Pedagogia do amor

Sábado, 23 Agosto 2014 18:34 Escrito por  Editorial Boletim Salesiano
Um sistema educativo que se adequa a qualquer cultura, que se encontra atuante em cerca de 130 países em todos os cinco continentes - este é o sistema preventivo de Dom Bosco.

O sistema preventivo de Dom Bosco foi construído em tempos difíceis do século XIX, em que Dom Bosco encontrou, por meio da educação e da religião, uma forma efetiva de incluir na sociedade as crianças e os jovens que viviam em situação de risco na Itália da Era Industrial. Atemporal e efetivo, o sistema educacional criado pelo santo há mais de 150 anos permanece eficiente e moderno nos tempos atuais. Baseia-se em três pilares, conforme resume o padre Antônio Pacheco de Paula no livro Salesianidade:

Amor

Também entendido na palavra italiana amorevolezza. Os jovens devem ser amados e saber disso. Dom Bosco resumia: “Faça-se amar e não se faça temer”.

Razão

Dom Bosco acreditava que só a razão podia dizer ao coração o que é o bem. É por isso que a ciência sempre foi um grande pilar da educação salesiana.

Espiritualidade

No projeto de Dom Bosco, a espiritualidade é o fundamento e coroamento dos valores e dos compromissos educativos do amor e da razão. Tornar os jovens “bons cristãos e honestos cidadãos” era uma grande meta de São João Bosco.

O sistema preventivo fundamenta-se em uma visão positiva e otimista da pessoa humana; pressupõe que todos são dotados de um grande potencial de desenvolvimento. Desde Turim, na Itália, nos anos 1840 até o presente momento, o mundo mudou muito. Mudanças nos sistemas políticos, descobertas científicas, a revolução tecnológica, são realidades vividas pela sociedade, mas a necessidade de educar, incluir e formar crianças e jovens, não importa em que condições sociais ou latitudes eles se encontrem, é uma premência da humanidade. É também o eixo que une salesianos e salesianas em todo o mundo.

 

Inquietação renovadora

Às vésperas da celebração do bicentenário de nascimento do Santo dos Jovens, a obra O sistema preventivo de Dom Bosco hoje, de Carlo Nanni, traduzida por dom Hilário Moser, SDB, traz uma atualização do conceito educacional salesiano, já que analisar o sistema preventivo sob os parâmetros do século XXI é um dos desafios dos educadores salesianos.

No prefácio da edição italiana, um alerta: “A globalização da economia, gerando um único mercado mundial e estimulando nele o empreendedorismo, as migrações das populações, o encontro e o desencontro entre culturas e religiões, as novas tecnologias informáticas e robotizadas, a cultura dos direitos humanos e o desejo de uma democracia à altura dos novos tempos que vivemos nestes primeiros decênios do século XXI apontam para uma verdadeira e própria ‘emergência educativa’. A educação tradicional é desafiada. Todavia, se ela for capaz de se renovar, pode representar um grande desafio para a solução dos problemas do nosso tempo e de modo especial para um desenvolvimento humano digno e historicamente sustentável”.

As preocupações e esperanças apontadas por Carlo Nanni estão em uníssono com o trabalho da Rede Salesiana de Escolas (RSE) aqui no Brasil, conforme descreve a gestora do Pólo Manaus, Lilliany Costa.

 

Desafios diários

Uma das frases mais famosas de Dom Bosco é o alerta cheio de entusiasmo: “Eu não disse que seria fácil. Só disse que valeria a pena”. Fazer com que a RSE seja uma realidade pulsante em um país com as dimensões do Brasil é algo que exige ousadias diárias. “Estamos aqui em Manaus, onde as distâncias são sempre maiores e as dificuldades de comunicação são velhas conhecidas nossas”, afirma Lilliany Costa, gestora do Polo Manaus, que agrega 12 escolas em três regiões bem distantes da Amazônia - Amazonas, Pará e Rondônia. “Nessas escolas há cerca de 7.000 alunos matriculados e que recebem diariamente, o mesmo conteúdo pedagógico que os alunos do Polo Porto Alegre, ou Polo BH, em Belo Horizonte”, reflete. “A distância entre nós é o que nos unifica, justamente pelo fato da RSE ser capaz de unir os propósitos do projeto educacional”, pondera a gestora.

Liliany está na gestão do Polo Manaus desde novembro de 2009. Ela observa que a implementação do conceito de rede, com a unificação do mesmo material didático, uniformes e mensagem da marca é um trabalho permanente das escolas e, como gestora, lhe cabe o papel catalisador e de viabilizar para que questões locais, a autonomia das escolas e as dificuldades de cada um não sejam elementos desagregadores. “Nesse sentido, temos muito trabalho todos os dias, mas o objeto e o foco sempre valem a pena”, considera ela, parafraseando Dom Bosco.

