Chega! Eu vou embora.

Terça, 11 Julho 2023 16:21 Escrito por  SC Carlos R. Minozzi
Chega! Eu vou embora. Arquivo Boletim Salesiano/ Nino Musio
Na coluna “Dom Bosco Hoje”, o SC Carlos Minozzi fala diretamente aos agentes de Pastoral sobre o incentivo à sua missão.     

Não foram exatamente estas as palavras, mas o sentimento era o mesmo. Falo do dia em que Mamãe Margarida anunciou a Dom Bosco sua decisão de abandonar o Oratório. Não podemos recriminá-la. Afinal de contas, Dom Bosco a havia tirado do sossego dos Becchi, onde morava com o filho José e cuidava dos netos, para que seus meninos do Oratório, em Turim, tivessem a oportunidade de ter uma mãe, conhecendo um pouco do que é ter uma família, coisa que muitos deles não sabiam.

 

Ela, aceitando o convite, se colocou a serviço de uma pequena multidão de jovens e meninos irrequietos, sempre de forma paciente e acolhedora. Acolhedora a ponto de encontrar um lugar na cozinha para um tardio jovem dormir, e, na manhã seguinte, descobrir que o jovem havia acordado mais cedo e sumido com os cobertores e alguns utensílios de sua cozinha.

 

Paciente com todas as travessuras daqueles jovens, acreditava que um pouco mais de pulso era necessário, mas como discutir com um filho sacerdote que praticava a “amorevolezza”, palavra italiana sem tradução, mas que significa ternura, carinho, correção fraterna?

 

Mas dizem que toda paciência tem limites e o de Mamãe Margarida foi atingido quando, numa tarde de domingo, os jovens, brincando de “guerra”, simplesmente destruíram uma área do Oratório onde Mamãe Margarida cultivava uma pequena horta para tirar dali alimentos para os próprios meninos. Seu coração não aguentou mais e ela anunciou a seu filho a decisão de ir embora, dizendo: “João, estou cansada. Deixe-me voltar para os Becchi. Trabalho da manhã à noite, sou uma pobre velha e esses marmanjos estragam tudo. Não aguento mais mesmo”.

 

Dom Bosco, mais uma vez, com “amorevolezza”, não discutiu nem tentou reanimá-la, mas também não se desesperou. Apenas, sem nenhuma palavra, apontou para um pequeno crucifixo que havia na parede.

 

Mamãe Margarida entendeu o recado. Abaixou a cabeça e continuou a remendar as roupas dos meninos e nunca mais tocou no assunto de ir embora, até o dia de sua morte, no Oratório, entre os meninos que, chorando, a chamavam de “nossa querida mamãe”.

 

Essa passagem da vida de Dom Bosco e sua mãe nos leva a refletir – principalmente nós, agentes de pastoral – sobre quantas vezes desanimamos, nos irritamos e tomamos a decisão de abandonar tudo. Ficamos estressados por não alcançar objetivos de evangelização, por não perceber retorno de todo o trabalho e energia despendidos e então, num momento de raiva ou de mágoa, nos afastamos.

 

Mas é necessário, nessa hora, como Dom Bosco, manter a cabeça fria e responder à seguinte questão: Para quem estamos trabalhando? Para nossa glória, para satisfazer nosso ego sedento de fama e poder, ou para atender ao convite de Deus de sermos missionários e discípulos de Seu Filho, colocando os dons que Ele mesmo nos deu a serviço de toda uma comunidade?

 

Se assim for, mãos à obra e, como Mamãe Margarida, não se fala mais nisso!

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Última modificação em Terça, 11 Julho 2023 16:23

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Terça, 11 Julho 2023 16:21 Escrito por  SC Carlos R. Minozzi
Chega! Eu vou embora. Arquivo Boletim Salesiano/ Nino Musio
Na coluna “Dom Bosco Hoje”, o SC Carlos Minozzi fala diretamente aos agentes de Pastoral sobre o incentivo à sua missão.     

Não foram exatamente estas as palavras, mas o sentimento era o mesmo. Falo do dia em que Mamãe Margarida anunciou a Dom Bosco sua decisão de abandonar o Oratório. Não podemos recriminá-la. Afinal de contas, Dom Bosco a havia tirado do sossego dos Becchi, onde morava com o filho José e cuidava dos netos, para que seus meninos do Oratório, em Turim, tivessem a oportunidade de ter uma mãe, conhecendo um pouco do que é ter uma família, coisa que muitos deles não sabiam.

 

Ela, aceitando o convite, se colocou a serviço de uma pequena multidão de jovens e meninos irrequietos, sempre de forma paciente e acolhedora. Acolhedora a ponto de encontrar um lugar na cozinha para um tardio jovem dormir, e, na manhã seguinte, descobrir que o jovem havia acordado mais cedo e sumido com os cobertores e alguns utensílios de sua cozinha.

 

Paciente com todas as travessuras daqueles jovens, acreditava que um pouco mais de pulso era necessário, mas como discutir com um filho sacerdote que praticava a “amorevolezza”, palavra italiana sem tradução, mas que significa ternura, carinho, correção fraterna?

 

Mas dizem que toda paciência tem limites e o de Mamãe Margarida foi atingido quando, numa tarde de domingo, os jovens, brincando de “guerra”, simplesmente destruíram uma área do Oratório onde Mamãe Margarida cultivava uma pequena horta para tirar dali alimentos para os próprios meninos. Seu coração não aguentou mais e ela anunciou a seu filho a decisão de ir embora, dizendo: “João, estou cansada. Deixe-me voltar para os Becchi. Trabalho da manhã à noite, sou uma pobre velha e esses marmanjos estragam tudo. Não aguento mais mesmo”.

 

Dom Bosco, mais uma vez, com “amorevolezza”, não discutiu nem tentou reanimá-la, mas também não se desesperou. Apenas, sem nenhuma palavra, apontou para um pequeno crucifixo que havia na parede.

 

Mamãe Margarida entendeu o recado. Abaixou a cabeça e continuou a remendar as roupas dos meninos e nunca mais tocou no assunto de ir embora, até o dia de sua morte, no Oratório, entre os meninos que, chorando, a chamavam de “nossa querida mamãe”.

 

Essa passagem da vida de Dom Bosco e sua mãe nos leva a refletir – principalmente nós, agentes de pastoral – sobre quantas vezes desanimamos, nos irritamos e tomamos a decisão de abandonar tudo. Ficamos estressados por não alcançar objetivos de evangelização, por não perceber retorno de todo o trabalho e energia despendidos e então, num momento de raiva ou de mágoa, nos afastamos.

 

Mas é necessário, nessa hora, como Dom Bosco, manter a cabeça fria e responder à seguinte questão: Para quem estamos trabalhando? Para nossa glória, para satisfazer nosso ego sedento de fama e poder, ou para atender ao convite de Deus de sermos missionários e discípulos de Seu Filho, colocando os dons que Ele mesmo nos deu a serviço de toda uma comunidade?

 

Se assim for, mãos à obra e, como Mamãe Margarida, não se fala mais nisso!

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