Fermento para a vida jovem

Domingo, 20 Agosto 2023 16:42 Escrito por  Pe. Luis Timossi, SDB
Fermento para a vida jovem iStock.com
Neste comentário à Estreia do Reitor-Mor, o padre Luis Timossi trata sobre a vocação dos Salesianos Cooperadores, ramo do amplo movimento em favor da juventude criado pelo próprio Dom Bosco.    

Com a Estreia deste ano - “Como fermento na família humana de hoje: A dimensão laical da Família Salesiana de Dom Bosco” -, o Reitor-Mor nos oferece a oportunidade de conhecer melhor o coração de Dom Bosco. Atinge o alvo de uma intuição que gerou o carisma salesiano, traço profundo e profético que caracterizou sua contribuição à humanidade e particularmente à Igreja.

 

O fermento que a mulher, na comparação de Jesus, põe na massa, embora mantenha uma desproporção por ser pouco em relação ao grande e ao muito (três medidas de farinha), aloja em seu interior um princípio secreto transformador, porque é composto por uma série de microrganismos vivos que, integrados na massa inerte, produzem o maravilhoso efeito da fermentação (tudo fica fermentado).

 

“Eu sempre precisei de todos”

Esta é talvez a frase de Dom Bosco que resume a sua própria vida e a sua ação apostólica, e nasce de um princípio evangélico que o anima desde o mais profundo de si e da escuta atenta do Espírito Santo: a necessidade de unir as forças, a unidade. “Pai, que todos sejam um, para que o mundo creia”.

 

Dom Bosco não era um cantor solista e nunca trabalhou sozinho. A sua experiência e a sua vocação levaram-no a somar, integrar, deixar-se ajudar e impulsionar todas as forças possíveis para fazer o bem. Essa união de pessoas que fazem o bem, segundo ele, é como uma corda feita de muitos fios ligados entre si, que a tornam mais forte. A unidade contém então, como o fermento, o poder transformador da massa.

 

União para a salvação dos jovens

Para resgatar a juventude, “a parcela mais valiosa e delicada da sociedade”, Dom Bosco procurou criar um movimento formado por pessoas de vários estados e condições, para uni-las entre si, num compromisso de vida e trabalho por aquela causa. Se olharmos para as origens da Congregação Salesiana, ele começou sua obra nos Oratórios convocando leigos e sacerdotes, colaboradores, homens e mulheres aos quais designava alguma tarefa com os jovens mais pobres.

 

Inicialmente, fundou uma “congregação” mais no sentido de “grupo” ou “associação”, do que um instituto de consagrados, formado por leigos e sacerdotes colaboradores. Depois das dificuldades de 1852, começou a organizar o que chamou de uma “segunda família” de consagrados, justamente mais unidos e perseverantes na missão pela força dos votos e da consagração. Ambos os organismos permaneceram unidos em uma espécie de “congregação mista”, até que o ramo leigo encontrou sua expressão de continuidade na fundação dos Salesianos Cooperadores, em 1876.

 

Uma novidade completa: “Salesianos externos”

Nas Constituições da Pia Sociedade de São Francisco de Sales (SDB), por ele redigidas no ano de 1860 e até a versão de 1873, incluiu um capítulo sobre os “Salesianos externos”, que a Santa Sé o obrigou a suprimir. O primeiro artigo deste capítulo, que guardou até ter que obedecer, dizia: “1. Qualquer pessoa, mesmo aquela que vive no mundo, na sua própria casa, no seio da sua família, pode pertencer a esta sociedade”.

 

Assim, ele expressa claramente seu desejo de integrar, hoje diríamos em um grande movimento, as forças dos convocados a ser fermento na salvação da juventude pobre e necessitada.

 

Em todos os momentos, Dom Bosco procura expressamente “a unidade de disciplina, espírito e organização” desta energia de pessoas convocadas ao bem, sendo ele próprio a referência para todos e encontrando sempre a confirmação da Igreja na bênção do Papa que garante a unidade.

 

A laicidade de Maria

Para compreender este aspecto essencial do próprio carisma e itinerário formativo de Dom Bosco, é fundamental a ação formativa de Maria, “a Mestra”, que colabora com o Espírito Santo na construção do seu coração. Ela, sem dúvida, contribui de forma única com os traços de ser mulher, mãe e leiga. Esta “laicidade mariana” tece a trama do estilo inovador da obra de Dom Bosco, transformando-se numa dimensão identitária do mesmo carisma.

 

A inclusão e a ação dos leigos na missão de salvação dos jovens não são fundamentalmente para Dom Bosco uma estratégia organizacional ou de conveniência. Podemos dizer que “sempre” a sua obra teve esta característica “em todos os seus membros”, integrada numa família multifacetada, que funciona como fermento na humanidade.

 

Assim, a Família Salesiana, intimamente unida, é o fermento na massa que consegue fazer um verdadeiro pão de vida nova para os jovens.

 

Padre Luis Timossi, SDB, é do Centro Salesiano de Formação Permanente (CSFPA) de Quito, Equador.

