Ainda fatos da Providência Divina na vida de Dom Bosco

Quinta, 25 Janeiro 2024 20:03 Escrito por  Pe. Osmar A. Bezutte, SDB
Conforme as Memórias Biográficas de São João Bosco Vol. XVII, cap. III.    

Um certo jornalista queria satisfazer sua curiosidade com Dom Bosco: “Eu sempre me pergunto por qual milagre o Senhor pôde fundar tantas casas em lugares tão diversos?”

 

O Santo respondeu: “Sim, eu pude fazer mais do que esperava; como isso aconteceu, eu também não sei. Muitas igrejas são dedicadas à Santa Virgem Maria e ela conhece as necessidades dos nossos tempos, faz saber aos seus devotos o dever de concorrer com suas doações para criar e manter uma obra, hoje, mais necessária do que nunca, ou seja, a educação da juventude. Por exemplo, essa igreja que estamos construindo aqui em Roma, os meus irmãos escreveram para Turim pedindo vinte mil liras, que aqui eram extremamente necessárias no prazo de oito dias. Naquele momento eu estava sem dinheiro. Veio-me, porém, uma ideia: pus a carta junto ao recipiente da água benta, elevei uma fervorosa oração a Nossa Senhora e fui dormir, entregando todo o problema em suas mãos. Na manhã seguinte recebo uma carta de um desconhecido que resumidamente dizia: ‘Fiz uma promessa a Nossa Senhora que, se me concedesse certa graça, eu doaria vinte mil liras para uma obra de caridade; tendo agora recebido a graça, ponho à sua disposição esta soma para alguma obra’.

 

Outra vez, encontrando-me na França e sendo hóspede na casa de um amigo, recebi pelo fim do dia a notícia de que uma casa da Congregação corria um grande perigo por não poder dispor imediatamente de setenta mil francos. Preocupado e não vendo imediatamente um remédio para a situação, recorri novamente à oração. Pelas dez horas da noite, eu estava para me deitar, quando ouço bater à porta do meu quarto. Abro, entra meu amigo com um grosso envelope nas mãos e me diz: ‘Caro Dom Bosco, no meu testamento eu tinha disposto uma soma para suas obras; mas hoje me veio em mente que para fazer o bem é melhor não esperar a morte; por isso, resolvi trazer imediatamente a dita soma; aqui está: são setenta mil francos’.”

 

“Esses são verdadeiros milagres”, interrompeu o jornalista. “Mas, se não for indiscrição, permita perguntar-lhe se o senhor já fez também outros milagres”.

 

“Como posso responder a uma pergunta dessas? Eu nunca pensei em outras coisas, a não ser fazer o meu dever, rezando e confiando em Nossa Senhora [...]”.

 

Outro caso ocorreu em Roma. Um credor veio ter com o padre Dalmazzo para que lhe pagasse uma dívida de quinhentas liras, cuja fatura vencia naquele mesmo dia. O padre Dalmazzo não se cansava de repetir que não havia um centavo disponível; o outro insistia e levantava a voz, dizendo-lhe que fizesse um empréstimo, que não iria embora sem ter nas mãos a quantia que lhe devia. O padre Dalmazzo pedia-lhe para não gritar tanto, mas de nada adiantava. Então, embora soubesse que Dom Bosco não tinha dinheiro, pois pela manhã entregara tudo o que havia, entrou no seu quarto para pedir conselho. Naquele momento estava com o Santo a família Migone, dos lados de Bordighera. O padre Dalmazzo entrou no momento em que a senhora entregava a Dom Bosco um cheque de quinhentas liras. Dom Bosco, ouvindo o padre Dalmazzo, não fez outra coisa senão passar às mãos dele, sorrindo, aquela soma. A boa senhora ficou comovida ao sentir-se, de forma tão evidente, instrumento da Providência.

 

Interessante também é este outro episódio. Madame de Fontenay, com uma prima e a filha desta, eram dentre as mais assíduas a visitar Dom Bosco: por três semanas iam vê-lo todos os dias. Uma vez, a prima perdeu a carteira que continha boa quantidade de dinheiro. Comentando o fato com Dom Bosco, lembrou-se de lhe dizer que ele poderia fazer com que encontrasse a carteira e que, nesse caso, daria todo o dinheiro contido nela para os seus jovens; o Santo limitou-se a sorrir e não respondeu.

 

Saindo de lá, as senhoras queriam tomar novamente a carruagem de antes e ir à Basílica de São Pedro; mas o condutor recusava levá-las tão longe, pois o cavalo estava cansado. Enquanto discutiam, de repente chegou outra carruagem, e o condutor gritava: “Deixem estar esse resmungão; eu as levarei aonde quiserem”. Quem poderia imaginar? Apenas se acomodaram na carruagem, a dita prima da senhora sentiu algo estranho sob os pés: pois bem, levantando o tapete, lá estava sua carteira: em 24 horas ninguém tinha percebido. Foi de fato um caso curioso; mas a nonagenária senhora, em abril de 1926, escreveu: Nous savons ce qu'étaient les hasards de votre Père (Nós sabemos em que consistiam os “acasos” do vosso Pai).

 

Padre Osmar A. Bezutte, SDB, é revisor da nova tradução das Memórias Biográficas de São João Bosco (Editora Edebê).

