina Alcântara Assis, da TV Escola, do Rio de Janeiro (RJ); Maria Teresa Del Calmen Quiroz Velasco, do Peru; e Márcia Koffermann, da Rede Salesiana Brasil (RSB).

 

Nesse processo dialógico, “a participação dos comunicadores no campo da convergência das mídias é fundamental. Nas pesquisas da Unesco, percebe-se que poderia haver uma participação maior dos comunicadores nas escolas para tratar de questões críticas relacionadas às fake news, por exemplo”, argumenta o mediador.

 

Foi sua inquietude como jornalista da editoria de educação que o levou para a atuação com Educação para os Meios na formação de professores. É a partir dessa proposição que Manuel Pinto passa a se envolver com os estudos da literacia midiática no Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS) da Universidade do Minho, em Portugal.

 

Ligado ao CECS, o Grupo Informal sobre Literacia Mediática (GILM), surgido em 2009, vem inscrevendo essa temática na agenda das políticas públicas do país. Mais recentemente, concretizou-se o observatório de educação para os media (MILOBS), “que agrega recursos de boas práticas, acompanhamento da atualidade, serviço à comunidade e espaço de iniciativas”, explica.

 

Ao discorrer sobre as preocupações e perspectivas, o pesquisador português demonstra que a rede de bibliotecas escolares tem se tornado um espaço inovador de abertura às novas literacias. Em sua visão, ainda é preciso investir mais na capacitação dos professores, pois ainda “há um peso da visão instrumental dos media e das tecnologias, envolver mais profissionais comunicadores, assim como superar as contradições entre a escola e a política educativa e os valores da educação para os meios”, defende.

 

Por sua vez, a educação midiática no Peru tem possibilitado às pessoas exercerem sua cidadania em vista do empoderamento por meio de um olhar mais crítico. Segundo Teresa Quiroz, isso porque a “educação midiática leva ao reconhecimento da intersubjetividade como elemento crítico para compreender as interações entre meios e indivíduos e suas práticas comunicativas”.

 

No entanto, apesar de as políticas públicas do país virem garantindo perspectivas participativas e cidadãs com o novo currículo nacional, de 2017, “ainda se mantém um sentido instrumental dominante no imaginário da autoridade e dos professores nas escolas”.

 

Para a pesquisadora, a boa notícia é que “as crianças e adolescentes que estão chegando às escolas estão mais autônomos, participativos e interativos”. Diante disso, é preciso repensar o campo da educação midiática a partir de uma proposta de integralidade, pois “muitos projetos estão centrados na qualidade educativa, sem considerar a comunicação”, alerta.

 

Na perspectiva brasileira, dois caminhos vão se fazendo simultaneamente. De um lado, a diretora da TV Escola, Regina Alcântara de Assis, apresenta seu percurso no contexto da mídia educação na rede municipal de escolas da cidade do Rio de Janeiro. De outro, a salesiana Marcia Koffermann, aborda a educomunicação aplicada às escolas e práticas sociais do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora em nível mundial.

 

Regina de Assis considera que tanto a educomunicação quanto a mídia-educação têm “um norte em comum, pois reconhecem que os seres humanos têm direitos”. Diante do atual contexto sociopolítico, “estamos com imensos desafios no âmbito da educação brasileira, e da comunicação para a educação; seguiremos abrindo caminhos”, pondera.

 

Em sua fala, a pesquisadora lembra que linguagem e pensamento são constitutivos do conceito de identidade da pessoa, o que leva à expressão e à interação. Lembra que para Paulo Freire, educar é ouvir e interagir, o que aponta “a reflexão sobre nossa responsabilidade de educadores de mídia e seus caminhos que passam por linguagens audiovisuais digitais e impressas, novas linguagens”. “Não podemos ficar reféns do mercado. Precisamos ter flexibilidade para nos anteciparmos com propostas pedagógicas que utilizem as tecnologias com inventividade”, argumenta Assis.

 

Por fim, para Márcia Koffermann, o que levou as salesianas a se encantarem pela educomunicação “foi a capacidade de diálogo que a mesma tem com o Sistema Preventivo da educação salesiana”. Isso porque sua proposta pedagógica se baliza na prevenção, num ambiente que educa, nas relações amorosas com os jovens, no estudo, na profissionalização, na cultura, nas expressões artísticas e na comunicação.

