“A pobreza é muito grande, mas o amor supera tudo”

Segunda, 08 Dezembro 2014 22:22 Escrito por  Daya Lima
Em entrevista ao jornal da Paróquia Santa Teresinha, na região norte da Capital paulista, o ex-inspetor de São Paulo e atual inspetor de Moçambique, padre Marco Biaggi, fala sobre o início de sua missão na África.

Diz um diálogo do filme que “missão dada é missão cumprida”, certo? E é bem neste caminho que segue padre Marco Biaggi. Ele aceitou a missão de ir para Moçambique, país no sudeste do continente africano. Padre Marco se diz honrado e com muito trabalho a fazer. Pede ajuda nesta missão que, segundo ele, é de todos.

 

Santa Teresinha em Ação - Pe. Marco, nos fale um pouco do senhor e da missão em Moçambique.

Pe. Marco Biaggi -Eu tenho 58 anos de vida e quase 31 de padre. No Brasil, como salesiano, fui vice-diretor do Colégio Dom Bosco, em Piracicaba; diretor do Instituto Nossa Senhora Auxiliadora, em Cruzeiro; diretor do Instituto Salesiano Dom Bosco – aspirantado, em Pindamonhangaba; diretor e ecônomo no Colégio São Joaquim e Centro UNISAL, em Lorena; ecônomo inspetorial; inspetor; ecônomo do Colégio Dom Bosco e UNISAL, em Americana; e diretor do Colégio Dom Bosco, em Piracicaba. Hoje sou o inspetor na Visitadoria Maria Auxiliadora, em Moçambique. Aqui temos nove obras espalhadas por todo o país. Eu já fiz uma primeira visita em todas elas e conversei com todos os salesianos. Visitei várias obras das Filhas de Maria Auxiliadora também.

STA - Desde quando soube desta missão?

MB -Fui enviado a esta missão no dia 17 de junho passado. Fiquei muito assustado e pedi um tempo para poder me decidir melhor e dar a resposta final. Eu estava me sentindo muito bem no trabalho como diretor em Piracicaba. Acho que também o povo estava gostando. Foi um susto. Mas, aos poucos fui vendo que sendo vontade de Deus, não tinha porque não assumir esta missão com muito amor e toda garra.

STA - O senhor já tinha visitado o país?

MB -Eu nunca havia estado em Moçambique antes. Conheci o ex-inspetor e o atual Regional da África quando participamos juntos do XXVI Capítulo Geral da Congregação Salesiana, que aconteceu em Roma. Não sabia nada das obras. Também já conhecia o mestre de noviços, padre Piccoli, que foi nosso inspetor em São Paulo.

STA – Por que acha que foi o escolhido para essa missão?

MB -Acho que esta pergunta eu me faço até o dia de hoje. O reitor-mor, ao me ligar para enviar para este trabalho, me disse que a Visitadoria pedia alguém com experiência de inspetor e de administrador. Acho que os meus trabalhos aí em São Paulo ajudaram nesta escolha. Mas, como aqui é uma realidade totalmente diferente do que vivi aí no Brasil, eu ainda me pergunto porque fui escolhido. Na verdade estou aprendendo muito com esta nova experiência.

STA - E agora, qual é o seu maior desafio?

MB -Neste pouco tempo que aqui estou (um pouco mais de um mês) visitei todas as casas e falei com os salesianos. Ainda preciso falar em particular com vários deles. Já realizei duas reuniões do conselho inspetorial. Li muitos documentos salesianos da Visitadoria. Visitei algumas autoridades e estou definindo as prioridades para o trabalho nesse sexênio. Pretendo apresentá-las na próxima reunião do conselho inspetorial, na reunião dos diretores e na assembleia dos irmãos que acontece no início de dezembro. Estou lendo livros da cultura moçambicana e da Igreja local e Africana. Penso que terei que assumir junto com os irmãos a maior dinamização da Pastoral Juvenil e Vocacional, a reflexão sobre a consagração religiosa e qualidade de vida nas comunidades, a profissionalização da administração das obras e o atendimento de pedidos de aberturas de novas obras no país.