O trabalho tem pautas mensais e as reuniões discutem eixos como gestão, formação, acompanhamento, avaliação e comunicação. “Esses quesitos são capazes de dar uniformidade às diferentes compreensões de cada uma das escolas. Quando há educadores novatos, temos um programa de adequação à mentalidade de rede. Sistema preventivo, para quem vem de fora, é uma novidade”, explica. “Os projetos da RSE exigem um trabalho que agrega familiares e alunos também. Trabalho árduo e permanente, mas com lastro consistente”.

Para a gestora, dentre uma rotina cheia de desafios, a parte boa e da qual nasce o combustível para movimentar o processo é que as pessoas envolvidas nesse trabalho acreditam que a educação é uma importante forma de transformação. “Com essa crença, conseguimos atuar melhor em rede”, conclui.

 

No Brasil

Os primeiros salesianos chegaram ao Brasil há 131 anos, e logo inauguraram o Colégio Santa Rosa de Niterói, que instalou-se a pedido do bispo do Rio de Janeiro, dom Pedro Maria de Lacerda. As Escolas Profissionais Salesianas de Niterói foram pioneiras no âmbito privado, sendo precedidas apenas por duas instituições semelhantes no tempo do Império.

O foco na educação dos jovens filhos das classes populares, especialmente os ex-escravos e imigrantes, foi fator preponderante na fundação da segunda obra dos salesianos no Brasil, o Liceu Coração de Jesus, em São Paulo, em 1885. Pouco depois, em 1892, as primeiras Filhas de Maria Auxiliadora (FMA) chegaram a Guaratinguetá, SP, para estender às meninas o carisma educacional de Dom Bosco e Madre Mazzarello. E em junho de 1894, a ação missionária entre os povos indígenas, outro ponto importante da proposta salesiana, tinha início em Cuiabá, então no estado do Mato Grosso.

Desde então, a Família Salesiana cresceu e expandiu-se pelo país, tendo a educação como foco fundamental. As mudanças sociais, políticas e econômicas ocorridas nos últimos 20 anos, entretanto, vêm desafiando a educação clássica até em suas formas de gestão. Foi para adequar-se a tais mudanças que surgiu a Rede Salesiana de Escolas (RSE), em 2001, no Brasil. Baseada nas diretrizes da Escola Salesiana América, formava-se a maior rede de escolas católicas do Brasil, sob um mesmo projeto pedagógico-pastoral. Hoje a RSE é formada por mais de 100 colégios, 5.000 educadores e mais de 85 mil alunos em todo o país, com instituições de ensino que atendem desde a educação infantil até o ensino médio.

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Pedagogia do amor

Sábado, 23 Agosto 2014 18:34 Escrito por  Editorial Boletim Salesiano
Um sistema educativo que se adequa a qualquer cultura, que se encontra atuante em cerca de 130 países em todos os cinco continentes - este é o sistema preventivo de Dom Bosco.

O sistema preventivo de Dom Bosco foi construído em tempos difíceis do século XIX, em que Dom Bosco encontrou, por meio da educação e da religião, uma forma efetiva de incluir na sociedade as crianças e os jovens que viviam em situação de risco na Itália da Era Industrial. Atemporal e efetivo, o sistema educacional criado pelo santo há mais de 150 anos permanece eficiente e moderno nos tempos atuais. Baseia-se em três pilares, conforme resume o padre Antônio Pacheco de Paula no livro Salesianidade:

Amor

Também entendido na palavra italiana amorevolezza. Os jovens devem ser amados e saber disso. Dom Bosco resumia: “Faça-se amar e não se faça temer”.

Razão

Dom Bosco acreditava que só a razão podia dizer ao coração o que é o bem. É por isso que a ciência sempre foi um grande pilar da educação salesiana.

Espiritualidade

No projeto de Dom Bosco, a espiritualidade é o fundamento e coroamento dos valores e dos compromissos educativos do amor e da razão. Tornar os jovens “bons cristãos e honestos cidadãos” era uma grande meta de São João Bosco.

O sistema preventivo fundamenta-se em uma visão positiva e otimista da pessoa humana; pressupõe que todos são dotados de um grande potencial de desenvolvimento. Desde Turim, na Itália, nos anos 1840 até o presente momento, o mundo mudou muito. Mudanças nos sistemas políticos, descobertas científicas, a revolução tecnológica, são realidades vividas pela sociedade, mas a necessidade de educar, incluir e formar crianças e jovens, não importa em que condições sociais ou latitudes eles se encontrem, é uma premência da humanidade. É também o eixo que une salesianos e salesianas em todo o mundo.

 

Inquietação renovadora

Às vésperas da celebração do bicentenário de nascimento do Santo dos Jovens, a obra O sistema preventivo de Dom Bosco hoje, de Carlo Nanni, traduzida por dom Hilário Moser, SDB, traz uma atualização do conceito educacional salesiano, já que analisar o sistema preventivo sob os parâmetros do século XXI é um dos desafios dos educadores salesianos.

