O forno dos salesianos em Belém: pão, amor e desenvolvimento

Terça, 04 Abril 2023 16:10 Escrito por  Agência Info Salesiana
Há 120 anos na cidade de Belém, Palestina, a população pode contar com o forno dos salesianos, onde farinha e solidariedade ajudam a produzir o "milagre" do pão


Durante o Ramadã, o forno é aberto à 1h30”, explica Ibrahim Matta, num italiano discreto. Antes do amanhecer, neste período de jejum, chegam os muçulmanos; depois, aos poucos, a partir das seis, os cristãos. E o forno salesiano, situado no cruzamento entre a praça Madbasseh e a rua Paulo VI, há 120 anos, permanece aberto a todos


“Este pão se chama 'hamam' que significa ‘pombo’, devido à sua forma: aqui em Belém, desde sempre, apenas nós o fazemos”, diz ainda Ibrahim, enquanto serve os clientes que chegam pouco antes de encerrar seu expediente, às 8h. Ele começou às 22 horas, sovou a massa durante toda a noite, adiantando a primeira fornada em mais de uma hora.

São 14 os formatos de pão branco ou integral, todos apenas com farinha, sal, fermento e água. "Nunca usamos açúcar; portanto é bom também para quem tem doença ‘do sangue’”, destaca Ibrahim, orgulhoso do seu trabalho, aprendido com padeiros vindos especialmente da Itália a Belém, cujo nome significa ‘Cidade do Pão’.

É o "milagre" do pão, que se repete há mais de 120 anos na cidade da Natividade: farinha e solidariedade, como cimento de uma comunidade que, em torno do forno e dos laboratórios da escola profissional salesiana, busca um desenvolvimento possível. E, como se diz hoje, sustentável.

 

Alimento e educação

 

Em 1863, o padre Antonio Belloni – antes missionário da «Propaganda Fide» e depois fez-se salesiano - fundou o primeiro orfanato da Terra Santa. “O forno servia inicialmente para alimentar os meninos, que logo se tornaram quase 100. A farinha foi doada por alguns benfeitores: educação, mas também o cuidado das necessidades básicas, segundo a tradição salesiana”, explica o padrer Gianni Caputa, SDB.

 

Alguns anos depois, veio a decisão de abrir as vendas do pão ao público: concretude e solidariedade que atravessaram o século passado. Os cartões verdes que algumas pessoas colocam em cima do balcão são para quem recebe o pão sem pagar. Um pão “multiplicado”, graças à solidariedade internacional e à iniciativa local: com picos de necessidade, como por exemplo, durante a pandemia, com uma lista de mais de 100 pais de família a serem ajudados antes do anoitecer.


A ‘poesia’ do pão de Belém é também o símbolo de um desenvolvimento que a Plataforma das 18 ONGs italianas que atuam na Palestina - incluindo alguns membros do Focsiv - continua a buscar, apesar da dramática crise econômica que assola toda a região.

 

Start your business

 

'Start your business' é o nome do projeto de três anos lançado por ONGs italianas com o apoio da Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento - para lançar novas microempresas: "uma centena de atividades já foram iniciadas e no final serão 120 start-ups”, explica Gigi Bisceglia, coordenador da Plataforma: pequenas – individuais, ou com dois ou três componentes – do setor do turismo, do artesanato (produção de sabonetes e cosméticos) ou da prestação de serviços, como, por exemplo, um ‘call center’ para encontrar médicos e marcar exames de sangue em uma realidade onde não existe saúde pública, ou cursos profissionalizantes para mulheres e jovens.

“O que estamos procurando fazer é uma tentativa de traduzir para a prática o modelo de Economia de Francisco: não há nada de errado em montar uma empresa particular, mas a mesma precisa se desenvolver de forma sustentável, perguntando-se qual o impacto que quer ter na comunidade”, explica Luigi Bisceglia, que também leciona na Faculdade de Economia e Negócios da Universidade de Belém.

Ainda de acordo com Luigi, o forno dos salesianos, com a sua capacidade de redistribuir o pão aos mais necessitados, foi, desde o início, uma forma de empreendimento social. “É uma proeza fechar com saldo positivo e manter os equipamentos, mas também é uma empresa que dura mais de um século. E, na ‘Cidade do Pão’, queremos continuar a promover o desenvolvimento e a solidariedade em torno do antigo forno salesiano”, conclui Luigi.


