“Se o senhor te chamou, se o Senhor te escolheu, não olhes para traz”

Quarta, 19 Novembro 2025 12:06 Escrito por  Agência Info Salesiana
O angolano Francisco da Graça Miguel da Inspetoria Mama Muxima-Angola, com sede em Luanda, se prepara para atuar como missionário salesiano na Inspetoria São Domingos Sávio, no Brasil, durante a 156ª Expedição Missionária. Em entrevista à Agência Info Salesiana, ele conta sobre a sua vocação missionária, seus anseios e compartilha os nomes dos missionários que o inspiraram até aqui.


ANS: o que o inspirou na decisão de se tornar missionário?

Francisco: o testemunho de vida que muitos salesianos missionários davam na minha paróquia, através dos oratórios festivos, dos acampamentos e outras atividades que eram muito bem organizadas e animadas por eles, juntamente com outros jovens da comunidade. Eram pessoas muito simples e amáveis, simpáticos e de trato fácil e isso me encantava, tanto que eu queria ser como eles. Desde o primeiro momento que decidi entrar no aspirantado, fiz o propósito de oferecer a minha vida como missionário, a exemplo daqueles irmãos missionários que ainda vivem e estão na minha inspetoria.


ANS: sente-se feliz pelo destino que lhe foi atribuído? Tem receios ou preocupações pelo novo lugar, cultura ou pessoas?

Francisco: eu estou mesmo feliz porque sou angolano e, como tal, considero o povo brasileiro como um povo irmão, além de falarmos a mesma língua, tem muitas outras coisas culturais que nos une. É como se eu estivesse indo na casa de um familiar. Como missionário eu estou disponível a ser enviado a qualquer lugar, no entanto, quando recebi a carta de obediência dada por dom Jorge, fiquei mais de três minutos em silêncio, porque não era um país que eu esperava que seria enviado, não fazia parte das minhas prioridades missionárias para este ano, portanto, para ser sincero, estou ansioso e curioso para conhecer a minha segunda pátria, não tanto com medo, mais confiante, primeiramente, em Deus, que me envia, e aos irmãos, que vão me receber e, por isso, agradeço desde já.

 

ANS: como seus familiares, amigos e coirmãos reagiram quando você falou de sua vocação missionária?

Francisco: os familiares, a princípio, reagiram com tristeza, sobretudo, a minha querida mãe. Para ela, já bastava saber que o seu filho é religioso e por esse fato estaria longe de casa. Agora, saber que não só estarei fora da minha província, mas do meu país e de forma definitiva, apesar de ter momentos de visita à família, isso foi demais para ela e para os outros membros da família. No entanto, eles entenderam e aceitaram a minha decisão e me apoiaram da melhor maneira possível.

Quantos aos confrades, eles reagiram com a mais elevada manifestação de apoio e fraternidade, tanto que a minha decisão serve de motivação para outros irmãos que também sentem este chamado missionário fora da pátria. Os amigos e outros companheiros acolheram a notícia com alegria e dão-me força e coragem de seguir em frente confiando sempre naq'Ele que nos chama a sermos testemunhas da sua palavra longe do povo e da nossa terra. A todos quanto foram citados a minha mais elevada gratidão. Obrigado pela força.

 

ANS: quais são seus projetos e sonhos na vida missionária?

Francisco: sinceramente não tenho um plano pessoal para a minha vida em missão. Os meus planos serão os planos da comunidade inspetorial que me vai acolher. Eu me coloco a inteira disposição da missão e se tenho algum plano é justamente este: estar à disposição do Senhor através dos meus superiores, através da minha comunidade e da missão do Senhor. Este é o meu plano.

 

ANS: você tem algum modelo de grande missionário cujo estilo e vida o inspiram?

Francisco: tenho sim! Primeiramente, os nossos dois grandes missionários mártires na China, Luís Versiglia e Caravalho, que doaram as suas vidas até o martírio além de muitos outros irmãos que fizeram e fazem o mesmo até aos nossos dias.

Tenho igualmente o respeito e admiração por alguns missionários da minha Inspetoria de Angola, que desde que chegaram trabalham incansavelmente para o benefício dos jovens mais pobres e das massas populares. Mesmo durante o período dos conflitos armados eles simplesmente decidiram ficar e dar o peito à bala se fosse necessário, tudo em benefício da missão assumida. Alguns foram mesmo mortos e muitos outros estão ainda hoje dando tudo de si naquela inspetoria. Falo aqui do dom Tilson blanco de feliz memória, dom Alvino Beber que foi o primeiro salesiano missionário a chegar em Angola, vindo da Inspetoria de São Paulo, Brasil, falo do dom Victor Sequeira, atual inspetor, dom Martin Lasarte, dom José Uria, dom Milan que também faz parte dos primeiros salesianos a chegar no meu país, dom Aurélio Neto e de muitos outros salesianos que não citei aqui, mas que doam com abnegação as suas vindas pela missão naquelas terras. A todos eles o meu muito obrigado pela vossa entrega e testemunho.