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Última modificação em Segunda, 01 Janeiro 2024 16:47

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Fermento para a vida jovem

Domingo, 20 Agosto 2023 16:42 Escrito por  Pe. Luis Timossi, SDB
Fermento para a vida jovem iStock.com
Neste comentário à Estreia do Reitor-Mor, o padre Luis Timossi trata sobre a vocação dos Salesianos Cooperadores, ramo do amplo movimento em favor da juventude criado pelo próprio Dom Bosco.    

Com a Estreia deste ano - “Como fermento na família humana de hoje: A dimensão laical da Família Salesiana de Dom Bosco” -, o Reitor-Mor nos oferece a oportunidade de conhecer melhor o coração de Dom Bosco. Atinge o alvo de uma intuição que gerou o carisma salesiano, traço profundo e profético que caracterizou sua contribuição à humanidade e particularmente à Igreja.

 

O fermento que a mulher, na comparação de Jesus, põe na massa, embora mantenha uma desproporção por ser pouco em relação ao grande e ao muito (três medidas de farinha), aloja em seu interior um princípio secreto transformador, porque é composto por uma série de microrganismos vivos que, integrados na massa inerte, produzem o maravilhoso efeito da fermentação (tudo fica fermentado).

 

“Eu sempre precisei de todos”

Esta é talvez a frase de Dom Bosco que resume a sua própria vida e a sua ação apostólica, e nasce de um princípio evangélico que o anima desde o mais profundo de si e da escuta atenta do Espírito Santo: a necessidade de unir as forças, a unidade. “Pai, que todos sejam um, para que o mundo creia”.

 

Dom Bosco não era um cantor solista e nunca trabalhou sozinho. A sua experiência e a sua vocação levaram-no a somar, integrar, deixar-se ajudar e impulsionar todas as forças possíveis para fazer o bem. Essa união de pessoas que fazem o bem, segundo ele, é como uma corda feita de muitos fios ligados entre si, que a tornam mais forte. A unidade contém então, como o fermento, o poder transformador da massa.

 

União para a salvação dos jovens

Para resgatar a juventude, “a parcela mais valiosa e delicada da sociedade”, Dom Bosco procurou criar um movimento formado por pessoas de vários estados e condições, para uni-las entre si, num compromisso de vida e trabalho por aquela causa. Se olharmos para as origens da Congregação Salesiana, ele começou sua obra nos Oratórios convocando leigos e sacerdotes, colaboradores, homens e mulheres aos quais designava alguma tarefa com os jovens mais pobres.

 

Inicialmente, fundou uma “congregação” mais no sentido de “grupo” ou “associação”, do que um instituto de consagrados, formado por leigos e sacerdotes colaboradores. Depois das dificuldades de 1852, começou a organizar o que chamou de uma “segunda família” de consagrados, justamente mais unidos e perseverantes na missão pela força dos votos e da consagração. Ambos os organismos permaneceram unidos em uma espécie de “congregação mista”, até que o ramo leigo encontrou sua expressão de continuidade na fundação dos Salesianos Cooperadores, em 1876.

 

Uma novidade completa: “Salesianos externos”

Nas Constituições da Pia Sociedade de São Francisco de Sales (SDB), por ele redigidas no ano de 1860 e até a versão de 1873, incluiu um capítulo sobre os “Salesianos externos”, que a Santa Sé o obrigou a suprimir. O primeiro artigo deste capítulo, que guardou até ter que obedecer, dizia: “1. Qualquer pessoa, mesmo aquela que vive no mundo, na sua própria casa, no seio da sua família, pode pertencer a esta sociedade”.

 

Assim, ele expressa claramente seu desejo de integrar, hoje diríamos em um grande movimento, as forças dos convocados a ser fermento na salvação da juventude pobre e necessitada.

 

Em todos os momentos, Dom Bosco procura expressamente “a unidade de disciplina, espírito e organização” desta energia de pessoas convocadas ao bem, sendo ele próprio a referência para todos e encontrando sempre a confirmação da Igreja na bênção do Papa que garante a unidade.

 

A laicidade de Maria

Para compreender este aspecto essencial do próprio carisma e itinerário formativo de Dom Bosco, é fundamental a ação formativa de Maria, “a Mestra”, que colabora com o Espírito Santo na construção do seu coração. Ela, sem dúvida, contribui de forma única com os traços de ser mulher, mãe e leiga. Esta “laicidade mariana” tece a trama do estilo inovador da obra de Dom Bosco, transformando-se numa dimensão identitária do mesmo carisma.

 

A inclusão e a ação dos leigos na missão de salvação dos jovens não são fundamentalmente para Dom Bosco uma estratégia organizacional ou de conveniência. Podemos dizer que “sempre” a sua obra teve esta característica “em todos os seus membros”, integrada numa família multifacetada, que funciona como fermento na humanidade.

 

Assim, a Família Salesiana, intimamente unida, é o fermento na massa que consegue fazer um verdadeiro pão de vida nova para os jovens.

 

Padre Luis Timossi, SDB, é do Centro Salesiano de Formação Permanente (CSFPA) de Quito, Equador.

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