Fonte: Agência Info Salesiana

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Última modificação em Quarta, 05 Abril 2023 14:15

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O forno dos salesianos em Belém: pão, amor e desenvolvimento

Terça, 04 Abril 2023 16:10 Escrito por  Agência Info Salesiana
Há 120 anos na cidade de Belém, Palestina, a população pode contar com o forno dos salesianos, onde farinha e solidariedade ajudam a produzir o "milagre" do pão


Durante o Ramadã, o forno é aberto à 1h30”, explica Ibrahim Matta, num italiano discreto. Antes do amanhecer, neste período de jejum, chegam os muçulmanos; depois, aos poucos, a partir das seis, os cristãos. E o forno salesiano, situado no cruzamento entre a praça Madbasseh e a rua Paulo VI, há 120 anos, permanece aberto a todos


“Este pão se chama 'hamam' que significa ‘pombo’, devido à sua forma: aqui em Belém, desde sempre, apenas nós o fazemos”, diz ainda Ibrahim, enquanto serve os clientes que chegam pouco antes de encerrar seu expediente, às 8h. Ele começou às 22 horas, sovou a massa durante toda a noite, adiantando a primeira fornada em mais de uma hora.

São 14 os formatos de pão branco ou integral, todos apenas com farinha, sal, fermento e água. "Nunca usamos açúcar; portanto é bom também para quem tem doença ‘do sangue’”, destaca Ibrahim, orgulhoso do seu trabalho, aprendido com padeiros vindos especialmente da Itália a Belém, cujo nome significa ‘Cidade do Pão’.

É o "milagre" do pão, que se repete há mais de 120 anos na cidade da Natividade: farinha e solidariedade, como cimento de uma comunidade que, em torno do forno e dos laboratórios da escola profissional salesiana, busca um desenvolvimento possível. E, como se diz hoje, sustentável.

 

Alimento e educação

 

Em 1863, o padre Antonio Belloni – antes missionário da «Propaganda Fide» e depois fez-se salesiano - fundou o primeiro orfanato da Terra Santa. “O forno servia inicialmente para alimentar os meninos, que logo se tornaram quase 100. A farinha foi doada por alguns benfeitores: educação, mas também o cuidado das necessidades básicas, segundo a tradição salesiana”, explica o padrer Gianni Caputa, SDB.

 

Alguns anos depois, veio a decisão de abrir as vendas do pão ao público: concretude e solidariedade que atravessaram o século passado. Os cartões verdes que algumas pessoas colocam em cima do balcão são para quem recebe o pão sem pagar. Um pão “multiplicado”, graças à solidariedade internacional e à iniciativa local: com picos de necessidade, como por exemplo, durante a pandemia, com uma lista de mais de 100 pais de família a serem ajudados antes do anoitecer.


A ‘poesia’ do pão de Belém é também o símbolo de um desenvolvimento que a Plataforma das 18 ONGs italianas que atuam na Palestina - incluindo alguns membros do Focsiv - continua a buscar, apesar da dramática crise econômica que assola toda a região.

 

Start your business

 

'Start your business' é o nome do projeto de três anos lançado por ONGs italianas com o apoio da Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento - para lançar novas microempresas: "uma centena de atividades já foram iniciadas e no final serão 120 start-ups”, explica Gigi Bisceglia, coordenador da Plataforma: pequenas – individuais, ou com dois ou três componentes – do setor do turismo, do artesanato (produção de sabonetes e cosméticos) ou da prestação de serviços, como, por exemplo, um ‘call center’ para encontrar médicos e marcar exames de sangue em uma realidade onde não existe saúde pública, ou cursos profissionalizantes para mulheres e jovens.

“O que estamos procurando fazer é uma tentativa de traduzir para a prática o modelo de Economia de Francisco: não há nada de errado em montar uma empresa particular, mas a mesma precisa se desenvolver de forma sustentável, perguntando-se qual o impacto que quer ter na comunidade”, explica Luigi Bisceglia, que também leciona na Faculdade de Economia e Negócios da Universidade de Belém.

Ainda de acordo com Luigi, o forno dos salesianos, com a sua capacidade de redistribuir o pão aos mais necessitados, foi, desde o início, uma forma de empreendimento social. “É uma proeza fechar com saldo positivo e manter os equipamentos, mas também é uma empresa que dura mais de um século. E, na ‘Cidade do Pão’, queremos continuar a promover o desenvolvimento e a solidariedade em torno do antigo forno salesiano”, conclui Luigi.


Fonte: Agência Info Salesiana

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