Um chamado de Deus - 130 anos de presença salesiana no Brasil

Sexta, 03 Mai 2013 10:55 Escrito por  Pe. Wolfgang Gruen
  Padre Wolfgang Gruen, SDB, faz parte da chamada “segunda geração” de salesianos. Doutor honoris causa em Ciências Teológicas e Bíblicas pela Università Pontificia Salesiana (UPS) de Roma e professor aposentado da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), padre Gruen, ao conceder essa entrevista ao Boletim Salesiano, não se limitou a reproduzir a história aprendida em livros. Na contagem do tempo e no resgate da história, seu relato traz como apêndice uma filigrana da riqueza salesiana, e que diz respeito à distância temporal entre nós e o Santo dos Jovens. “Há uma primeira geração de salesianos, que é a dos que conviveram com Dom Bosco. Aos 86 anos, eu sou sobrevivente da segunda geração, dos que conviveram com salesianos da primeira, ouviram suas experiências com o santo. Os demais são da terceira geração. Meu primeiro inspetor, quando eu ainda era menino, aluno do Salesian College de Londres, Battersea, foi o padre Eneias Tozzi, ex-aluno de Dom Bosco. Contou-me como se tornou aluno do Santo; mais tarde, no meu noviciado, em 1943, encontrei essa história nas Memórias Biográficas de Dom Bosco. Como aluno do Santa Rosa de Niterói, confessava-me religiosamente toda semana com o padre Frederico Gioia, também ex-aluno de Dom Bosco”, rememora padre Gruen. Segue a íntegra da entrevista concedida por padre Wolfgang Gruen ao Boletim Salesiano, a partir da questão: “Na sua visão e experiência, qual foi a importância da chegada dos salesianos no Brasil e, também, qual foi a grande contribuição dos salesianos para o país?”.  

Em 1877, o bispo do Rio de Janeiro, dom Pedro Maria de Lacerda, pediu a Dom Bosco que mandasse salesianos à sua diocese, para começar um trabalho com jovens necessitados de amparo. Dom Bosco só pôde atender ao pedido em 1883, quando os primeiros salesianos se estabeleceram em Niterói, RJ.

O cenário que encontraram era desafiador. O país já não aguentava o sistema escravagista: era desumano, e economicamente desvantajoso. Em 1871, a “Lei do Ventre Livre” teoricamente era um bom começo, pois parecia estancar o contínuo fluxo de novos escravos. Na realidade, criou outro tipo de problemas para esses “moleques”, como eram chamados, que agora ficavam sem amparo legal e sem trabalho. Em 1883, os primeiros beneficiados pela lei tinham 12 anos – a idade dos “biricchini” de Dom Bosco. Para os salesianos recém-chegados, não havia dúvida: era preciso arregaçar as mangas e começar a trabalhar imediatamente.

 

Recepção brasileira

A grande maioria da população acolheu os salesianos de braços abertos, dando-lhes ajuda e estímulo. A maioria: de fato, no Brasil como na Itália da época, havia também um forte movimento de oposição à presença desses padres. Já no reinado de D. Pedro II, os ventos anticlericais eram fortes, e continuaram ainda mais agressivos na Primeira República: de um lado, a romanização da Igreja tomava ares decididamente polêmicos e radicais; do outro lado, com a ajuda da maçonaria e de missionários protestantes, o anticlericalismo levantava a bandeira das liberdades cívicas, tão do gosto do iluminismo.

A comunidade salesiana, à imitação de Dom Bosco, não se deixou envolver nessa briga. Claro que estavam com o papa, com a Igreja; mas, sem polêmicas. O seu “negócio” era tirar essa meninada da rua, do abandono, do vício. Começaram com o Oratório Festivo, pupila dos olhos de Dom Bosco: muita algazarra, muita alegria e horas de lazer, boas pitadas de “catecismo” e, acima de tudo, carinho educativo para com essa garotada que tanto precisava disso. Ainda não era a solução, mas encaminhava para algo mais duradouro.