No prefácio da edição italiana, um alerta: “A globalização da economia, gerando um único mercado mundial e estimulando nele o empreendedorismo, as migrações das populações, o encontro e o desencontro entre culturas e religiões, as novas tecnologias informáticas e robotizadas, a cultura dos direitos humanos e o desejo de uma democracia à altura dos novos tempos que vivemos nestes primeiros decênios do século XXI apontam para uma verdadeira e própria ‘emergência educativa’. A educação tradicional é desafiada. Todavia, se ela for capaz de se renovar, pode representar um grande desafio para a solução dos problemas do nosso tempo e de modo especial para um desenvolvimento humano digno e historicamente sustentável”.

As preocupações e esperanças apontadas por Carlo Nanni estão em uníssono com o trabalho da Rede Salesiana de Escolas (RSE) aqui no Brasil, conforme descreve a gestora do Pólo Manaus, Lilliany Costa.

 

Desafios diários

Uma das frases mais famosas de Dom Bosco é o alerta cheio de entusiasmo: “Eu não disse que seria fácil. Só disse que valeria a pena”. Fazer com que a RSE seja uma realidade pulsante em um país com as dimensões do Brasil é algo que exige ousadias diárias. “Estamos aqui em Manaus, onde as distâncias são sempre maiores e as dificuldades de comunicação são velhas conhecidas nossas”, afirma Lilliany Costa, gestora do Polo Manaus, que agrega 12 escolas em três regiões bem distantes da Amazônia - Amazonas, Pará e Rondônia. “Nessas escolas há cerca de 7.000 alunos matriculados e que recebem diariamente, o mesmo conteúdo pedagógico que os alunos do Polo Porto Alegre, ou Polo BH, em Belo Horizonte”, reflete. “A distância entre nós é o que nos unifica, justamente pelo fato da RSE ser capaz de unir os propósitos do projeto educacional”, pondera a gestora.

Liliany está na gestão do Polo Manaus desde novembro de 2009. Ela observa que a implementação do conceito de rede, com a unificação do mesmo material didático, uniformes e mensagem da marca é um trabalho permanente das escolas e, como gestora, lhe cabe o papel catalisador e de viabilizar para que questões locais, a autonomia das escolas e as dificuldades de cada um não sejam elementos desagregadores. “Nesse sentido, temos muito trabalho todos os dias, mas o objeto e o foco sempre valem a pena”, considera ela, parafraseando Dom Bosco.

O trabalho tem pautas mensais e as reuniões discutem eixos como gestão, formação, acompanhamento, avaliação e comunicação. “Esses quesitos são capazes de dar uniformidade às diferentes compreensões de cada uma das escolas. Quando há educadores novatos, temos um programa de adequação à mentalidade de rede. Sistema preventivo, para quem vem de fora, é uma novidade”, explica. “Os projetos da RSE exigem um trabalho que agrega familiares e alunos também. Trabalho árduo e permanente, mas com lastro consistente”.

Para a gestora, dentre uma rotina cheia de desafios, a parte boa e da qual nasce o combustível para movimentar o processo é que as pessoas envolvidas nesse trabalho acreditam que a educação é uma importante forma de transformação. “Com essa crença, conseguimos atuar melhor em rede”, conclui.

 

No Brasil

Os primeiros salesianos chegaram ao Brasil há 131 anos, e logo inauguraram o Colégio Santa Rosa de Niterói, que instalou-se a pedido do bispo do Rio de Janeiro, dom Pedro Maria de Lacerda. As Escolas Profissionais Salesianas de Niterói foram pioneiras no âmbito privado, sendo precedidas apenas por duas instituições semelhantes no tempo do Império.

O foco na educação dos jovens filhos das classes populares, especialmente os ex-escravos e imigrantes, foi fator preponderante na fundação da segunda obra dos salesianos no Brasil, o Liceu Coração de Jesus, em São Paulo, em 1885. Pouco depois, em 1892, as primeiras Filhas de Maria Auxiliadora (FMA) chegaram a Guaratinguetá, SP, para estender às meninas o carisma educacional de Dom Bosco e Madre Mazzarello. E em junho de 1894, a ação missionária entre os povos indígenas, outro ponto importante da proposta salesiana, tinha início em Cuiabá, então no estado do Mato Grosso.

Desde então, a Família Salesiana cresceu e expandiu-se pelo país, tendo a educação como foco fundamental. As mudanças sociais, políticas e econômicas ocorridas nos últimos 20 anos, entretanto, vêm desafiando a educação clássica até em suas formas de gestão. Foi para adequar-se a tais mudanças que surgiu a Rede Salesiana de Escolas (RSE), em 2001, no Brasil. Baseada nas diretrizes da Escola Salesiana América, formava-se a maior rede de escolas católicas do Brasil, sob um mesmo projeto pedagógico-pastoral. Hoje a RSE é formada por mais de 100 colégios, 5.000 educadores e mais de 85 mil alunos em todo o país, com instituições de ensino que atendem desde a educação infantil até o ensino médio.

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