Com Dom Bosco e com os tempos

Quarta, 18 Setembro 2019 16:02 Escrito por  Pe. Agnaldo Soares Lima, SDB
A busca de um “novo paradigma operativo” em meio às crianças e aos jovens que vivem a exclusão e a marginalização vem exigindo um ressignificar de todas as obras e presenças salesianas que atuam no campo social.  

Um dos traços marcantes da vida e da personalidade de Dom Bosco foi sua capacidade de viver e enxergar muito além do seu tempo. No seu trabalho em favor da juventude, empreendeu iniciativas que transcenderam sua época e o contexto em que estava vivendo. De Dom Bosco se diz, muitas vezes, que “via o infinito”.

 

A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), impulsionada pela Organização das Nações Unidas (ONU), nasce em 1948, após as atrocidades cometidas na Segunda Guerra Mundial. O sacerdote João Bosco, porém, já nos idos de 1841, quando deu início ao seu trabalho com a juventude em Turim/Itália, precedeu com muitas de suas ações o que só depois veio preconizado na Declaração: direitos trabalhistas, à escolarização, ao acolhimento e moradia num estilo de família, à profissionalização e tantos outros.

 

Por esse protagonismo de São João Bosco e por sua capacidade de ser um visionário, seus religiosos salesianos e salesianas, com frequência, reafirmam o mote “Com Dom Bosco e com os tempos”. É a expressão da necessidade de se manterem atualizados, nas respostas que procuram dar aos desafios apresentados como exigências de cada momento histórico, no desenvolvimento da ação educativa que acontece nos programas sociais, nas escolas, nos institutos de educação superior, nas paróquias e em tantos outros espaços onde Salesianos e Salesianas levam adiante o seu Projeto Educativo Pastoral.

 

Quais salesianos para os jovens de hoje

Não obstante buscarem trabalhar com a perspectiva de uma ação atual e inovadora, nem sempre se torna natural – sobretudo em tempos de mudanças rápidas e profundas – conseguir acompanhar os apelos e as respostas do contexto e da juventude inserida nesse mesmo momento histórico. Consciente dessa situação, a Congregação Salesiana quer refletir em sua próxima Assembleia Geral (Capítulo Geral 28), que acontecerá de fevereiro a abril de 2020, sobre “Quais salesianos para os jovens de hoje”.

 

Salesianos do mundo todo, liderados pelo Reitor-mor, padre Ángel Fernández Artime, estarão reunidos em Roma com a missão de buscar novas respostas e novos caminhos. Boas práticas, realizadas com dedicação e empenho há 20, 30 ou mais anos, já não respondem às necessidades e anseios dos jovens envolvidos nos desafios presentes nos nossos dias.

 

Ação salesiana em rede

Esse mesmo propósito vem sendo perseguido, desde 2015, pela Rede Salesiana Brasil na sua dimensão social (RSB-Social). Ao ser criada, em novembro de 2014, assim se definiu a proposta de articulação para as mais de 110 obras e presenças sociais salesianas em todo o Brasil: “Em dez anos, consolidar a ação salesiana em rede no Brasil como referência de um novo paradigma operativo para a evangelização, educação social e gestão social que, aplicadas à Pastoral Juvenil Salesiana, impulsionem o desenvolvimento integral das crianças, dos adolescentes e dos jovens brasileiros, de forma sustentada e colaborativa, a partir do território”.

 

Esta busca de um “novo paradigma operativo”, ou seja, um novo modo de atuar e realizar o trabalho salesiano em meio às crianças e aos jovens que vivem a exclusão e a marginalização, expostos a condições de risco e grande vulnerabilidade, vem exigindo um ressignificar de todas as obras e presenças que atuam no campo social. Um esforço nada fácil esse, pois exige confrontar-se com o carisma trazido por Dom Bosco e Madre Mazzarello e atualizá-lo, para que ofereça respostas concretas e amadurecidas, capazes de indicar perspectivas de futuro para crianças e jovens que estão crescendo e se desenvolvendo numa realidade feita de muitas e ricas possibilidades, mas, ao mesmo tempo, de constantes mudanças e grandes exigências.

