Às 6 horas, os sinos anunciaram o início da programação. Meia hora depois, o casal Lidiane e Everaldo ofereceu o café da manhã coletivo na Ladeira 21 de Setembro. Moradores se reuniram para partilhar a refeição antes da procissão.
Às 7h30, os devotos seguiram em caminhada com o andor até a Igreja São Pedro. A missa solene teve início às 8 horas e lotou o espaço com fiéis que agradeceram as bênçãos e renovaram compromissos.
Festa celebra 50 anos da Igreja e histórias de fé
A comunidade comemorou também os 50 anos da fundação da Igreja São Pedro. A data reuniu antigos e novos moradores, todos com laços de devoção ao santo ligado à pesca e à tradição cristã.
A moradora Lídia Pedrosa dos Santos Veiga, de 53 anos, lembrou que desde os cinco anos participa da festa. Ela contou que a mãe, Faustina, e outras devotas iniciaram o costume de caminhar com a bandeira do santo pelas ruas do bairro. “Fui apresentada a São Pedro, pela minha mãe, Faustina. Inclusive fui batizada aqui nessa igreja, minha primeira comunhão também foi aqui”, conta Lídia.
Mesmo com o passar do tempo, Lídia não se afastou da tradição. “Esse momento é de muita fé, devoção, alegria...E naquela hora do choro que vem, as lembranças vividas, a emoção que bate dentro da gente é muito grande. Quando estamos aqui, olhando principalmente para a imagem de São Pedro, vejo aquela força que ele nos transmite novamente. Quando você tá com um peso nas costas, ele vem e tira”, concluiu a devota.
Quermesse e gastronomia atraem visitantes
Às 10h, a quermesse iniciou com música ao vivo e a venda das tradicionais postas fritas de pacu. O prato, servido com arroz, mandioca e vinagrete, custou 30 reais e atraiu moradores e turistas.
A comunidade preparou 500 quilos de peixe para a festa. Além do pescado, outras comidas e bebidas típicas estiveram à disposição ao longo do dia. A convivência entre famílias ocupou o espaço da igreja e as ruas próximas.
Procissão fluvial reafirma a fé no protetor dos pescadores
Às 14 horas, os fiéis caminharam da Igreja até o Porto Geral. Embarcaram para a tradicional procissão fluvial, um dos momentos mais esperados da celebração. A fé navegou com os devotos pelo Rio Paraguai.
O padre João dos Santos Barbosa Neto conduziu a celebração no rio e lembrou o significado da procissão. “Neste domingo, tive a graça de conduzir a procissão terrestre e fluvial na festa da comunidade São Pedro. Às 14h os devotos caminham da igreja até o Porto Geral, para a procissão fluvial. Os fiéis embarcam para uma breve celebração no rio Paraguai, às 15h, com o retorno dos devotos para celebração de missa, às 17h”, relatou ao Diário Corumbaense.
O retorno da barca fechou o ciclo da fé com a celebração da segunda missa às 17h30. Os devotos encerraram o dia diante do altar e da imagem do santo.
Pedro inspira a resistência da comunidade ribeirinha
A figura de Pedro, descrita nos Evangelhos como pescador e líder dos apóstolos, se mantém como símbolo de força para a comunidade. A Igreja Católica reconhece sua missão como a pedra sobre a qual Cristo fundou sua Igreja.
Entre rezas e canções, a festa refaz a memória e sustenta a identidade do povo ribeirinho. Em cada procissão e partilha, a fé navega firme, como Pedro, que acreditou e lançou as redes em águas mais profundas.
Por: Euclides Fernandes
Missão Salesiana de Mato Grosso