 

Padrão salesiano de educar

De fato, no Brasil, como nas origens da obra de Dom Bosco, os salesianos logo tiveram a preocupação de proporcionar a esses jovens um jeito de eles mesmos prepararem seu futuro: boas escolas profissionais e agrícolas, onde também teriam formação cívica, moral, religiosa, sempre naquele clima de amizade que devia ser a característica da educação salesiana. E a oposição, até pela imprensa, a esses estrangeiros carolas? “Deixa prá lá: nós respondemos com o nosso trabalho e a alegria com que o assumimos”. A estratégia funcionou. De fato, a vinda também das Filhas de Maria Auxiliadora, a multiplicação dos oratórios e escolas profissionais, os salesianos cooperadores e amigos da obra, as vocações para manter vivo esse projeto – tudo isso, com a bênção de Deus, levou adiante e solidificou essa obra.  

Para muitos milhares de pessoas, ao longo destes 130 anos, a importância da chegada dos salesianos ao Brasil foi incalculável: traçou o rumo de sua vida, e o de uma multidão de outras pessoas que se beneficiaram com a sua presença.  

 

“Ciências da Educação”

No final do século 19, principalmente na Europa, já circulavam os primeiros filões de uma Pedagogia científica, base das que hoje são chamadas “Ciências da Educação”. Dom Bosco não era um teórico; mas seu amor à causa dos jovens abandonados o levava a repensar e reavaliar continuamente sua prática. Desse modo, criou um estilo pastoral-educativo que continua em construção, o sistema preventivo. Fazia questão de formar seus auxiliares nessa vivência educativa. Quando organizava equipes missionárias, para difundir em outras partes do mundo seu zelo pela educação e recuperação de jovens, ele fazia questão de enviar os salesianos mais qualificados.

Foi o que aconteceu com os primeiros missionários que vieram ao Brasil. A contribuição que eles deram ao país foi, primeiro, a implantação desse admirável estilo de educação: familiar, simples, amiga, permeada de religião e de alegria. Além das disciplinas previstas, os meninos aprendiam a tocar um instrumento, tinham seu coral e sua banda de música, encenavam peças de teatro, preparavam as “sessões acadêmicas”, com cantos, discursos, recitação de poesias, praticavam toda espécie de esporte, com times e campeonatos. Mais tarde, terão sua enfermaria; jornalzinho colegial; excursões e passeios. Quando é que aqueles “moleques” teriam sonhado com tudo aquilo?

Nove anos depois dos salesianos, em 1892, vieram as Filhas de Maria Auxiliadora, também conhecidas como Irmãs Salesianas, que se dedicaram às meninas com o mesmo espírito. É bom ter presente que, naquele tempo, era impensável a chamada “educação mista”, de meninas e meninos juntos. Mais tarde virão outros institutos religiosos fundados para trabalhar com crianças e jovens: os maristas em 1897, os lassalistas em 1907; os jesuítas, expulsos do Brasil no século 18, só puderam voltar a partir de 1911. Mesmo com esses e outros reforços, os operários continuam insuficientes para a imensidão da seara.

 

Reverberação

Conosco, aconteceu um fenômeno imprevisto. Os salesianos sabiam que foram chamados por Deus para atuar, preferencialmente, em ambientes populares, pobres. Essa população mais sacrificada não tardou a perceber que também os seus filhos precisavam, além de cursos profissionalizantes, de um bom ensino fundamental, para subirem na vida. Os salesianos abriram colégios, em geral também com seção de internato, para responder a essa necessidade. Com o passar do tempo, o colégio, localizado em bairro periférico, pobre, vitalizou de tal maneira o bairro, que a seu redor surgiu toda uma região de classe média, chegando a mudar o perfil de boa parte da clientela do colégio. Foi o caso do Santa Rosa, de Niterói: durante muito tempo, enquanto foi possível,  conservou também sua “4ª divisão”, dos aprendizes, em suas excelentes Escolas Profissionais. Em casos como esse, os educadores faziam questão de sensibilizar também os estudantes para a causa dos colegas mais carentes e suas famílias.