 

Trata-se de uma realidade que demanda cada vez mais competências e, concomitantemente, traz fracas referências de valores, não raro com princípios éticos e morais muito volúveis, com grande incidência de violências e de intolerâncias. Enfim, uma realidade onde nem sempre é fácil discernir e decidir, caminhar e avançar, principalmente no caso dos mais jovens.

 

Em favor da vida

Como parte desse imenso esforço de ressignificação, gestores e animadores das obras sociais têm estudado e refletido sobre a garantia de direitos humanos de crianças, adolescentes e jovens; sobre a qualidade das políticas públicas e a necessidade de uma ação sempre mais integrada; sobre o fortalecimento das famílias – reconhecidamente uma célula importante na vida da sociedade e dos nossos destinatários e que passa também por enormes transformações sociais –; sobre a violência e o acolhimento das diversidades, entre outros temas.

 

Do prazo de dez anos definidos na proposta de articulação da ação em rede, cinco já se passaram, mas a constatação é de que muitos avanços aconteceram. O Capítulo Geral 28 com certeza há de jogar ainda maiores e melhores luzes sobre como responder a tamanho desafio, se mantendo fiéis a Dom Bosco e revigorando a força do carisma salesiano.

 

Na fidelidade a Dom Bosco e Madre Mazzarello, e conscientes de que a messe é grande e ainda maior a necessidade de bons operários, a ação social tem se empenhado em envolver leigos e leigas, benfeitores, salesianos cooperadores, ex-alunos e tantas pessoas de boa vontade, para criar um “vasto movimento em favor da vida”.  Entre outras formas de se engajar nesta causa está a participação na “União pela Vida” (UPV).

 

Padre Agnaldo Soares Lima, SDB, é assessor da Rede Salesiana Brasil de Ação Social (RSB-Social)

 

Seja um dos parceiros da União pela Vida! Acesse pelo site: www.upv.org.br ou pelo aplicativo nas lojas IOS e Android.

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Com Dom Bosco e com os tempos

Quarta, 18 Setembro 2019 16:02 Escrito por  Pe. Agnaldo Soares Lima, SDB
A busca de um “novo paradigma operativo” em meio às crianças e aos jovens que vivem a exclusão e a marginalização vem exigindo um ressignificar de todas as obras e presenças salesianas que atuam no campo social.  

Um dos traços marcantes da vida e da personalidade de Dom Bosco foi sua capacidade de viver e enxergar muito além do seu tempo. No seu trabalho em favor da juventude, empreendeu iniciativas que transcenderam sua época e o contexto em que estava vivendo. De Dom Bosco se diz, muitas vezes, que “via o infinito”.

 

A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), impulsionada pela Organização das Nações Unidas (ONU), nasce em 1948, após as atrocidades cometidas na Segunda Guerra Mundial. O sacerdote João Bosco, porém, já nos idos de 1841, quando deu início ao seu trabalho com a juventude em Turim/Itália, precedeu com muitas de suas ações o que só depois veio preconizado na Declaração: direitos trabalhistas, à escolarização, ao acolhimento e moradia num estilo de família, à profissionalização e tantos outros.

 

Por esse protagonismo de São João Bosco e por sua capacidade de ser um visionário, seus religiosos salesianos e salesianas, com frequência, reafirmam o mote “Com Dom Bosco e com os tempos”. É a expressão da necessidade de se manterem atualizados, nas respostas que procuram dar aos desafios apresentados como exigências de cada momento histórico, no desenvolvimento da ação educativa que acontece nos programas sociais, nas escolas, nos institutos de educação superior, nas paróquias e em tantos outros espaços onde Salesianos e Salesianas levam adiante o seu Projeto Educativo Pastoral.

