Missão Salesiana adere a projeto de acolhimento de indígenas Venezuelanos

Sexta, 28 Novembro 2025 13:23 Escrito por  Euclides Fernandes
A Missão Salesiana de Mato Grosso, a Igreja e o CIMI trabalham em conjunto para promover melhorias aos indígenas Venezuelanos.


A Missão Salesiana de Mato Grosso, através do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), passou a atuar junto à comunidade indígena Warao em Cuiabá. O diácono José Alves de Oliveira é quem representa a MSMT nessa atividade. Desde 2020, grupos da etnia Warao, oriunda da Venezuela, chegam à capital mato-grossense. Eles enfrentam longas rotas, de fuga da fome, da crise econômica e do colapso dos serviços básicos, em seu país de origem, para chegar ao Brasil.

 

Ações de acolhimento 

Em Cuiabá, o primeiro acolhimento foi dado pelo padre jesuíta Aloir Pacini. Antropólogo e docente da Universidade Federal de Mato Grosso, ele aproximou-se das famílias Warao para compreender as suas necessidades e mediar sua inserção nos serviços públicos.

A atuação do sacerdote, a partir de então, passou a denunciar as vulnerabilidades enfrentadas pelos migrantes indígenas urbanos. Em 2022, ele tornou públicas as mortes de crianças Warao que viviam em quitinetes superlotadas e sem ventilação adequada.

As denúncias ganharam espaço na Câmara Municipal de Cuiabá em abril de 2023, quando o padre Aloir apontou falhas no fornecimento de moradia e assistência básica e requisitou ações articuladas entre município, estado, união.

 

Integração ao trabalho e vida comunitária 

Na semana de 17 a 21 de novembro, o diácono salesiano José Alves de Oliveira passou a integrar o trabalho de apoio aos indígenas venezuelanos. Cerca de 75 pessoas da etnia Warao vivem numa chácara localizada no bairro Nova Esperança, conseguida em doação pelo padre Aloir Pacini para acolher as famílias. Os indígenas mantêm viva sua cultura, praticam a língua original e preservam a fé católica no local.

No último sábado, 22 de novembro, o padre Aloir Pacini celebrou a santa missa com a comunidade. Ele conduziu a celebração nas línguas portuguesa, espanhola e Warao, e a comunidade respondeu com cantos e orações.

Além do sacerdote, também estiveram presentes a coordenadora do CIMI em Mato Grosso, Natália Filardo, o diácono salesiano José Alves de Oliveira e a voluntária da Pastoral da Criança, Eurípia Silva.

Após a celebração, os voluntários realizaram um acompanhamento das crianças, avaliando peso, altura, sinais de desnutrição. A equipe verificou possíveis casos de diarreia e vômito, e iniciou encaminhamentos para cuidados médicos. Ao final, a comunidade recebeu alimentos como inhame, cará, melancia, laranja -  para uma refeição leve e saudável.

Problemas de saneamento 

 

A visita também levou os representantes da Missão Salesiana e CIMI a identificar que a comunidade enfrenta graves problemas de saneamento. Os moradores não sabem como dar um destino ao lixo produzido. Todo o lixo acumulado acaba sendo queimado num local específico. A queima polui o meio ambiente e atrai insetos e moscas. O fogo contamina o solo e o cheiro incomoda a vizinhança.

A constatação é de que essa situação exige políticas públicas para solucionar o problema. Por isso, o salesiano José Alves esteve na Prefeitura de Santo Antônio do Leverger na segunda-feira, 24 de novembro. O Secretário de Saúde, Celso Anselmo Bicudo, articulará com o secretário de obras a ida de um caminhão caçamba ao local: a máquina deve retirar o entulho acumulado na comunidade: “a prefeitura se comprometeu a pensar políticas públicas para a coleta futura do lixo produzido”, revelou José Alves.

 

Desafios contínuos

A gestão municipal já realizou visitas técnicas à chácara e ao abrigo urbano neste ano. Os relatórios identificaram 69 famílias vivendo em Cuiabá. Os pedidos são relativos à saúde, alimentação, documentação, instrução/educação.

A precariedade sanitária resultou em surto de catapora entre crianças acolhidas. A vigilância epidemiológica também mobilizou ações emergenciais de atendimento clínico.

 

Pesquisa sobre os Warao 

Aloir Pacini produziu o estudo Os Warao em Cuiabá/MT: uma rede de janokos nas cidades do Brasil. O trabalho interpreta a presença Warao como fenômeno migratório complexo. A pesquisa defende abordagens interculturais sensíveis e contínuas.

A trajetória dos Warao em Cuiabá combina avanços institucionais com desafios persistentes. A atuação conjunta entre sociedade civil e Estado permanece essencial para garantir direitos a esses povos de origem venezuelana.

