Desafios para a ação evangelizadora junto aos jovens - Parte I

Terça, 12 Fevereiro 2013 13:48 Escrito por  Alunos de Pós-graduação em Pastoral Juvenil - UNISAL
  No Curso de Pós-Graduação em Pastoral Juvenil, realizado na UNISAL – Campus Pio XI/ SP, sob a coordenação da irmã Adair Aparecida Sberga, durante a disciplina “Formação de Assessores e Educadores”, a professora Carmem Lúcia Teixeira motivou os cursistas a analisar alguns dos diversos contextos situacionais da realidade dos jovens e, a partir disso, os desafiou a buscar alternativas propositivas para a realização de percursos de formação integral junto aos jovens. Publicamos a seguir a primeira parte do artigo produzido pelos cursistas, com os desafios e propostas que fazem diante das situações encontradas.  

Juventude e educação

Diante da proposta de educação oferecida na atualidade por meio de escolas não compromissadas com a construção integral da pessoa e que portanto não contribuem para a formação do ser humano pleno, com o desenvolvimento de suas potencialidades, reconhecemos que nossa presença como Igreja junto aos estudantes dentro do ambiente escolar ainda é bastante limitada, não conseguindo concretizar a proposta da Boa Notícia de Jesus neste meio e não respondendo efetivamente às necessidades e desejos dos jovens estudantes.

Sentimo-nos, então, desafiados a:

- Sair dos “muros da Igreja” e entrar nos ambientes onde está a juventude, espaço no qual vive o jovem estudante com seus sonhos, seu modo de pensar, a forma como enxerga a situação em que ele mesmo se encontra;

- Entrar em contato com sua realidade escolar para escutar seus clamores e traduzir nossa ação evangelizadora a partir do contexto em que ele vive, buscando ser apoio em sua formação;

- Conhecer a realidade da escola e contribuir no processo de integração entre jovem e instituição, construindo uma proposta de evangelização a partir da realidade dos próprios jovens estudantes.

Isso porque como Igreja somos chamados a viver em parceria com a juventude, conhecendo sua vida, seus desejos e necessidades. E, portanto, estabelecer laços de afetividade, coração com coração, a exemplo do Mestre Jesus, que no seu amor revelou o projeto do Pai de construção do Reino de Vida para todos e todas.

 

Juventude e cultura da liquidez

Diantede um contexto cultural pautado no descartável, no hedonismo exacerbado e no individualismo que conduz a pessoa à perda de referenciais de dignidade humana - realidade esta que mede o jovem por aquilo que possui, produz ou adquire - percebemos que tal situação dificulta a criação de vínculos sociais, levando a pessoa ao isolamento e dificultando sua interação social. Tal realidade desumaniza o jovem e provoca a despersonalização que conduz à perda de sentido da vida, falta de compromissos comunitários, desvalorização de projetos futuros, sobretudo na fase da adolescência e da juventude.

Somos desafiados a:

- Sair de nossa estrutura formalista, que procura justificar de modo racional a realidade e acolher, de modo incondicional, todo jovem, quebrando a visão do aparente, dos preconceitos e moralismos, para gerar processos de transformação e autonomia pessoal e social;

- Valorizar a pessoa na sua pessoalidade, respeitando seu estágio de desenvolvimento e incentivando-a no despertar de suas potencialidades e criatividade para que o jovem seja protagonista da própria história;

- Criar espaços e grupos de jovens para estimular a prática prazerosa da convivência a partir dos interesses e gostos dos jovens, que promovam experiências comunitárias significativas e motivem a construção de seu projeto de vida, pautado na realidade concreta, na responsabilidade cidadã e na busca da concretização de seus sonhos.

Em vista disso, sentimo-nos interpelados a defender e promover os valores evangélicos, estando presentes nas diversas realidades sociais, reconhecendo na diversidade juvenil grande possibilidade de crescimento pessoal e comunitário. A exemplo de Jesus, que acolheu incondicionalmente a todos, somos convocados a ir ao encontro do outro, a dar o primeiro passo, colaborando para inserir o jovem no grupo, na sociedade, reconhecendo-o como dom, como fez o Pai Misericordioso na sua acolhida incondicional ao filho mais jovem.

