Concerto de Natal do Vaticano em favor do Iraque e de Uganda

Quarta, 12 Dezembro 2018 08:27 Escrito por  Com informações: Vatican News e ANS
Concerto de Natal do Vaticano em favor do Iraque e de Uganda Josephine no campo de refugiados de Palabek, em Uganda Foto: ANS
Um projeto dos salesianos no campo de refugiados de Palabek, em Uganda, na África, receberá parte dos fundos arrecadados pelo 26° Concerto de Natal do Vaticano.    

A Congregação para a Educação Católica promove, em 15 de dezembro próximo, na Sala Paulo VI, no Vaticano, o 26° Concerto de Natal. Os fundos arrecadados com o evento serão destinados a duas iniciativas, mantidas por Scholas Occurentes e Missões Dom Bosco (Missioni Don Bosco), respectivamente, no Iraque e em Uganda.

 

“Façamos uma rede com a educação” é o slogan do evento que, depois dos projetos dedicados ao cyber bullying, no ano passado, em 2018 será voltado para ações que estão sendo desenvolvidas junto a refugiados nos dois países.

 

A Scholas Occurrentes ajuda as crianças em Erbil, no Curdistão iraquiano, criando redes entre as entidades educacionais e promovendo a troca de experiências entre escolas e universidades italianas. Já os missionários salesianos se dedicam às 40 mil pessoas que fugiram da guerra no Sudão do Sul, e que hoje vivem no campo de refugiados de Palabek.

 

Projetos de solidariedade

Em 23 outubro, no Palazzo Pio do Vaticano, foram apresentados aos jornalistas os projetos sociais e a programação do 26º Concerto de Natal. Participaram da entrevista coletiva para a imprensa: padre Angelo Vincenzo Zani, secretário da Congregação para a Educação Católica, promotora do concerto; Giampietro Pettenon, SDB, presidente das Missões Dom Bosco; Prof. Italo Fiorin, da Fundação Scholas Occurrentes, coordenador do projeto relacionado à educação de refugiados em Erbil, no Curdistão iraquiano; e Stefania Scorpio, administradora delegada da "Prime Time Promotions", que organiza o evento.

 

O padre Zani explicou que a educação e os migrantes são os fios condutores dos projetos escolhidos para este ano. Segundo ele, trata-se de “duas alternativas à migração por meio da educação. A educação é um elemento de redenção e uma possível solução, mas, acima de tudo, representa uma oportunidade de fazer mais do que uma gestão de emergência, uma vez que oferece ferramentas concretas para a construção de um futuro”.

 

O presidente das Missões Dom Bosco, por sua vez, falou sobre o projeto dos salesianos em Uganda. “Avaliamos as demandas e, além da assistência espiritual, uma vez que os refugiados são predominantemente cristãos, identificamos a importância de uma formação profissional que atenda às necessidades dos jovens em cinco setores”, contou. “Em primeiro lugar a agricultura, porque para cada família que vive no campo o governo de Uganda oferece um pequeno lote de terra a ser cultivado, então nós ensinamos horticultura. O segundo e o terceiro são construção e a carpintaria, voltadas principalmente aos rapazes. Para as moças há necessidade de cursos de cabeleireira e cozinheira. Gostaríamos de potencializar isso para poder oferecer chances de trabalho dentro do campo de refugiados”, prosseguiu o salesiano.

 

O concerto, que acontecerá no dia 15 de dezembro, será transmitido para todo o mundo pela plataforma do Canal 5 italiano, na noite de 24 de dezembro. Durante a transmissão, será lembrada a possibilidade de apoiar os dois projetos através de doações via SMS, para um número de telefone solidário na Itália.

 

Josephine sonha com a paz no Sudão do Sul

Um campo de refugiados é um dos poucos lugares do mundo onde os dias parecem quase todos iguais, já que não há muito o que fazer. No campo de Palabek, em Uganda, a 45 km da fronteira com o Sudão do Sul, mais de 32.000 pessoas – todas sudanesas, sendo quase 90% mulheres e crianças – desejam a paz para o país que as forçou a fugir. Esperança, na forma de educação, é a melhor terapia para aqueles que sonham com um futuro melhor.

 

Josephine tem 26 anos e chegou a Palabek há quase um ano e meio. Ela fugiu da guerra quando seu vilarejo, situado próximo à fronteira, foi atacado e os tiroteios a fizeram temer por sua vida e, acima de tudo, pela de seus três filhos, de 8, 6 e 3 anos de idade.

 

A história de Josephine é semelhante à da maioria dos que chegam em Palabek: pessoas que fugiram escondidas à noite e andaram por vários dias, sem água ou alimentos, até alcançarem a fronteira. São médicos, professores, policiais, advogados, engenheiros... mas no campo de Palabek, são apenas refugiados.

 

O que a diferencia é que, enquanto a maioria pretende permanecer em Uganda, Josephine quer voltar a seu país de origem. “Meu marido é professor e trabalha na capital do Sudão do Sul. Mantemos contato e, assim que a situação melhorar, meu desejo é alcançá-lo”.