 

Sistema de energia solar 

 

O diácono José Alves visitou a chácara dos Warao na manhã da última quarta-feira, 26 de novembro. O CIMI conseguiu viabilizar um projeto que visa atender a comunidade com um kit solar. O sistema funciona para manutenção de uma bomba d’água movida com energia solar. A energia que a comunidade paga tem valor muito alto. A bomba solar diminui o gasto com energia e ajuda a economizar recursos no final do mês.

 

Cultura e criação de peixes

O kit solar atende uma realidade que a comunidade tem em mente. Os Warao querem criar peixes. O povo Warao tem o peixe fortemente na sua cultura e a criação de peixes precisa de água. O salesiano instalou o kit solar para a bomba no poço já existente. O poço atende o abastecimento de água da comunidade. O sistema também vai encher o tanque que pretende criar peixes.

 

Visita técnica avalia estrutura

José Alves de Oliveira também levou técnicos da Empaer para resolver a questão do tanque. Os técnicos fizeram uma vistoria no local. Eles viram que é preciso uma limpeza no tanque. No tanque existente caberiam 500 alevinos. A comunidade pode pensar num tanque maior. A estrutura maior teria uma quantidade maior de peixes. O acompanhamento seria melhor fora do tempo das chuvas. O tanque atual vaza a água que se perde por infiltração e evaporação. O sistema atenderia talvez até o meio do ano no máximo.

 

Planos para 2026

A comunidade acredita que para 2026 vai conseguir parcerias e projetos. O projeto precisaria de uma retroescavadeira com que fazer um tanque. A comunidade cobriria o tanque com lona. A expectativa é ter mais peixes para a comunidade Warao.

O técnico que acompanhou a vistoria é Antônio Claudino da Silva Filho, conhecido como Toninho. Ele atua na Empaer na área de criação de peixes. A comunidade Warao tem grande esperança nesse projeto que vai contar com a ajuda do Instituto Federal para a aquisição dos alevinos. O Instituto Federal fica no município de Nossa Senhora do Livramento.

 

Desafio e solidariedade

O acompanhamento da realidade dos Warao é um desafio. Esses indígenas deixaram a Venezuela. Eles vieram em busca de uma vida melhor no Brasil. O grupo está no Mato Grosso, em Cuiabá, na região de Santo Antônio de Leverger. A Igreja, a Missão Salesiana, o CIMI e pessoas de boa-vontade veem essa realidade. As instituições se aproximam da comunidade. Elas procuram parcerias e melhorias junto com o povo e para o povo.

 

Por: Euclides Brites
Missão Salesiana de Mato Grosso

 

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Última modificação em Sexta, 28 Novembro 2025 13:35

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Missão Salesiana adere a projeto de acolhimento de indígenas Venezuelanos

Sexta, 28 Novembro 2025 13:23 Escrito por  Euclides Fernandes
A Missão Salesiana de Mato Grosso, a Igreja e o CIMI trabalham em conjunto para promover melhorias aos indígenas Venezuelanos.


A Missão Salesiana de Mato Grosso, através do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), passou a atuar junto à comunidade indígena Warao em Cuiabá. O diácono José Alves de Oliveira é quem representa a MSMT nessa atividade. Desde 2020, grupos da etnia Warao, oriunda da Venezuela, chegam à capital mato-grossense. Eles enfrentam longas rotas, de fuga da fome, da crise econômica e do colapso dos serviços básicos, em seu país de origem, para chegar ao Brasil.

 

Ações de acolhimento 

Em Cuiabá, o primeiro acolhimento foi dado pelo padre jesuíta Aloir Pacini. Antropólogo e docente da Universidade Federal de Mato Grosso, ele aproximou-se das famílias Warao para compreender as suas necessidades e mediar sua inserção nos serviços públicos.

A atuação do sacerdote, a partir de então, passou a denunciar as vulnerabilidades enfrentadas pelos migrantes indígenas urbanos. Em 2022, ele tornou públicas as mortes de crianças Warao que viviam em quitinetes superlotadas e sem ventilação adequada.

As denúncias ganharam espaço na Câmara Municipal de Cuiabá em abril de 2023, quando o padre Aloir apontou falhas no fornecimento de moradia e assistência básica e requisitou ações articuladas entre município, estado, união.

 

Integração ao trabalho e vida comunitária 

Na semana de 17 a 21 de novembro, o diácono salesiano José Alves de Oliveira passou a integrar o trabalho de apoio aos indígenas venezuelanos. Cerca de 75 pessoas da etnia Warao vivem numa chácara localizada no bairro Nova Esperança, conseguida em doação pelo padre Aloir Pacini para acolher as famílias. Os indígenas mantêm viva sua cultura, praticam a língua original e preservam a fé católica no local.

No último sábado, 22 de novembro, o padre Aloir Pacini celebrou a santa missa com a comunidade. Ele conduziu a celebração nas línguas portuguesa, espanhola e Warao, e a comunidade respondeu com cantos e orações.

Além do sacerdote, também estiveram presentes a coordenadora do CIMI em Mato Grosso, Natália Filardo, o diácono salesiano José Alves de Oliveira e a voluntária da Pastoral da Criança, Eurípia Silva.