Diante desta realidade descartável e individualista, em que muitos jovens ficam à margem, somos desafiados a provocá-los a uma integração autêntica na sociedade como fez Santo Aníbal Maria de Francia, inspirado pelo versículo do Evangelho de Lucas: “A messe é grande e pouco são os operários...” Também nós somos chamados a olhar para esta realidade e assumir nosso papel de atenção ao jovem, propondo-lhes mudança de vida e integração no meio social em que vive. Assim como Jesus que diante do abandono do povo do seu tempo reconhece que falta um pastor e se apresenta como o Bom Pastor, que se compadece, acolhe, liberta, cura e mostra o Reino de Deus, que é de justiça, paz e fraternidade, também queremos ter as mesmas atitudes perante o jovem.

 

Juventude e comunicação

Diante de um mundo pautado pela velocidade comunicacional global, que altera a linguagem e os modos de expressão e interação, por meio de novos conceitos de tempo e espaço, deparamo-nos com a linguagem hipertextual das abreviações, dos novos símbolos e novas formas de conectividade da era virtual. Há, portanto, uma nova forma de agrupamento e relação intersubjetiva e interpessoal, mediada pelas máquinas de acesso à grande rede (internet).

Por outro lado, percebe-se um acento na linguagem do próprio corpo como comunicação. Cresce a busca pelo corpo perfeito, sarado, modelado pela cultura fitness, caracterizado pelas tatuagens, piercings e pelas roupas da moda. Também no campo espiritual há mudanças, o jovem busca uma religiosidade cada vez menos institucional e mais influenciada pela mídia e pelo mercado da fé, mesclando espiritualidade católica com a oriental, pentecostal e qualquer outra que lhe agrade. Essa diversidade pode ser percebida, inclusive, nos gostos musicais, no modo de se organizar em grupos e tribos, cada vez mais despersonalizadas e heterogêneas. Estas alterações da comunicação com suas linguagens provocam um novo modo de estar no mundo, de se organizar e de dar sentido à vida.

Sendo assim, sentimo-nos desafiados a:

- Entender as transformações da linguagem e da comunicação e, por conseguinte, a influência destas alterações neste novo sujeito jovem nascido em “tempos de mudanças”;

- Construir uma proposta de formação que dialogue com estas linguagens, que provoque a criticidade nos sujeitos de modo a construir com criatividade caminhos novos para apresentar a Boa-Notícia de Jesus, como sentido último para esta geração;

- Desenvolver novos modelos de agrupamentos, tanto virtuais como presenciais, nos quais a pessoa seja reconhecida pela sua originalidade, buscando caminhos de formação e acompanhamento pessoal, para combater a massificação juvenil, promovendo jovens autônomos e livres.

Estas propostas vão ao encontro com a práxis de Jesus, que soube se comunicar eficientemente com a cultura de seu tempo, usando a linguagem das parábolas. Portanto, somos desafiados a seguir os passos do Mestre e a comunicar de forma profética sem nos distanciarmos da cultura da virtualidade e das novas formas de comunicação nascidas com a “geração conectada”, promovendo ao mesmo tempo experiências profundas de relação interpessoal.

 

Alunos dos cursos de extensão universitária e pós-graduação em Pastoral Juvenil - UNISAL 2013 (Campus Pio XI). Mais informações sobre o curso: www.pio.unisal.br
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Desafios para a ação evangelizadora junto aos jovens - Parte I

Terça, 12 Fevereiro 2013 13:48 Escrito por  Alunos de Pós-graduação em Pastoral Juvenil - UNISAL
  No Curso de Pós-Graduação em Pastoral Juvenil, realizado na UNISAL – Campus Pio XI/ SP, sob a coordenação da irmã Adair Aparecida Sberga, durante a disciplina “Formação de Assessores e Educadores”, a professora Carmem Lúcia Teixeira motivou os cursistas a analisar alguns dos diversos contextos situacionais da realidade dos jovens e, a partir disso, os desafiou a buscar alternativas propositivas para a realização de percursos de formação integral junto aos jovens. Publicamos a seguir a primeira parte do artigo produzido pelos cursistas, com os desafios e propostas que fazem diante das situações encontradas.  