 

Quais salesianos para os jovens de hoje

Não obstante buscarem trabalhar com a perspectiva de uma ação atual e inovadora, nem sempre se torna natural – sobretudo em tempos de mudanças rápidas e profundas – conseguir acompanhar os apelos e as respostas do contexto e da juventude inserida nesse mesmo momento histórico. Consciente dessa situação, a Congregação Salesiana quer refletir em sua próxima Assembleia Geral (Capítulo Geral 28), que acontecerá de fevereiro a abril de 2020, sobre “Quais salesianos para os jovens de hoje”.

 

Salesianos do mundo todo, liderados pelo Reitor-mor, padre Ángel Fernández Artime, estarão reunidos em Roma com a missão de buscar novas respostas e novos caminhos. Boas práticas, realizadas com dedicação e empenho há 20, 30 ou mais anos, já não respondem às necessidades e anseios dos jovens envolvidos nos desafios presentes nos nossos dias.

 

Ação salesiana em rede

Esse mesmo propósito vem sendo perseguido, desde 2015, pela Rede Salesiana Brasil na sua dimensão social (RSB-Social). Ao ser criada, em novembro de 2014, assim se definiu a proposta de articulação para as mais de 110 obras e presenças sociais salesianas em todo o Brasil: “Em dez anos, consolidar a ação salesiana em rede no Brasil como referência de um novo paradigma operativo para a evangelização, educação social e gestão social que, aplicadas à Pastoral Juvenil Salesiana, impulsionem o desenvolvimento integral das crianças, dos adolescentes e dos jovens brasileiros, de forma sustentada e colaborativa, a partir do território”.

 

Esta busca de um “novo paradigma operativo”, ou seja, um novo modo de atuar e realizar o trabalho salesiano em meio às crianças e aos jovens que vivem a exclusão e a marginalização, expostos a condições de risco e grande vulnerabilidade, vem exigindo um ressignificar de todas as obras e presenças que atuam no campo social. Um esforço nada fácil esse, pois exige confrontar-se com o carisma trazido por Dom Bosco e Madre Mazzarello e atualizá-lo, para que ofereça respostas concretas e amadurecidas, capazes de indicar perspectivas de futuro para crianças e jovens que estão crescendo e se desenvolvendo numa realidade feita de muitas e ricas possibilidades, mas, ao mesmo tempo, de constantes mudanças e grandes exigências.

 

Trata-se de uma realidade que demanda cada vez mais competências e, concomitantemente, traz fracas referências de valores, não raro com princípios éticos e morais muito volúveis, com grande incidência de violências e de intolerâncias. Enfim, uma realidade onde nem sempre é fácil discernir e decidir, caminhar e avançar, principalmente no caso dos mais jovens.

 

Em favor da vida

Como parte desse imenso esforço de ressignificação, gestores e animadores das obras sociais têm estudado e refletido sobre a garantia de direitos humanos de crianças, adolescentes e jovens; sobre a qualidade das políticas públicas e a necessidade de uma ação sempre mais integrada; sobre o fortalecimento das famílias – reconhecidamente uma célula importante na vida da sociedade e dos nossos destinatários e que passa também por enormes transformações sociais –; sobre a violência e o acolhimento das diversidades, entre outros temas.

 

Do prazo de dez anos definidos na proposta de articulação da ação em rede, cinco já se passaram, mas a constatação é de que muitos avanços aconteceram. O Capítulo Geral 28 com certeza há de jogar ainda maiores e melhores luzes sobre como responder a tamanho desafio, se mantendo fiéis a Dom Bosco e revigorando a força do carisma salesiano.

 

Na fidelidade a Dom Bosco e Madre Mazzarello, e conscientes de que a messe é grande e ainda maior a necessidade de bons operários, a ação social tem se empenhado em envolver leigos e leigas, benfeitores, salesianos cooperadores, ex-alunos e tantas pessoas de boa vontade, para criar um “vasto movimento em favor da vida”.  Entre outras formas de se engajar nesta causa está a participação na “União pela Vida” (UPV).

 

Padre Agnaldo Soares Lima, SDB, é assessor da Rede Salesiana Brasil de Ação Social (RSB-Social)

 

Seja um dos parceiros da União pela Vida! Acesse pelo site: www.upv.org.br ou pelo aplicativo nas lojas IOS e Android.

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