 

Ao relembrar das origens, a salesiana lembra que o fundador da organização, Dom Bosco, trabalhava em rede e acreditava que “os jovens são sujeitos com condições de criar e produzir. Para isso, articulou sua proposta educativa no tripé razão, religião e afetividade para manter o equilíbrio e integralidade do ser humano”.

 

Para ajudar no desenvolvimento integral da pessoa, a educomunicação se apresenta como busca permanente de respostas teóricas e práticas às complexas relações da sociedade contemporânea. “A educação é assumida como um percurso comunicativo que precisa ser construído, analisado e avaliado permanentemente, para que as pessoas se descubram como produtoras de cultura a partir da apropriação críticas dos recursos da informação e comunicação social” assim, Koffermann define como se dá a articulação entre Sistema Preventivo e Educomunicação.

 

Ainda menciona que o diálogo entre as duas perspectivas também se dá pela construção de ecossistemas comunicativos e pela pedagogia do ambiente. Essa tarefa é empenho de todos os envolvidos no espaço de “intencionalidade comunicativa, de circularidade e de dinamicidade das relações”, compara a salesiana.

 

Ao final das falas, a interação dos palestrantes com os participantes problematizou o conceito e a prática de protagonismo a partir do termo participação da Convenção dos direitos da criança que leva ao envolvimento de todos os envolvidos na construção de propostas educativas junto aos mediadores. Ainda se discutiu a formação de professores para a educação midiática a partir de um trabalho colaborativo e construção coletiva da cidadania, da interdisciplinaridade, da interlocução com profissionais da comunicação.

Fonte: RSB Comunicação - site da ABPEducom

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Rede Salesiana Brasil no II Congresso Internacional de Comunicação e Educação

Quinta, 29 Novembro 2018 11:28 Escrito por  RSB Comunicação - site da ABPEducom
No segundo dia do II Congresso Internacional de Comunicação e Educação, coube à mesa-redonda “Inovação e Protagonismo Social, na educação midiática” contextualizar a memória histórica dos caminhos percorridos pela educação midiática e educomunicação no Brasil, Portugal e Peru.  

A mediação desta mesa coube ao representante da Unesco no Brasil, Adauto Cândido Soares, que propôs a discussão a partir da singularidade da proposta em cada país e das estratégias que estão sendo utilizadas para o diálogo com os sistemas de ensino. Tomaram parte da discussão Manuel Pinto, de Portugal; Regina Alcântara Assis, da TV Escola, do Rio de Janeiro (RJ); Maria Teresa Del Calmen Quiroz Velasco, do Peru; e Márcia Koffermann, da Rede Salesiana Brasil (RSB).

 

Nesse processo dialógico, “a participação dos comunicadores no campo da convergência das mídias é fundamental. Nas pesquisas da Unesco, percebe-se que poderia haver uma participação maior dos comunicadores nas escolas para tratar de questões críticas relacionadas às fake news, por exemplo”, argumenta o mediador.

 

Foi sua inquietude como jornalista da editoria de educação que o levou para a atuação com Educação para os Meios na formação de professores. É a partir dessa proposição que Manuel Pinto passa a se envolver com os estudos da literacia midiática no Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS) da Universidade do Minho, em Portugal.

 

Ligado ao CECS, o Grupo Informal sobre Literacia Mediática (GILM), surgido em 2009, vem inscrevendo essa temática na agenda das políticas públicas do país. Mais recentemente, concretizou-se o observatório de educação para os media (MILOBS), “que agrega recursos de boas práticas, acompanhamento da atualidade, serviço à comunidade e espaço de iniciativas”, explica.

 

Ao discorrer sobre as preocupações e perspectivas, o pesquisador português demonstra que a rede de bibliotecas escolares tem se tornado um espaço inovador de abertura às novas literacias. Em sua visão, ainda é preciso investir mais na capacitação dos professores, pois ainda “há um peso da visão instrumental dos media e das tecnologias, envolver mais profissionais comunicadores, assim como superar as contradições entre a escola e a política educativa e os valores da educação para os meios”, defende.