 

ANS: como você vive a experiência do curso missionário e a participação nesta 156ª Expedição Missionária?

Francisco: sinto-me privilegiado por estar frequentando o curso de missionário. Primeiro pelo fato de estarmos celebrado os 150 anos da Primeira Expedição Missionária realizada e presidida pelo próprio Dom Bosco, segundo por estar realizando o curso justamente aqui na Terra Santa Salesiana, aqui onde tudo começou, neste lugar que, ao longo de sete anos de formação, lia nos mais variados manuais formativos e carismático. Eu acho, sem exagero, que qualquer salesiano de Dom Bosco que estive no meu lugar se sentiria privilegiado, porque é de fato um privilégio enorme estar aqui durante três semanas formativas. No entanto, eu estou agradecido a toda equipe do Dicastério para as Missões que teve a ousadia, no bom sentido da palavra, de escolher este lugar tão significativo para mim e para qualquer filho de Dom Bosco a fim de realizar essa formação. Muito obrigado.

 

ANS: qual mensagem você deixa para os jovens sobre a vocação missionária?

Francisco: tem uma bonita canção vocacional que cantamos sempre quando há ordenação ou envio missionário que diz: se o senhor te chamou, se o senhor te escolheu, não olhes para traz. Com essa canção quero dizer a você, amado jovem, não tenha medo de responder o chamado do Senhor, não tenha medo de arriscar uma aventura de amor com Ele, se essa aventura vai ser na sua terra e entre o seu povo ou se vai ser fora da sua pátria entre outros povos, não tenha medo, pois Aquele que começou em si a boa obra, vai levá-la a bom porto. Ele que te chamou a servi-lo, seguramente te vai assegurar, estará contigo sempre. No entanto, se o senhor te chamou, se Ele te escolheu não olhe para trás, vá porque você é um convocado, é um chamado, é um predileto dEle. Não diga não porque Ele te espera na pessoa dos mais pobres, dos mais necessitados, no meio do seu povo.

Por: Agência Info Salesiana

 

"Jesus não promete um caminho fácil, mas um caminho cheio de sentido"

 

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Última modificação em Quarta, 19 Novembro 2025 13:17

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“Se o senhor te chamou, se o Senhor te escolheu, não olhes para traz”

Quarta, 19 Novembro 2025 12:06 Escrito por  Agência Info Salesiana
O angolano Francisco da Graça Miguel da Inspetoria Mama Muxima-Angola, com sede em Luanda, se prepara para atuar como missionário salesiano na Inspetoria São Domingos Sávio, no Brasil, durante a 156ª Expedição Missionária. Em entrevista à Agência Info Salesiana, ele conta sobre a sua vocação missionária, seus anseios e compartilha os nomes dos missionários que o inspiraram até aqui.


ANS: o que o inspirou na decisão de se tornar missionário?

Francisco: o testemunho de vida que muitos salesianos missionários davam na minha paróquia, através dos oratórios festivos, dos acampamentos e outras atividades que eram muito bem organizadas e animadas por eles, juntamente com outros jovens da comunidade. Eram pessoas muito simples e amáveis, simpáticos e de trato fácil e isso me encantava, tanto que eu queria ser como eles. Desde o primeiro momento que decidi entrar no aspirantado, fiz o propósito de oferecer a minha vida como missionário, a exemplo daqueles irmãos missionários que ainda vivem e estão na minha inspetoria.


ANS: sente-se feliz pelo destino que lhe foi atribuído? Tem receios ou preocupações pelo novo lugar, cultura ou pessoas?

Francisco: eu estou mesmo feliz porque sou angolano e, como tal, considero o povo brasileiro como um povo irmão, além de falarmos a mesma língua, tem muitas outras coisas culturais que nos une. É como se eu estivesse indo na casa de um familiar. Como missionário eu estou disponível a ser enviado a qualquer lugar, no entanto, quando recebi a carta de obediência dada por dom Jorge, fiquei mais de três minutos em silêncio, porque não era um país que eu esperava que seria enviado, não fazia parte das minhas prioridades missionárias para este ano, portanto, para ser sincero, estou ansioso e curioso para conhecer a minha segunda pátria, não tanto com medo, mais confiante, primeiramente, em Deus, que me envia, e aos irmãos, que vão me receber e, por isso, agradeço desde já.

 

ANS: como seus familiares, amigos e coirmãos reagiram quando você falou de sua vocação missionária?