STA - E como pretende alcançá-los?

MB -Pretendo alcançar esses desafios trabalhando junto com todos os salesianos e os membros da Família Salesiana. Vamos precisar de mais gente para nos ajudar. Se no Brasil houver alguém, sobretudo salesiano, interessado em viver alguns anos como missionário aqui em Moçambique será muito bem acolhido. Trabalho não falta.

STA - Já traçou algumas ações imediatas? Quais?

MB -No momento estou preparando a mudança de salesianos para o próximo ano. Vários diretores terminam seus mandatos e devem ser substituídos ou renovados por mais um triênio. Alguns salesianos precisam ser transferidos de comunidade porque já estão há muito tempo no mesmo lugar e manifestaram a vontade ou necessidade de mudar. Estamos levantando as necessidades financeiras e administrativas de cada obra. Pretendemos trabalhar com uma diretoria executiva para agilizar todas as frentes de trabalho.

STA - Sabemos que tens mãe bem idosa e isso deve preocupar, não é? Como dribla a saudade e as adversidades?

MB -Nos primeiros dias a gente sofre muito com a saudade. Mas a vinda do meu irmão, padre Aramis, e do inspetor de São Paulo, padre Edson, para a minha posse ajudou a controlar um pouco essas saudades. Falo muito com meus familiares pelo WhatsApp. Falo com eles algumas vezes por Skype. Tenho notícias e fotos constantes de minha mãe. Sei que ela está bem cuidada. Ela reza muito por mim e me abençoa sempre. Eu também retribuo a ela a benção de filho e de padre. Na medida que os trabalhos vão aumentando, vamos controlando melhor nossas emoções. Hoje estou bem mais feliz aqui do que quando cheguei. Os salesianos são muito acolhedores e fraternos. Deus faz o resto.

 

Matéria originalmente publicada no jornal Santa Teresinha em Ação (Ano XIII, Número 93 – Outubro de 2014)

Avalie este item
(0 votos)

Deixe um comentário

Certifique-se de preencher os campos indicados com (*). Não é permitido código HTML.


“A pobreza é muito grande, mas o amor supera tudo”

Segunda, 08 Dezembro 2014 22:22 Escrito por  Daya Lima
Em entrevista ao jornal da Paróquia Santa Teresinha, na região norte da Capital paulista, o ex-inspetor de São Paulo e atual inspetor de Moçambique, padre Marco Biaggi, fala sobre o início de sua missão na África.

Diz um diálogo do filme que “missão dada é missão cumprida”, certo? E é bem neste caminho que segue padre Marco Biaggi. Ele aceitou a missão de ir para Moçambique, país no sudeste do continente africano. Padre Marco se diz honrado e com muito trabalho a fazer. Pede ajuda nesta missão que, segundo ele, é de todos.

 

Santa Teresinha em Ação - Pe. Marco, nos fale um pouco do senhor e da missão em Moçambique.

Pe. Marco Biaggi -Eu tenho 58 anos de vida e quase 31 de padre. No Brasil, como salesiano, fui vice-diretor do Colégio Dom Bosco, em Piracicaba; diretor do Instituto Nossa Senhora Auxiliadora, em Cruzeiro; diretor do Instituto Salesiano Dom Bosco – aspirantado, em Pindamonhangaba; diretor e ecônomo no Colégio São Joaquim e Centro UNISAL, em Lorena; ecônomo inspetorial; inspetor; ecônomo do Colégio Dom Bosco e UNISAL, em Americana; e diretor do Colégio Dom Bosco, em Piracicaba. Hoje sou o inspetor na Visitadoria Maria Auxiliadora, em Moçambique. Aqui temos nove obras espalhadas por todo o país. Eu já fiz uma primeira visita em todas elas e conversei com todos os salesianos. Visitei várias obras das Filhas de Maria Auxiliadora também.

STA - Desde quando soube desta missão?

MB -Fui enviado a esta missão no dia 17 de junho passado. Fiquei muito assustado e pedi um tempo para poder me decidir melhor e dar a resposta final. Eu estava me sentindo muito bem no trabalho como diretor em Piracicaba. Acho que também o povo estava gostando. Foi um susto. Mas, aos poucos fui vendo que sendo vontade de Deus, não tinha porque não assumir esta missão com muito amor e toda garra.