 

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Ainda fatos da Providência Divina na vida de Dom Bosco

Quinta, 25 Janeiro 2024 20:03 Escrito por  Pe. Osmar A. Bezutte, SDB
Conforme as Memórias Biográficas de São João Bosco Vol. XVII, cap. III.    

Um certo jornalista queria satisfazer sua curiosidade com Dom Bosco: “Eu sempre me pergunto por qual milagre o Senhor pôde fundar tantas casas em lugares tão diversos?”

 

O Santo respondeu: “Sim, eu pude fazer mais do que esperava; como isso aconteceu, eu também não sei. Muitas igrejas são dedicadas à Santa Virgem Maria e ela conhece as necessidades dos nossos tempos, faz saber aos seus devotos o dever de concorrer com suas doações para criar e manter uma obra, hoje, mais necessária do que nunca, ou seja, a educação da juventude. Por exemplo, essa igreja que estamos construindo aqui em Roma, os meus irmãos escreveram para Turim pedindo vinte mil liras, que aqui eram extremamente necessárias no prazo de oito dias. Naquele momento eu estava sem dinheiro. Veio-me, porém, uma ideia: pus a carta junto ao recipiente da água benta, elevei uma fervorosa oração a Nossa Senhora e fui dormir, entregando todo o problema em suas mãos. Na manhã seguinte recebo uma carta de um desconhecido que resumidamente dizia: ‘Fiz uma promessa a Nossa Senhora que, se me concedesse certa graça, eu doaria vinte mil liras para uma obra de caridade; tendo agora recebido a graça, ponho à sua disposição esta soma para alguma obra’.

 

Outra vez, encontrando-me na França e sendo hóspede na casa de um amigo, recebi pelo fim do dia a notícia de que uma casa da Congregação corria um grande perigo por não poder dispor imediatamente de setenta mil francos. Preocupado e não vendo imediatamente um remédio para a situação, recorri novamente à oração. Pelas dez horas da noite, eu estava para me deitar, quando ouço bater à porta do meu quarto. Abro, entra meu amigo com um grosso envelope nas mãos e me diz: ‘Caro Dom Bosco, no meu testamento eu tinha disposto uma soma para suas obras; mas hoje me veio em mente que para fazer o bem é melhor não esperar a morte; por isso, resolvi trazer imediatamente a dita soma; aqui está: são setenta mil francos’.”

 

“Esses são verdadeiros milagres”, interrompeu o jornalista. “Mas, se não for indiscrição, permita perguntar-lhe se o senhor já fez também outros milagres”.

 

“Como posso responder a uma pergunta dessas? Eu nunca pensei em outras coisas, a não ser fazer o meu dever, rezando e confiando em Nossa Senhora [...]”.

 

Outro caso ocorreu em Roma. Um credor veio ter com o padre Dalmazzo para que lhe pagasse uma dívida de quinhentas liras, cuja fatura vencia naquele mesmo dia. O padre Dalmazzo não se cansava de repetir que não havia um centavo disponível; o outro insistia e levantava a voz, dizendo-lhe que fizesse um empréstimo, que não iria embora sem ter nas mãos a quantia que lhe devia. O padre Dalmazzo pedia-lhe para não gritar tanto, mas de nada adiantava. Então, embora soubesse que Dom Bosco não tinha dinheiro, pois pela manhã entregara tudo o que havia, entrou no seu quarto para pedir conselho. Naquele momento estava com o Santo a família Migone, dos lados de Bordighera. O padre Dalmazzo entrou no momento em que a senhora entregava a Dom Bosco um cheque de quinhentas liras. Dom Bosco, ouvindo o padre Dalmazzo, não fez outra coisa senão passar às mãos dele, sorrindo, aquela soma. A boa senhora ficou comovida ao sentir-se, de forma tão evidente, instrumento da Providência.

 

Interessante também é este outro episódio. Madame de Fontenay, com uma prima e a filha desta, eram dentre as mais assíduas a visitar Dom Bosco: por três semanas iam vê-lo todos os dias. Uma vez, a prima perdeu a carteira que continha boa quantidade de dinheiro. Comentando o fato com Dom Bosco, lembrou-se de lhe dizer que ele poderia fazer com que encontrasse a carteira e que, nesse caso, daria todo o dinheiro contido nela para os seus jovens; o Santo limitou-se a sorrir e não respondeu.

 

Saindo de lá, as senhoras queriam tomar novamente a carruagem de antes e ir à Basílica de São Pedro; mas o condutor recusava levá-las tão longe, pois o cavalo estava cansado. Enquanto discutiam, de repente chegou outra carruagem, e o condutor gritava: “Deixem estar esse resmungão; eu as levarei aonde quiserem”. Quem poderia imaginar? Apenas se acomodaram na carruagem, a dita prima da senhora sentiu algo estranho sob os pés: pois bem, levantando o tapete, lá estava sua carteira: em 24 horas ninguém tinha percebido. Foi de fato um caso curioso; mas a nonagenária senhora, em abril de 1926, escreveu: Nous savons ce qu'étaient les hasards de votre Père (Nós sabemos em que consistiam os “acasos” do vosso Pai).

 

Padre Osmar A. Bezutte, SDB, é revisor da nova tradução das Memórias Biográficas de São João Bosco (Editora Edebê).

 

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