Tomou o pão... tomou o cálice com vinho...
É o rito da apresentação das oferendas. Nele, preparamos o altar para receber as oferendas de pão e vinho e bendizemos a Deus por elas como frutos da terra e do nosso trabalho, símbolos da natureza, da alegria, da convivência, do sofrimento, de um futuro melhor na partilha etc.
Não é ainda o ofertório, como impropriamente o chamamos. Estamos apenas apresentando os dons, que serão depois oferecidos ao Pai quando eles se tornarem o corpo e o sangue de Jesus, após a consagração.
Este é também um momento muito rico da comunidade, acompanhado com o canto, onde os dons são levados em procissão, juntamente com os objetos para a preparação da mesa do altar, com outros pães e alimentos típicos da região que serão abençoados e distribuídos no final na celebração.
Temos o costume de, nessa hora, recolher o dinheiro do dízimo e de outras ofertas para o sustento da comunidade ou para alguma campanha de solidariedade.
Os desafios colocados para que esse rito seja feito da forma mais correta: compor a procissão dos dons evitando exageros, alegorias; usar do pão sem fermento, em vez de hóstias; o canto das oferendas, que não é dos mais importantes da missa, pode ser omitido, com apenas um fundo musical ou o próprio silêncio; envolver a assembléia na bendição das oferendas.
Deu graças
A oração eucarística começa com o diálogo entre quem preside e a assembleia: “OSenhor esteja convosco...Corações ao alto...Demos graças ao Senhor...”.
Inicia-se então a grande ação de graças a Deus. Jesus, antes de partir o pão e distribuí-lo, deu graças. Hoje, na missa, acontece o mesmo: o que comemos e bebemos na comunhão são o pão e o cálice da bênção, o pão e o cálice da ação de graças. Primeiro agradecemos e depois comungamos!
Infelizmente, em nossas celebrações, há tempos entrou o costume errado de dar graças somente depois da comunhão. É preciso resgatar o que Jesus fez!
A oração eucarística que se segue tem toda uma estrutura histórica. Nela acontecem a invocação ao Espírito Santo sobre o pão e o vinho, a narração da última ceia, a proclamação memorial (Eis o mistério da fé...), a oblação (a oferta de Jesus ao Pai), a invocação do Espírito Santo sobre a comunidade para que formemos um só corpo, as intercessões pela Igreja e pelos falecidos, encerrando-se com a Doxologia (“grande louvor” por Cristo...) e o Amém final.
Corremos o risco de, durante essa grande oração, nos distrairmos na sequência das orações longas e teológicas. Estrategicamente, existem algumas intervenções intercaladas da assembleia, que ajudam a não perder a atenção e a sintonia orante desse momento. É vital essa ação de graças: a aliança proclamada na Liturgia da Palavra é agora assumida e “assinada” pela comunidade na oração eucarística , especialmente no “Amém” final.
Aqui também temos desafios: a perfeita compreensão do momento da ação de graças; a comunicação com a assembleia por parte de quem preside; o canto litúrgico do “Santo”; o “Amém” final vibrante, contagiante.
Partiu o pão
A fração do pão é um gesto que foi feito por Jesus na última ceia, como sabemos, e que na comunidade primitiva deu até o nome a toda a celebração eucarística (cf. Lc 24,35; At 2,46). Hoje realizamos o mesmo gesto, simples, mas muito significativo: nossa unidade em Cristo a partir do momento que participamos todos do mesmo pão partido e do mesmo cálice. Deve acompanhá-lo o canto do “Cordeiro”.
É preciso resgatar esse rito, que desapareceu com a “invasão” do abraço da paz cantado, demorado e tumultuado. Pode-se fazer o abraço da paz como um gesto simbólico apenas, valorizando a fração do pão e o canto.
Deu aos seus discípulos...
Agora se realiza a nossa ceia com o Senhor. Preparamo-nos para esse momento com o Pai-nosso, o “embolismo” (acréscimo ao Pai-nosso), a oração pela paz, seguida pela fração do pão (explicada acima). Comungar é muito mais do que só “receber Jesus na hóstia sagrada”: é assumir o projeto de Jesus como Igreja-comunidade, é continuar sua missão de construir uma sociedade mais justa e solidária, na qual os bens sejam repartidos entre todos.
O canto de comunhão, segundo antiga tradição, retoma um verso do Evangelho que foi proclamado na celebração. Ele liga a Liturgia da Palavra com a Liturgia Eucarística: comungamos lembrando e vivenciando o que ouvimos no Evangelho!
É normal que todos os que vêm à celebração eucarística tenham no seu interior o desejo de comungar, e com ele a disposição fundamental do arrependimento dos pecados e da vontade de comunhão com toda a comunidade. A comunhão eucarística é a expressão final da aliança que atravessa toda a celebração.
Os desafios são: a compreensão e a vivência do momento da “paz”; a comunhão para todos; cantar o Evangelho durante a comunhão; e, por fim, valorizar o silêncio após a comunhão.