Finalmente, o governo, como é sua obrigação, criou os seus cursos profissionalizantes, bem organizados e equipados. Mais uma vez, porém, os salesianos acudiram a uma situação que tinha ficado desprotegida: jovens que já precisariam ser arrimo de família, mas não tinham como entrar no mercado de trabalho. Em 1973, em Belo Horizonte, foram então criados os CESAMs, hoje presentes em várias cidades do Brasil, que proporcionam estudo, aprendizagem profissional básica e formação humana e cívica, com estágio e encaminhamento para o primeiro emprego. Para termos uma ideia, nesses 40 anos, foram atendidos mais de 100.000 jovens; atualmente, na ISJB, são cerca de 6.000. É uma nova forma de fazer exatamente o que fez Dom Bosco no seu tempo.

Faltava o setor de urgência e emergência educativa. De vários anos para cá, os salesianos têm-se dedicado com especial afinco a adolescentes e jovens em situação de risco social -- também nisso retomando uma das grandes preocupações de Dom Bosco. O bonito é que, em todas essas atividades, podemos contar, como Dom Bosco, com o trabalho eficiente, generoso, de cooperadores salesianos e voluntários leigos.

 

Destaque

Acho importante sublinhar uma contribuição dos salesianos do Brasil para além de suas fronteiras. Desde o Concílio Vaticano II, vem-se insistindo na Igreja na necessidade de inculturar nossa pastoral. Um país multicultural como o Brasil acaba sendo uma incrível escola de diálogo respeitoso com as culturas. Sem nos darmos conta, a nossa prática propaga-se também por outros países, assim como nós aprendemos de práticas inspiradoras que outros nos partilham.

É uma das tarefas mais fecundas do Boletim Salesiano, hoje publicado em 29 línguas, em 131 nações. É também o que se constata em nossos Capítulos Gerais. Pessoalmente, vivi essa experiência marcante em nosso Capítulo Geral Especial, realizado em Roma, em 1971-1972. Como se faz em toda a América Latina e Caribe, estamos acostumados a não só partilhar com grupos populares de jovens e adultos o que tivemos o privilégio de aprender, mas também a aprender nesses grupos o muito que eles podem nos ensinar (como diria Paulo Freire). Mais depressa do que pensávamos, esse fraterno espírito de partilha se espalhou e multiplicou entre capitulares de diversas partes do mundo.

 

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Última modificação em Segunda, 08 Julho 2013 11:48

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Um chamado de Deus - 130 anos de presença salesiana no Brasil

Sexta, 03 Mai 2013 10:55 Escrito por  Pe. Wolfgang Gruen
  Padre Wolfgang Gruen, SDB, faz parte da chamada “segunda geração” de salesianos. Doutor honoris causa em Ciências Teológicas e Bíblicas pela Università Pontificia Salesiana (UPS) de Roma e professor aposentado da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), padre Gruen, ao conceder essa entrevista ao Boletim Salesiano, não se limitou a reproduzir a história aprendida em livros. Na contagem do tempo e no resgate da história, seu relato traz como apêndice uma filigrana da riqueza salesiana, e que diz respeito à distância temporal entre nós e o Santo dos Jovens. “Há uma primeira geração de salesianos, que é a dos que conviveram com Dom Bosco. Aos 86 anos, eu sou sobrevivente da segunda geração, dos que conviveram com salesianos da primeira, ouviram suas experiências com o santo. Os demais são da terceira geração. Meu primeiro inspetor, quando eu ainda era menino, aluno do Salesian College de Londres, Battersea, foi o padre Eneias Tozzi, ex-aluno de Dom Bosco. Contou-me como se tornou aluno do Santo; mais tarde, no meu noviciado, em 1943, encontrei essa história nas Memórias Biográficas de Dom Bosco. Como aluno do Santa Rosa de Niterói, confessava-me religiosamente toda semana com o padre Frederico Gioia, também ex-aluno de Dom Bosco”, rememora padre Gruen. Segue a íntegra da entrevista concedida por padre Wolfgang Gruen ao Boletim Salesiano, a partir da questão: “Na sua visão e experiência, qual foi a importância da chegada dos salesianos no Brasil e, também, qual foi a grande contribuição dos salesianos para o país?”.  

Em 1877, o bispo do Rio de Janeiro, dom Pedro Maria de Lacerda, pediu a Dom Bosco que mandasse salesianos à sua diocese, para começar um trabalho com jovens necessitados de amparo. Dom Bosco só pôde atender ao pedido em 1883, quando os primeiros salesianos se estabeleceram em Niterói, RJ.