 

Por sua vez, a educação midiática no Peru tem possibilitado às pessoas exercerem sua cidadania em vista do empoderamento por meio de um olhar mais crítico. Segundo Teresa Quiroz, isso porque a “educação midiática leva ao reconhecimento da intersubjetividade como elemento crítico para compreender as interações entre meios e indivíduos e suas práticas comunicativas”.

 

No entanto, apesar de as políticas públicas do país virem garantindo perspectivas participativas e cidadãs com o novo currículo nacional, de 2017, “ainda se mantém um sentido instrumental dominante no imaginário da autoridade e dos professores nas escolas”.

 

Para a pesquisadora, a boa notícia é que “as crianças e adolescentes que estão chegando às escolas estão mais autônomos, participativos e interativos”. Diante disso, é preciso repensar o campo da educação midiática a partir de uma proposta de integralidade, pois “muitos projetos estão centrados na qualidade educativa, sem considerar a comunicação”, alerta.

 

Na perspectiva brasileira, dois caminhos vão se fazendo simultaneamente. De um lado, a diretora da TV Escola, Regina Alcântara de Assis, apresenta seu percurso no contexto da mídia educação na rede municipal de escolas da cidade do Rio de Janeiro. De outro, a salesiana Marcia Koffermann, aborda a educomunicação aplicada às escolas e práticas sociais do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora em nível mundial.

 

Regina de Assis considera que tanto a educomunicação quanto a mídia-educação têm “um norte em comum, pois reconhecem que os seres humanos têm direitos”. Diante do atual contexto sociopolítico, “estamos com imensos desafios no âmbito da educação brasileira, e da comunicação para a educação; seguiremos abrindo caminhos”, pondera.

 

Em sua fala, a pesquisadora lembra que linguagem e pensamento são constitutivos do conceito de identidade da pessoa, o que leva à expressão e à interação. Lembra que para Paulo Freire, educar é ouvir e interagir, o que aponta “a reflexão sobre nossa responsabilidade de educadores de mídia e seus caminhos que passam por linguagens audiovisuais digitais e impressas, novas linguagens”. “Não podemos ficar reféns do mercado. Precisamos ter flexibilidade para nos anteciparmos com propostas pedagógicas que utilizem as tecnologias com inventividade”, argumenta Assis.

 

Por fim, para Márcia Koffermann, o que levou as salesianas a se encantarem pela educomunicação “foi a capacidade de diálogo que a mesma tem com o Sistema Preventivo da educação salesiana”. Isso porque sua proposta pedagógica se baliza na prevenção, num ambiente que educa, nas relações amorosas com os jovens, no estudo, na profissionalização, na cultura, nas expressões artísticas e na comunicação.

 

Ao relembrar das origens, a salesiana lembra que o fundador da organização, Dom Bosco, trabalhava em rede e acreditava que “os jovens são sujeitos com condições de criar e produzir. Para isso, articulou sua proposta educativa no tripé razão, religião e afetividade para manter o equilíbrio e integralidade do ser humano”.

 

Para ajudar no desenvolvimento integral da pessoa, a educomunicação se apresenta como busca permanente de respostas teóricas e práticas às complexas relações da sociedade contemporânea. “A educação é assumida como um percurso comunicativo que precisa ser construído, analisado e avaliado permanentemente, para que as pessoas se descubram como produtoras de cultura a partir da apropriação críticas dos recursos da informação e comunicação social” assim, Koffermann define como se dá a articulação entre Sistema Preventivo e Educomunicação.

 

Ainda menciona que o diálogo entre as duas perspectivas também se dá pela construção de ecossistemas comunicativos e pela pedagogia do ambiente. Essa tarefa é empenho de todos os envolvidos no espaço de “intencionalidade comunicativa, de circularidade e de dinamicidade das relações”, compara a salesiana.

 

Ao final das falas, a interação dos palestrantes com os participantes problematizou o conceito e a prática de protagonismo a partir do termo participação da Convenção dos direitos da criança que leva ao envolvimento de todos os envolvidos na construção de propostas educativas junto aos mediadores. Ainda se discutiu a formação de professores para a educação midiática a partir de um trabalho colaborativo e construção coletiva da cidadania, da interdisciplinaridade, da interlocução com profissionais da comunicação.

Fonte: RSB Comunicação - site da ABPEducom

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