Síria: o silêncio dos oprimidos

Quarta, 28 Fevereiro 2018 12:32 Escrito por  ANS
Síria: o silêncio dos oprimidos Oratório salesiano em Damasco, Síria: fechado por causa da guerra Foto: Missioni Don Bosco
As redes sociais estão inundadas de imagens e comentários sobre a tragédia na Síria. Difícil não se comover perante as imagens que nos apresentam o quanto os mais fracos estão sofrendo... Os Salesianos estão ali desde 1948, e experimentam diariamente a angústia de milhares de crianças e jovens em Damasco e em Alepo.  

Um salesiano nos adverte para um aspecto fundamental dessa guerra: a objetividade (ou não) das informações. Padre Mounir Hanachi reconhece que o governo sírio (como todo governo, aliás) não é feito de “anjos e santos”. Entretanto, sustenta que neste conflito a maior parte da sofrida população da Síria está do seu lado. E por que?

 

“Ghouta não é, como se diz, um bairro de vítimas perseguidas pelo regime”, afirma o salesiano. “É exatamente o contrário. Faz anos que se disparam mísseis sobre a capital, que matam inocentes, que matam pobres, que matam civis. Quantas são as crianças mortas – aqui! – das quais ninguém fala! Elas não são a oposição. A oposição são os terroristas: afluem de todas as partes do mundo. O exército sírio tem o direito de defender a dignidade dos sírios, a dignidade do país”, completa.

 

O bombardeio de Ghouta se intensificou na última semana, porque o governo está preparando o golpe final para retomar o bairro. “Durante todo o dia se ouvem os aviões do exército que sobrevoam a capital. Espero que o ataque inicie logo e que a zona seja finalmente liberada, como se libertou Alepo”, afirma.

 

A guerra na Síria já chegou ao oitavo ano. É uma guerra descrita, nas redes sociais, com imagens e mensagens que “só informam parcialmente” acerca dos fatos e que constroem preconceitos em nossas consciências, reforçando falsas percepções da realidade. São muitas as perguntas que estão sem resposta. Por exemplo: Como iniciou-se este conflito? Quem financia esses rebeldes que há anos se entrincheiraram em Damasco, em Alepo e em outras cidades da Síria? E, mais: quais são os interesses para as potências envolvidas nessa guerra?

 

É importante para as grandes potências explorar a capacidade da mídia digital e criar uma visão que não esclareça os limites dos dados objetivos de informação e mantenha a nebulosidade da... desinformação.

 

Exatamente neste ano, o Papa Francisco nos alertou acerca desse perigo: “A eficácia das ‘fake news’ é devida, em primeiro lugar, à sua natureza mimética, isto é, à capacidade de parecerem plausíveis. Em segundo lugar, essas notícias – falsas, mas verossímeis - são capciosas, no sentido de que são hábeis em chamar a atenção dos destinatários, baseando-se em estereótipos e preconceitos difundidos no interior do tecido social”, continua o salesiano.

 

Por isso, é muito importante exercitar a capacidade crítica e perguntar a si mesmo se tudo quanto se diz, se vê e se lê é ou não verdadeiro. É bom perguntar se tudo que aparece nas redes sociais é ou não verdadeiro.

 

É um dado de fato que, no caso da Síria, a desinformação é evidente. E que a grande ausente na mídia ‘mainstream’ é a voz dos cristãos e daqueles que estão do outro lado. “Muito daquilo que foi relatado sobre a Síria nestes anos foi manipulado. Por que ninguém nos pergunta o que está acontecendo aqui? Peço a vocês somente que relembrem aquilo que estamos vivendo já há sete anos!”, conclui o padre Hanachi.

Fonte: ANS

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Síria: o silêncio dos oprimidos

Quarta, 28 Fevereiro 2018 12:32 Escrito por  ANS
Síria: o silêncio dos oprimidos Oratório salesiano em Damasco, Síria: fechado por causa da guerra Foto: Missioni Don Bosco
As redes sociais estão inundadas de imagens e comentários sobre a tragédia na Síria. Difícil não se comover perante as imagens que nos apresentam o quanto os mais fracos estão sofrendo... Os Salesianos estão ali desde 1948, e experimentam diariamente a angústia de milhares de crianças e jovens em Damasco e em Alepo.  

Um salesiano nos adverte para um aspecto fundamental dessa guerra: a objetividade (ou não) das informações. Padre Mounir Hanachi reconhece que o governo sírio (como todo governo, aliás) não é feito de “anjos e santos”. Entretanto, sustenta que neste conflito a maior parte da sofrida população da Síria está do seu lado. E por que?

 

“Ghouta não é, como se diz, um bairro de vítimas perseguidas pelo regime”, afirma o salesiano. “É exatamente o contrário. Faz anos que se disparam mísseis sobre a capital, que matam inocentes, que matam pobres, que matam civis. Quantas são as crianças mortas – aqui! – das quais ninguém fala! Elas não são a oposição. A oposição são os terroristas: afluem de todas as partes do mundo. O exército sírio tem o direito de defender a dignidade dos sírios, a dignidade do país”, completa.

 

O bombardeio de Ghouta se intensificou na última semana, porque o governo está preparando o golpe final para retomar o bairro. “Durante todo o dia se ouvem os aviões do exército que sobrevoam a capital. Espero que o ataque inicie logo e que a zona seja finalmente liberada, como se libertou Alepo”, afirma.

 

A guerra na Síria já chegou ao oitavo ano. É uma guerra descrita, nas redes sociais, com imagens e mensagens que “só informam parcialmente” acerca dos fatos e que constroem preconceitos em nossas consciências, reforçando falsas percepções da realidade. São muitas as perguntas que estão sem resposta. Por exemplo: Como iniciou-se este conflito? Quem financia esses rebeldes que há anos se entrincheiraram em Damasco, em Alepo e em outras cidades da Síria? E, mais: quais são os interesses para as potências envolvidas nessa guerra?

 

É importante para as grandes potências explorar a capacidade da mídia digital e criar uma visão que não esclareça os limites dos dados objetivos de informação e mantenha a nebulosidade da... desinformação.

 

Exatamente neste ano, o Papa Francisco nos alertou acerca desse perigo: “A eficácia das ‘fake news’ é devida, em primeiro lugar, à sua natureza mimética, isto é, à capacidade de parecerem plausíveis. Em segundo lugar, essas notícias – falsas, mas verossímeis - são capciosas, no sentido de que são hábeis em chamar a atenção dos destinatários, baseando-se em estereótipos e preconceitos difundidos no interior do tecido social”, continua o salesiano.

 

Por isso, é muito importante exercitar a capacidade crítica e perguntar a si mesmo se tudo quanto se diz, se vê e se lê é ou não verdadeiro. É bom perguntar se tudo que aparece nas redes sociais é ou não verdadeiro.

 

É um dado de fato que, no caso da Síria, a desinformação é evidente. E que a grande ausente na mídia ‘mainstream’ é a voz dos cristãos e daqueles que estão do outro lado. “Muito daquilo que foi relatado sobre a Síria nestes anos foi manipulado. Por que ninguém nos pergunta o que está acontecendo aqui? Peço a vocês somente que relembrem aquilo que estamos vivendo já há sete anos!”, conclui o padre Hanachi.

Fonte: ANS

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