O cenário que encontraram era desafiador. O país já não aguentava o sistema escravagista: era desumano, e economicamente desvantajoso. Em 1871, a “Lei do Ventre Livre” teoricamente era um bom começo, pois parecia estancar o contínuo fluxo de novos escravos. Na realidade, criou outro tipo de problemas para esses “moleques”, como eram chamados, que agora ficavam sem amparo legal e sem trabalho. Em 1883, os primeiros beneficiados pela lei tinham 12 anos – a idade dos “biricchini” de Dom Bosco. Para os salesianos recém-chegados, não havia dúvida: era preciso arregaçar as mangas e começar a trabalhar imediatamente.

 

Recepção brasileira

A grande maioria da população acolheu os salesianos de braços abertos, dando-lhes ajuda e estímulo. A maioria: de fato, no Brasil como na Itália da época, havia também um forte movimento de oposição à presença desses padres. Já no reinado de D. Pedro II, os ventos anticlericais eram fortes, e continuaram ainda mais agressivos na Primeira República: de um lado, a romanização da Igreja tomava ares decididamente polêmicos e radicais; do outro lado, com a ajuda da maçonaria e de missionários protestantes, o anticlericalismo levantava a bandeira das liberdades cívicas, tão do gosto do iluminismo.

A comunidade salesiana, à imitação de Dom Bosco, não se deixou envolver nessa briga. Claro que estavam com o papa, com a Igreja; mas, sem polêmicas. O seu “negócio” era tirar essa meninada da rua, do abandono, do vício. Começaram com o Oratório Festivo, pupila dos olhos de Dom Bosco: muita algazarra, muita alegria e horas de lazer, boas pitadas de “catecismo” e, acima de tudo, carinho educativo para com essa garotada que tanto precisava disso. Ainda não era a solução, mas encaminhava para algo mais duradouro.

 

Padrão salesiano de educar

De fato, no Brasil, como nas origens da obra de Dom Bosco, os salesianos logo tiveram a preocupação de proporcionar a esses jovens um jeito de eles mesmos prepararem seu futuro: boas escolas profissionais e agrícolas, onde também teriam formação cívica, moral, religiosa, sempre naquele clima de amizade que devia ser a característica da educação salesiana. E a oposição, até pela imprensa, a esses estrangeiros carolas? “Deixa prá lá: nós respondemos com o nosso trabalho e a alegria com que o assumimos”. A estratégia funcionou. De fato, a vinda também das Filhas de Maria Auxiliadora, a multiplicação dos oratórios e escolas profissionais, os salesianos cooperadores e amigos da obra, as vocações para manter vivo esse projeto – tudo isso, com a bênção de Deus, levou adiante e solidificou essa obra.  

Para muitos milhares de pessoas, ao longo destes 130 anos, a importância da chegada dos salesianos ao Brasil foi incalculável: traçou o rumo de sua vida, e o de uma multidão de outras pessoas que se beneficiaram com a sua presença.  

 

“Ciências da Educação”

No final do século 19, principalmente na Europa, já circulavam os primeiros filões de uma Pedagogia científica, base das que hoje são chamadas “Ciências da Educação”. Dom Bosco não era um teórico; mas seu amor à causa dos jovens abandonados o levava a repensar e reavaliar continuamente sua prática. Desse modo, criou um estilo pastoral-educativo que continua em construção, o sistema preventivo. Fazia questão de formar seus auxiliares nessa vivência educativa. Quando organizava equipes missionárias, para difundir em outras partes do mundo seu zelo pela educação e recuperação de jovens, ele fazia questão de enviar os salesianos mais qualificados.

Foi o que aconteceu com os primeiros missionários que vieram ao Brasil. A contribuição que eles deram ao país foi, primeiro, a implantação desse admirável estilo de educação: familiar, simples, amiga, permeada de religião e de alegria. Além das disciplinas previstas, os meninos aprendiam a tocar um instrumento, tinham seu coral e sua banda de música, encenavam peças de teatro, preparavam as “sessões acadêmicas”, com cantos, discursos, recitação de poesias, praticavam toda espécie de esporte, com times e campeonatos. Mais tarde, terão sua enfermaria; jornalzinho colegial; excursões e passeios. Quando é que aqueles “moleques” teriam sonhado com tudo aquilo?