 

A mãe e o irmão de Josephine moram com ela em uma cabana e cuidam das crianças durante o período em que não estão na escola. Como todas as famílias abrigadas em Palabek, eles têm uma pequena horta de 30 metros quadrados, com a qual podem complementar os itens fornecidos uma vez por mês pelo Programa Mundial de Alimentos.

 

Há 32 organizações ativas em Palabek, mas apenas os salesianos vivem dentro do assentamento. “Os salesianos nos dão esperança pela educação que possibilitam aos nossos filhos e pela formação que nos oferecem. É uma maneira de nos sentirmos úteis enquanto pensamos no futuro, na paz em nosso país e em poder voltar para as nossas casas”, conclui Josephine.

 

“Onde há salesianos, a educação é sempre prioridade”

Em Palabek, Uganda, os salesianos decidiram viver entre os refugiados, em sua maioria mulheres e crianças. Os salesianos chegaram ao local em junho de 2017. O campo de Palabek era o único dos quase 20 centros similares em Uganda que continuava acolhendo refugiados. Em uma área de 400 quilômetros quadrados, o governo de Uganda e as Nações Unidas, através da agência de refugiados (ACNUR), organizavam um campo aberto no qual cada família recebia 30 metros quadrados, material para a construção de uma habitação simples e as ferramentas para cultivar uma pequena horta naquele lugar.

 

No início, a precariedade da situação obrigou os salesianos a viverem hospedados em cabanas com refugiados, mas pouco a pouco construíram alguns quartos simples para eles, saneamento e acesso à água, pequenas estruturas nas quais os moradores do campo pudessem se reunir, várias capelas e escolas para crianças do acampamento.

 

Há atualmente sete salesianos que pertencem à comunidade missionária e residem permanentemente no campo de refugiados, e todos são missionários: dois da República Democrática do Congo, um do Congo Brazzaville, três da Índia e um da Venezuela. Onde há salesianos, a educação é sempre prioridade. Nesse acampamento, o compromisso salesiano com a educação e o acompanhamento dos refugiados teve em Dom Bosco seu ponto de referência e, ao mesmo tempo, uma autoridade moral. No total, mais de 700 crianças são acompanhadas em seus estudos e mais de 700 famílias são acolhidas pelos salesianos no acampamento.

 

Uganda mantém uma política aberta e generosa em relação aos refugiados, abrigando quase 1,5 milhão deles. Todos recebem gratuitamente o visto para trabalhar, educação e serviços de saúde. É um dos países que recebe o maior número de refugiados do mundo.

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Última modificação em Quarta, 02 Janeiro 2019 11:20

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Concerto de Natal do Vaticano em favor do Iraque e de Uganda

Quarta, 12 Dezembro 2018 08:27 Escrito por  Com informações: Vatican News e ANS
Concerto de Natal do Vaticano em favor do Iraque e de Uganda Josephine no campo de refugiados de Palabek, em Uganda Foto: ANS
Um projeto dos salesianos no campo de refugiados de Palabek, em Uganda, na África, receberá parte dos fundos arrecadados pelo 26° Concerto de Natal do Vaticano.    

A Congregação para a Educação Católica promove, em 15 de dezembro próximo, na Sala Paulo VI, no Vaticano, o 26° Concerto de Natal. Os fundos arrecadados com o evento serão destinados a duas iniciativas, mantidas por Scholas Occurentes e Missões Dom Bosco (Missioni Don Bosco), respectivamente, no Iraque e em Uganda.

 

“Façamos uma rede com a educação” é o slogan do evento que, depois dos projetos dedicados ao cyber bullying, no ano passado, em 2018 será voltado para ações que estão sendo desenvolvidas junto a refugiados nos dois países.

 

A Scholas Occurrentes ajuda as crianças em Erbil, no Curdistão iraquiano, criando redes entre as entidades educacionais e promovendo a troca de experiências entre escolas e universidades italianas. Já os missionários salesianos se dedicam às 40 mil pessoas que fugiram da guerra no Sudão do Sul, e que hoje vivem no campo de refugiados de Palabek.

 

Projetos de solidariedade

Em 23 outubro, no Palazzo Pio do Vaticano, foram apresentados aos jornalistas os projetos sociais e a programação do 26º Concerto de Natal. Participaram da entrevista coletiva para a imprensa: padre Angelo Vincenzo Zani, secretário da Congregação para a Educação Católica, promotora do concerto; Giampietro Pettenon, SDB, presidente das Missões Dom Bosco; Prof. Italo Fiorin, da Fundação Scholas Occurrentes, coordenador do projeto relacionado à educação de refugiados em Erbil, no Curdistão iraquiano; e Stefania Scorpio, administradora delegada da "Prime Time Promotions", que organiza o evento.

 

O padre Zani explicou que a educação e os migrantes são os fios condutores dos projetos escolhidos para este ano. Segundo ele, trata-se de “duas alternativas à migração por meio da educação. A educação é um elemento de redenção e uma possível solução, mas, acima de tudo, representa uma oportunidade de fazer mais do que uma gestão de emergência, uma vez que oferece ferramentas concretas para a construção de um futuro”.