Francisco: os familiares, a princípio, reagiram com tristeza, sobretudo, a minha querida mãe. Para ela, já bastava saber que o seu filho é religioso e por esse fato estaria longe de casa. Agora, saber que não só estarei fora da minha província, mas do meu país e de forma definitiva, apesar de ter momentos de visita à família, isso foi demais para ela e para os outros membros da família. No entanto, eles entenderam e aceitaram a minha decisão e me apoiaram da melhor maneira possível.

Quantos aos confrades, eles reagiram com a mais elevada manifestação de apoio e fraternidade, tanto que a minha decisão serve de motivação para outros irmãos que também sentem este chamado missionário fora da pátria. Os amigos e outros companheiros acolheram a notícia com alegria e dão-me força e coragem de seguir em frente confiando sempre naq'Ele que nos chama a sermos testemunhas da sua palavra longe do povo e da nossa terra. A todos quanto foram citados a minha mais elevada gratidão. Obrigado pela força.

 

ANS: quais são seus projetos e sonhos na vida missionária?

Francisco: sinceramente não tenho um plano pessoal para a minha vida em missão. Os meus planos serão os planos da comunidade inspetorial que me vai acolher. Eu me coloco a inteira disposição da missão e se tenho algum plano é justamente este: estar à disposição do Senhor através dos meus superiores, através da minha comunidade e da missão do Senhor. Este é o meu plano.

 

ANS: você tem algum modelo de grande missionário cujo estilo e vida o inspiram?

Francisco: tenho sim! Primeiramente, os nossos dois grandes missionários mártires na China, Luís Versiglia e Caravalho, que doaram as suas vidas até o martírio além de muitos outros irmãos que fizeram e fazem o mesmo até aos nossos dias.

Tenho igualmente o respeito e admiração por alguns missionários da minha Inspetoria de Angola, que desde que chegaram trabalham incansavelmente para o benefício dos jovens mais pobres e das massas populares. Mesmo durante o período dos conflitos armados eles simplesmente decidiram ficar e dar o peito à bala se fosse necessário, tudo em benefício da missão assumida. Alguns foram mesmo mortos e muitos outros estão ainda hoje dando tudo de si naquela inspetoria. Falo aqui do dom Tilson blanco de feliz memória, dom Alvino Beber que foi o primeiro salesiano missionário a chegar em Angola, vindo da Inspetoria de São Paulo, Brasil, falo do dom Victor Sequeira, atual inspetor, dom Martin Lasarte, dom José Uria, dom Milan que também faz parte dos primeiros salesianos a chegar no meu país, dom Aurélio Neto e de muitos outros salesianos que não citei aqui, mas que doam com abnegação as suas vindas pela missão naquelas terras. A todos eles o meu muito obrigado pela vossa entrega e testemunho.

 

ANS: como você vive a experiência do curso missionário e a participação nesta 156ª Expedição Missionária?

Francisco: sinto-me privilegiado por estar frequentando o curso de missionário. Primeiro pelo fato de estarmos celebrado os 150 anos da Primeira Expedição Missionária realizada e presidida pelo próprio Dom Bosco, segundo por estar realizando o curso justamente aqui na Terra Santa Salesiana, aqui onde tudo começou, neste lugar que, ao longo de sete anos de formação, lia nos mais variados manuais formativos e carismático. Eu acho, sem exagero, que qualquer salesiano de Dom Bosco que estive no meu lugar se sentiria privilegiado, porque é de fato um privilégio enorme estar aqui durante três semanas formativas. No entanto, eu estou agradecido a toda equipe do Dicastério para as Missões que teve a ousadia, no bom sentido da palavra, de escolher este lugar tão significativo para mim e para qualquer filho de Dom Bosco a fim de realizar essa formação. Muito obrigado.

 

ANS: qual mensagem você deixa para os jovens sobre a vocação missionária?

Francisco: tem uma bonita canção vocacional que cantamos sempre quando há ordenação ou envio missionário que diz: se o senhor te chamou, se o senhor te escolheu, não olhes para traz. Com essa canção quero dizer a você, amado jovem, não tenha medo de responder o chamado do Senhor, não tenha medo de arriscar uma aventura de amor com Ele, se essa aventura vai ser na sua terra e entre o seu povo ou se vai ser fora da sua pátria entre outros povos, não tenha medo, pois Aquele que começou em si a boa obra, vai levá-la a bom porto. Ele que te chamou a servi-lo, seguramente te vai assegurar, estará contigo sempre. No entanto, se o senhor te chamou, se Ele te escolheu não olhe para trás, vá porque você é um convocado, é um chamado, é um predileto dEle. Não diga não porque Ele te espera na pessoa dos mais pobres, dos mais necessitados, no meio do seu povo.

Por: Agência Info Salesiana

 

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