Afinal, quem é o primeiro responsável pela educação?

Terça, 25 Julho 2017 18:38 Escrito por  Pe. Marcos Sandrini, SDB
Afinal, quem é o primeiro responsável pela educação? Foto: Luiz de Liberali
Um pai chegou à escola e perguntou: “O que posso fazer para ajudar a escola a educar meu filho?”. A pergunta deveria ser invertida: “Em que a escola pode me ajudar na educação dos filhos?”.   Filho nasce em uma família. Desejado ou indesejado, à família compete a primeira e mais importante responsabilidade na educação dos filhos. Há famílias que não conseguem fazer isso, o que, porém, não muda a equação. A família educa e a escola também, mas ambos têm responsabilidades muito diferentes.  

Toda criança quando nasce vem rodeada de muito amor. Esse é o ideal e ele existe. Nas famílias de todas as classes sociais os filhos são desejados e amados. O primeiro e melhor psicólogo é sempre a família. Como afirma o Papa Francisco: “Cada criança está no coração de Deus desde sempre e, no momento em que é concebida, realiza-se o sonho eterno do criador”.

 

Família

Os pais e os filhos mais velhos têm a missão de ser referência para as novas gerações. Ter pais separados não significa que os filhos serão desajustados. Às vezes um pai ou mãe sozinho tem a capacidade de dar mais amor que dois pais que não se amam e não se respeitam. Quando se acrescentam também os irmãos da criança que chega, cria-se uma família adequada para a criança.

O importante é que a criança cresça com pessoas significativas e positivas ao seu redor. Há pais e mães adotivos que assumem os filhos de uma relação biológica que não é sua e se tornam pessoas especiais no amor. Conheço uma mãe que todos os dias agradece à mãe biológica por ter gerado seus filhos adotivos. Não são filhos de sangue, mas filhos de amor.

 

Escola

Professor e professora não são pais e mães de seus alunos. Podem assumir atitudes, mas não substituir a paternidade e a maternidade. O professor e a professora amam seus alunos como professores. E se afeiçoam muito porque toda relação aproxima pessoas. Todo professor ou professora é um pouco pai e mãe, mas não o é integralmente.

A experiência da paternidade e da maternidade sempre pode ser feita em casa porque ninguém nasce sem pai e sem mãe. Agora, a experiência da fraternidade é diferente. Há crianças que não têm irmãos e irmãs, mas fazem essa experiência na escola em uma outra dimensão. Nesse sentido sim, professor e professora podem colaborar e muito para criar um ambiente de fraternidade em sua sala de aula, em sua escola...

 

Escritos de Dom Bosco

Dom Bosco acentua muito em seus escritos a experiência de paternidade que fez com os jovens de seu tempo. Viveu em uma época na qual as pessoas morriam muito cedo. Então havia muitos órfãos. Ao mesmo tempo, com a revolução industrial aumentou o êxodo rural, sobretudo de jovens. Para esses dois tipos de pessoas, Dom Bosco se sentiu pai. Seu Oratório chegou a ter 900 jovens de 12 a 20 anos. A paternidade de Dom Bosco rondava a casa inteira e era compartilhada pelos seus salesianos. A maioria absoluta desses jovens sem família constituiu depois famílias honestas e cristãs. Mesmo não tendo pais, as novas gerações sabem que é importante ter uma família.

 

Valores humanos e cristãos

Há uma luta cruel na sociedade para destruir os valores que sustentam a família. Anos de novela global vão solapando a família e colocando valores de uma classe social cheia de dinheiro, mas vazia de ideais, de utopias e de valores humanos e cristãos. Até o consumismo atinge a família. Uma família desfeita é sinal de mais consumo. São duas casas ou apartamentos, dois carros, duas contas bancárias. Em uma sociedade que só vê números também não interessa que a família vá bem. O importante é que se multiplique o consumo. Não é porque a minha família não conseguiu consolidar-se que não seja possível conviver em família de forma amorosa. É possível, sim, viver em família.

Sejamos realistas, porém. A família é composta por pessoas e não por anjos. Toda pessoa é santa e é pecadora. Carrega-se para dentro de casa pessoas concretas, generosas, mas também egoístas. Por isso, as pessoas estão pensando com mais seriedade na constituição de famílias. Alguns até dilatam o mais que podem o matrimônio para poder preparar-se melhor para ele.

Finalmente, até Deus quis ser uma família. Ele não é sozinho. No seu mais profundo é uma família composta de três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Tão unidos no amor que formam um só Deus. Por isso, a família de Deus está presente para fortalecer, amparar, animar e incentivar as famílias humanas. Mas, se elas descartam Deus, como vão contar com essa presença animadora tão preciosa? Colocar-se como limitados e necessitados também ajuda a consolidação da família. Isso se faz na oração, no silêncio e na participação da comunidade. A presença de Deus na família é uma ajuda e tanto para viver a fidelidade, a alegria, o perdão e a compreensão. 