 

O presidente das Missões Dom Bosco, por sua vez, falou sobre o projeto dos salesianos em Uganda. “Avaliamos as demandas e, além da assistência espiritual, uma vez que os refugiados são predominantemente cristãos, identificamos a importância de uma formação profissional que atenda às necessidades dos jovens em cinco setores”, contou. “Em primeiro lugar a agricultura, porque para cada família que vive no campo o governo de Uganda oferece um pequeno lote de terra a ser cultivado, então nós ensinamos horticultura. O segundo e o terceiro são construção e a carpintaria, voltadas principalmente aos rapazes. Para as moças há necessidade de cursos de cabeleireira e cozinheira. Gostaríamos de potencializar isso para poder oferecer chances de trabalho dentro do campo de refugiados”, prosseguiu o salesiano.

 

O concerto, que acontecerá no dia 15 de dezembro, será transmitido para todo o mundo pela plataforma do Canal 5 italiano, na noite de 24 de dezembro. Durante a transmissão, será lembrada a possibilidade de apoiar os dois projetos através de doações via SMS, para um número de telefone solidário na Itália.

 

Josephine sonha com a paz no Sudão do Sul

Um campo de refugiados é um dos poucos lugares do mundo onde os dias parecem quase todos iguais, já que não há muito o que fazer. No campo de Palabek, em Uganda, a 45 km da fronteira com o Sudão do Sul, mais de 32.000 pessoas – todas sudanesas, sendo quase 90% mulheres e crianças – desejam a paz para o país que as forçou a fugir. Esperança, na forma de educação, é a melhor terapia para aqueles que sonham com um futuro melhor.

 

Josephine tem 26 anos e chegou a Palabek há quase um ano e meio. Ela fugiu da guerra quando seu vilarejo, situado próximo à fronteira, foi atacado e os tiroteios a fizeram temer por sua vida e, acima de tudo, pela de seus três filhos, de 8, 6 e 3 anos de idade.

 

A história de Josephine é semelhante à da maioria dos que chegam em Palabek: pessoas que fugiram escondidas à noite e andaram por vários dias, sem água ou alimentos, até alcançarem a fronteira. São médicos, professores, policiais, advogados, engenheiros... mas no campo de Palabek, são apenas refugiados.

 

O que a diferencia é que, enquanto a maioria pretende permanecer em Uganda, Josephine quer voltar a seu país de origem. “Meu marido é professor e trabalha na capital do Sudão do Sul. Mantemos contato e, assim que a situação melhorar, meu desejo é alcançá-lo”.

 

A mãe e o irmão de Josephine moram com ela em uma cabana e cuidam das crianças durante o período em que não estão na escola. Como todas as famílias abrigadas em Palabek, eles têm uma pequena horta de 30 metros quadrados, com a qual podem complementar os itens fornecidos uma vez por mês pelo Programa Mundial de Alimentos.

 

Há 32 organizações ativas em Palabek, mas apenas os salesianos vivem dentro do assentamento. “Os salesianos nos dão esperança pela educação que possibilitam aos nossos filhos e pela formação que nos oferecem. É uma maneira de nos sentirmos úteis enquanto pensamos no futuro, na paz em nosso país e em poder voltar para as nossas casas”, conclui Josephine.

 

“Onde há salesianos, a educação é sempre prioridade”

Em Palabek, Uganda, os salesianos decidiram viver entre os refugiados, em sua maioria mulheres e crianças. Os salesianos chegaram ao local em junho de 2017. O campo de Palabek era o único dos quase 20 centros similares em Uganda que continuava acolhendo refugiados. Em uma área de 400 quilômetros quadrados, o governo de Uganda e as Nações Unidas, através da agência de refugiados (ACNUR), organizavam um campo aberto no qual cada família recebia 30 metros quadrados, material para a construção de uma habitação simples e as ferramentas para cultivar uma pequena horta naquele lugar.

 

No início, a precariedade da situação obrigou os salesianos a viverem hospedados em cabanas com refugiados, mas pouco a pouco construíram alguns quartos simples para eles, saneamento e acesso à água, pequenas estruturas nas quais os moradores do campo pudessem se reunir, várias capelas e escolas para crianças do acampamento.

 

Há atualmente sete salesianos que pertencem à comunidade missionária e residem permanentemente no campo de refugiados, e todos são missionários: dois da República Democrática do Congo, um do Congo Brazzaville, três da Índia e um da Venezuela. Onde há salesianos, a educação é sempre prioridade. Nesse acampamento, o compromisso salesiano com a educação e o acompanhamento dos refugiados teve em Dom Bosco seu ponto de referência e, ao mesmo tempo, uma autoridade moral. No total, mais de 700 crianças são acompanhadas em seus estudos e mais de 700 famílias são acolhidas pelos salesianos no acampamento.

 

Uganda mantém uma política aberta e generosa em relação aos refugiados, abrigando quase 1,5 milhão deles. Todos recebem gratuitamente o visto para trabalhar, educação e serviços de saúde. É um dos países que recebe o maior número de refugiados do mundo.

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