Nove anos depois dos salesianos, em 1892, vieram as Filhas de Maria Auxiliadora, também conhecidas como Irmãs Salesianas, que se dedicaram às meninas com o mesmo espírito. É bom ter presente que, naquele tempo, era impensável a chamada “educação mista”, de meninas e meninos juntos. Mais tarde virão outros institutos religiosos fundados para trabalhar com crianças e jovens: os maristas em 1897, os lassalistas em 1907; os jesuítas, expulsos do Brasil no século 18, só puderam voltar a partir de 1911. Mesmo com esses e outros reforços, os operários continuam insuficientes para a imensidão da seara.

 

Reverberação

Conosco, aconteceu um fenômeno imprevisto. Os salesianos sabiam que foram chamados por Deus para atuar, preferencialmente, em ambientes populares, pobres. Essa população mais sacrificada não tardou a perceber que também os seus filhos precisavam, além de cursos profissionalizantes, de um bom ensino fundamental, para subirem na vida. Os salesianos abriram colégios, em geral também com seção de internato, para responder a essa necessidade. Com o passar do tempo, o colégio, localizado em bairro periférico, pobre, vitalizou de tal maneira o bairro, que a seu redor surgiu toda uma região de classe média, chegando a mudar o perfil de boa parte da clientela do colégio. Foi o caso do Santa Rosa, de Niterói: durante muito tempo, enquanto foi possível,  conservou também sua “4ª divisão”, dos aprendizes, em suas excelentes Escolas Profissionais. Em casos como esse, os educadores faziam questão de sensibilizar também os estudantes para a causa dos colegas mais carentes e suas famílias.

Finalmente, o governo, como é sua obrigação, criou os seus cursos profissionalizantes, bem organizados e equipados. Mais uma vez, porém, os salesianos acudiram a uma situação que tinha ficado desprotegida: jovens que já precisariam ser arrimo de família, mas não tinham como entrar no mercado de trabalho. Em 1973, em Belo Horizonte, foram então criados os CESAMs, hoje presentes em várias cidades do Brasil, que proporcionam estudo, aprendizagem profissional básica e formação humana e cívica, com estágio e encaminhamento para o primeiro emprego. Para termos uma ideia, nesses 40 anos, foram atendidos mais de 100.000 jovens; atualmente, na ISJB, são cerca de 6.000. É uma nova forma de fazer exatamente o que fez Dom Bosco no seu tempo.

Faltava o setor de urgência e emergência educativa. De vários anos para cá, os salesianos têm-se dedicado com especial afinco a adolescentes e jovens em situação de risco social -- também nisso retomando uma das grandes preocupações de Dom Bosco. O bonito é que, em todas essas atividades, podemos contar, como Dom Bosco, com o trabalho eficiente, generoso, de cooperadores salesianos e voluntários leigos.

 

Destaque

Acho importante sublinhar uma contribuição dos salesianos do Brasil para além de suas fronteiras. Desde o Concílio Vaticano II, vem-se insistindo na Igreja na necessidade de inculturar nossa pastoral. Um país multicultural como o Brasil acaba sendo uma incrível escola de diálogo respeitoso com as culturas. Sem nos darmos conta, a nossa prática propaga-se também por outros países, assim como nós aprendemos de práticas inspiradoras que outros nos partilham.

É uma das tarefas mais fecundas do Boletim Salesiano, hoje publicado em 29 línguas, em 131 nações. É também o que se constata em nossos Capítulos Gerais. Pessoalmente, vivi essa experiência marcante em nosso Capítulo Geral Especial, realizado em Roma, em 1971-1972. Como se faz em toda a América Latina e Caribe, estamos acostumados a não só partilhar com grupos populares de jovens e adultos o que tivemos o privilégio de aprender, mas também a aprender nesses grupos o muito que eles podem nos ensinar (como diria Paulo Freire). Mais depressa do que pensávamos, esse fraterno espírito de partilha se espalhou e multiplicou entre capitulares de diversas partes do mundo.

 

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