Após a celebração, os voluntários realizaram um acompanhamento das crianças, avaliando peso, altura, sinais de desnutrição. A equipe verificou possíveis casos de diarreia e vômito, e iniciou encaminhamentos para cuidados médicos. Ao final, a comunidade recebeu alimentos como inhame, cará, melancia, laranja -  para uma refeição leve e saudável.

Problemas de saneamento 

 

A visita também levou os representantes da Missão Salesiana e CIMI a identificar que a comunidade enfrenta graves problemas de saneamento. Os moradores não sabem como dar um destino ao lixo produzido. Todo o lixo acumulado acaba sendo queimado num local específico. A queima polui o meio ambiente e atrai insetos e moscas. O fogo contamina o solo e o cheiro incomoda a vizinhança.

A constatação é de que essa situação exige políticas públicas para solucionar o problema. Por isso, o salesiano José Alves esteve na Prefeitura de Santo Antônio do Leverger na segunda-feira, 24 de novembro. O Secretário de Saúde, Celso Anselmo Bicudo, articulará com o secretário de obras a ida de um caminhão caçamba ao local: a máquina deve retirar o entulho acumulado na comunidade: “a prefeitura se comprometeu a pensar políticas públicas para a coleta futura do lixo produzido”, revelou José Alves.

 

Desafios contínuos

A gestão municipal já realizou visitas técnicas à chácara e ao abrigo urbano neste ano. Os relatórios identificaram 69 famílias vivendo em Cuiabá. Os pedidos são relativos à saúde, alimentação, documentação, instrução/educação.

A precariedade sanitária resultou em surto de catapora entre crianças acolhidas. A vigilância epidemiológica também mobilizou ações emergenciais de atendimento clínico.

 

Pesquisa sobre os Warao 

Aloir Pacini produziu o estudo Os Warao em Cuiabá/MT: uma rede de janokos nas cidades do Brasil. O trabalho interpreta a presença Warao como fenômeno migratório complexo. A pesquisa defende abordagens interculturais sensíveis e contínuas.

A trajetória dos Warao em Cuiabá combina avanços institucionais com desafios persistentes. A atuação conjunta entre sociedade civil e Estado permanece essencial para garantir direitos a esses povos de origem venezuelana.

 

Sistema de energia solar 

 

O diácono José Alves visitou a chácara dos Warao na manhã da última quarta-feira, 26 de novembro. O CIMI conseguiu viabilizar um projeto que visa atender a comunidade com um kit solar. O sistema funciona para manutenção de uma bomba d’água movida com energia solar. A energia que a comunidade paga tem valor muito alto. A bomba solar diminui o gasto com energia e ajuda a economizar recursos no final do mês.

 

Cultura e criação de peixes

O kit solar atende uma realidade que a comunidade tem em mente. Os Warao querem criar peixes. O povo Warao tem o peixe fortemente na sua cultura e a criação de peixes precisa de água. O salesiano instalou o kit solar para a bomba no poço já existente. O poço atende o abastecimento de água da comunidade. O sistema também vai encher o tanque que pretende criar peixes.

 

Visita técnica avalia estrutura

José Alves de Oliveira também levou técnicos da Empaer para resolver a questão do tanque. Os técnicos fizeram uma vistoria no local. Eles viram que é preciso uma limpeza no tanque. No tanque existente caberiam 500 alevinos. A comunidade pode pensar num tanque maior. A estrutura maior teria uma quantidade maior de peixes. O acompanhamento seria melhor fora do tempo das chuvas. O tanque atual vaza a água que se perde por infiltração e evaporação. O sistema atenderia talvez até o meio do ano no máximo.

 

Planos para 2026

A comunidade acredita que para 2026 vai conseguir parcerias e projetos. O projeto precisaria de uma retroescavadeira com que fazer um tanque. A comunidade cobriria o tanque com lona. A expectativa é ter mais peixes para a comunidade Warao.

O técnico que acompanhou a vistoria é Antônio Claudino da Silva Filho, conhecido como Toninho. Ele atua na Empaer na área de criação de peixes. A comunidade Warao tem grande esperança nesse projeto que vai contar com a ajuda do Instituto Federal para a aquisição dos alevinos. O Instituto Federal fica no município de Nossa Senhora do Livramento.

 

Desafio e solidariedade

O acompanhamento da realidade dos Warao é um desafio. Esses indígenas deixaram a Venezuela. Eles vieram em busca de uma vida melhor no Brasil. O grupo está no Mato Grosso, em Cuiabá, na região de Santo Antônio de Leverger. A Igreja, a Missão Salesiana, o CIMI e pessoas de boa-vontade veem essa realidade. As instituições se aproximam da comunidade. Elas procuram parcerias e melhorias junto com o povo e para o povo.

 

Por: Euclides Brites
Missão Salesiana de Mato Grosso

 

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