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Última modificação em Sábado, 14 Março 2020 13:39

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Afinal, quem é o primeiro responsável pela educação?

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Afinal, quem é o primeiro responsável pela educação? Foto: Luiz de Liberali
Um pai chegou à escola e perguntou: “O que posso fazer para ajudar a escola a educar meu filho?”. A pergunta deveria ser invertida: “Em que a escola pode me ajudar na educação dos filhos?”.   Filho nasce em uma família. Desejado ou indesejado, à família compete a primeira e mais importante responsabilidade na educação dos filhos. Há famílias que não conseguem fazer isso, o que, porém, não muda a equação. A família educa e a escola também, mas ambos têm responsabilidades muito diferentes.  

Toda criança quando nasce vem rodeada de muito amor. Esse é o ideal e ele existe. Nas famílias de todas as classes sociais os filhos são desejados e amados. O primeiro e melhor psicólogo é sempre a família. Como afirma o Papa Francisco: “Cada criança está no coração de Deus desde sempre e, no momento em que é concebida, realiza-se o sonho eterno do criador”.

 

Família

Os pais e os filhos mais velhos têm a missão de ser referência para as novas gerações. Ter pais separados não significa que os filhos serão desajustados. Às vezes um pai ou mãe sozinho tem a capacidade de dar mais amor que dois pais que não se amam e não se respeitam. Quando se acrescentam também os irmãos da criança que chega, cria-se uma família adequada para a criança.

O importante é que a criança cresça com pessoas significativas e positivas ao seu redor. Há pais e mães adotivos que assumem os filhos de uma relação biológica que não é sua e se tornam pessoas especiais no amor. Conheço uma mãe que todos os dias agradece à mãe biológica por ter gerado seus filhos adotivos. Não são filhos de sangue, mas filhos de amor.

 

Escola

Professor e professora não são pais e mães de seus alunos. Podem assumir atitudes, mas não substituir a paternidade e a maternidade. O professor e a professora amam seus alunos como professores. E se afeiçoam muito porque toda relação aproxima pessoas. Todo professor ou professora é um pouco pai e mãe, mas não o é integralmente.

A experiência da paternidade e da maternidade sempre pode ser feita em casa porque ninguém nasce sem pai e sem mãe. Agora, a experiência da fraternidade é diferente. Há crianças que não têm irmãos e irmãs, mas fazem essa experiência na escola em uma outra dimensão. Nesse sentido sim, professor e professora podem colaborar e muito para criar um ambiente de fraternidade em sua sala de aula, em sua escola...

 

Escritos de Dom Bosco

Dom Bosco acentua muito em seus escritos a experiência de paternidade que fez com os jovens de seu tempo. Viveu em uma época na qual as pessoas morriam muito cedo. Então havia muitos órfãos. Ao mesmo tempo, com a revolução industrial aumentou o êxodo rural, sobretudo de jovens. Para esses dois tipos de pessoas, Dom Bosco se sentiu pai. Seu Oratório chegou a ter 900 jovens de 12 a 20 anos. A paternidade de Dom Bosco rondava a casa inteira e era compartilhada pelos seus salesianos. A maioria absoluta desses jovens sem família constituiu depois famílias honestas e cristãs. Mesmo não tendo pais, as novas gerações sabem que é importante ter uma família.

 

Valores humanos e cristãos

Há uma luta cruel na sociedade para destruir os valores que sustentam a família. Anos de novela global vão solapando a família e colocando valores de uma classe social cheia de dinheiro, mas vazia de ideais, de utopias e de valores humanos e cristãos. Até o consumismo atinge a família. Uma família desfeita é sinal de mais consumo. São duas casas ou apartamentos, dois carros, duas contas bancárias. Em uma sociedade que só vê números também não interessa que a família vá bem. O importante é que se multiplique o consumo. Não é porque a minha família não conseguiu consolidar-se que não seja possível conviver em família de forma amorosa. É possível, sim, viver em família.

Sejamos realistas, porém. A família é composta por pessoas e não por anjos. Toda pessoa é santa e é pecadora. Carrega-se para dentro de casa pessoas concretas, generosas, mas também egoístas. Por isso, as pessoas estão pensando com mais seriedade na constituição de famílias. Alguns até dilatam o mais que podem o matrimônio para poder preparar-se melhor para ele.

Finalmente, até Deus quis ser uma família. Ele não é sozinho. No seu mais profundo é uma família composta de três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Tão unidos no amor que formam um só Deus. Por isso, a família de Deus está presente para fortalecer, amparar, animar e incentivar as famílias humanas. Mas, se elas descartam Deus, como vão contar com essa presença animadora tão preciosa? Colocar-se como limitados e necessitados também ajuda a consolidação da família. Isso se faz na oração, no silêncio e na participação da comunidade. A presença de Deus na família é uma ajuda e tanto para viver a fidelidade, a alegria, o perdão e a compreensão. 

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