STA - O senhor já tinha visitado o país?

MB -Eu nunca havia estado em Moçambique antes. Conheci o ex-inspetor e o atual Regional da África quando participamos juntos do XXVI Capítulo Geral da Congregação Salesiana, que aconteceu em Roma. Não sabia nada das obras. Também já conhecia o mestre de noviços, padre Piccoli, que foi nosso inspetor em São Paulo.

STA – Por que acha que foi o escolhido para essa missão?

MB -Acho que esta pergunta eu me faço até o dia de hoje. O reitor-mor, ao me ligar para enviar para este trabalho, me disse que a Visitadoria pedia alguém com experiência de inspetor e de administrador. Acho que os meus trabalhos aí em São Paulo ajudaram nesta escolha. Mas, como aqui é uma realidade totalmente diferente do que vivi aí no Brasil, eu ainda me pergunto porque fui escolhido. Na verdade estou aprendendo muito com esta nova experiência.

STA - E agora, qual é o seu maior desafio?

MB -Neste pouco tempo que aqui estou (um pouco mais de um mês) visitei todas as casas e falei com os salesianos. Ainda preciso falar em particular com vários deles. Já realizei duas reuniões do conselho inspetorial. Li muitos documentos salesianos da Visitadoria. Visitei algumas autoridades e estou definindo as prioridades para o trabalho nesse sexênio. Pretendo apresentá-las na próxima reunião do conselho inspetorial, na reunião dos diretores e na assembleia dos irmãos que acontece no início de dezembro. Estou lendo livros da cultura moçambicana e da Igreja local e Africana. Penso que terei que assumir junto com os irmãos a maior dinamização da Pastoral Juvenil e Vocacional, a reflexão sobre a consagração religiosa e qualidade de vida nas comunidades, a profissionalização da administração das obras e o atendimento de pedidos de aberturas de novas obras no país.

STA - E como pretende alcançá-los?

MB -Pretendo alcançar esses desafios trabalhando junto com todos os salesianos e os membros da Família Salesiana. Vamos precisar de mais gente para nos ajudar. Se no Brasil houver alguém, sobretudo salesiano, interessado em viver alguns anos como missionário aqui em Moçambique será muito bem acolhido. Trabalho não falta.

STA - Já traçou algumas ações imediatas? Quais?

MB -No momento estou preparando a mudança de salesianos para o próximo ano. Vários diretores terminam seus mandatos e devem ser substituídos ou renovados por mais um triênio. Alguns salesianos precisam ser transferidos de comunidade porque já estão há muito tempo no mesmo lugar e manifestaram a vontade ou necessidade de mudar. Estamos levantando as necessidades financeiras e administrativas de cada obra. Pretendemos trabalhar com uma diretoria executiva para agilizar todas as frentes de trabalho.

STA - Sabemos que tens mãe bem idosa e isso deve preocupar, não é? Como dribla a saudade e as adversidades?

MB -Nos primeiros dias a gente sofre muito com a saudade. Mas a vinda do meu irmão, padre Aramis, e do inspetor de São Paulo, padre Edson, para a minha posse ajudou a controlar um pouco essas saudades. Falo muito com meus familiares pelo WhatsApp. Falo com eles algumas vezes por Skype. Tenho notícias e fotos constantes de minha mãe. Sei que ela está bem cuidada. Ela reza muito por mim e me abençoa sempre. Eu também retribuo a ela a benção de filho e de padre. Na medida que os trabalhos vão aumentando, vamos controlando melhor nossas emoções. Hoje estou bem mais feliz aqui do que quando cheguei. Os salesianos são muito acolhedores e fraternos. Deus faz o resto.

 

Matéria originalmente publicada no jornal Santa Teresinha em Ação (Ano XIII, Número 93 – Outubro de 2014)

Avalie este item
(0 votos)

Deixe um comentário

Certifique-se de preencher os campos indicados com (*). Não é permitido código HTML.