Juventude e educação

Diante da proposta de educação oferecida na atualidade por meio de escolas não compromissadas com a construção integral da pessoa e que portanto não contribuem para a formação do ser humano pleno, com o desenvolvimento de suas potencialidades, reconhecemos que nossa presença como Igreja junto aos estudantes dentro do ambiente escolar ainda é bastante limitada, não conseguindo concretizar a proposta da Boa Notícia de Jesus neste meio e não respondendo efetivamente às necessidades e desejos dos jovens estudantes.

Sentimo-nos, então, desafiados a:

- Sair dos “muros da Igreja” e entrar nos ambientes onde está a juventude, espaço no qual vive o jovem estudante com seus sonhos, seu modo de pensar, a forma como enxerga a situação em que ele mesmo se encontra;

- Entrar em contato com sua realidade escolar para escutar seus clamores e traduzir nossa ação evangelizadora a partir do contexto em que ele vive, buscando ser apoio em sua formação;

- Conhecer a realidade da escola e contribuir no processo de integração entre jovem e instituição, construindo uma proposta de evangelização a partir da realidade dos próprios jovens estudantes.

Isso porque como Igreja somos chamados a viver em parceria com a juventude, conhecendo sua vida, seus desejos e necessidades. E, portanto, estabelecer laços de afetividade, coração com coração, a exemplo do Mestre Jesus, que no seu amor revelou o projeto do Pai de construção do Reino de Vida para todos e todas.

 

Juventude e cultura da liquidez

Diantede um contexto cultural pautado no descartável, no hedonismo exacerbado e no individualismo que conduz a pessoa à perda de referenciais de dignidade humana - realidade esta que mede o jovem por aquilo que possui, produz ou adquire - percebemos que tal situação dificulta a criação de vínculos sociais, levando a pessoa ao isolamento e dificultando sua interação social. Tal realidade desumaniza o jovem e provoca a despersonalização que conduz à perda de sentido da vida, falta de compromissos comunitários, desvalorização de projetos futuros, sobretudo na fase da adolescência e da juventude.

Somos desafiados a:

- Sair de nossa estrutura formalista, que procura justificar de modo racional a realidade e acolher, de modo incondicional, todo jovem, quebrando a visão do aparente, dos preconceitos e moralismos, para gerar processos de transformação e autonomia pessoal e social;

- Valorizar a pessoa na sua pessoalidade, respeitando seu estágio de desenvolvimento e incentivando-a no despertar de suas potencialidades e criatividade para que o jovem seja protagonista da própria história;

- Criar espaços e grupos de jovens para estimular a prática prazerosa da convivência a partir dos interesses e gostos dos jovens, que promovam experiências comunitárias significativas e motivem a construção de seu projeto de vida, pautado na realidade concreta, na responsabilidade cidadã e na busca da concretização de seus sonhos.

Em vista disso, sentimo-nos interpelados a defender e promover os valores evangélicos, estando presentes nas diversas realidades sociais, reconhecendo na diversidade juvenil grande possibilidade de crescimento pessoal e comunitário. A exemplo de Jesus, que acolheu incondicionalmente a todos, somos convocados a ir ao encontro do outro, a dar o primeiro passo, colaborando para inserir o jovem no grupo, na sociedade, reconhecendo-o como dom, como fez o Pai Misericordioso na sua acolhida incondicional ao filho mais jovem.

Diante desta realidade descartável e individualista, em que muitos jovens ficam à margem, somos desafiados a provocá-los a uma integração autêntica na sociedade como fez Santo Aníbal Maria de Francia, inspirado pelo versículo do Evangelho de Lucas: “A messe é grande e pouco são os operários...” Também nós somos chamados a olhar para esta realidade e assumir nosso papel de atenção ao jovem, propondo-lhes mudança de vida e integração no meio social em que vive. Assim como Jesus que diante do abandono do povo do seu tempo reconhece que falta um pastor e se apresenta como o Bom Pastor, que se compadece, acolhe, liberta, cura e mostra o Reino de Deus, que é de justiça, paz e fraternidade, também queremos ter as mesmas atitudes perante o jovem.

 

Juventude e comunicação

Diante de um mundo pautado pela velocidade comunicacional global, que altera a linguagem e os modos de expressão e interação, por meio de novos conceitos de tempo e espaço, deparamo-nos com a linguagem hipertextual das abreviações, dos novos símbolos e novas formas de conectividade da era virtual. Há, portanto, uma nova forma de agrupamento e relação intersubjetiva e interpessoal, mediada pelas máquinas de acesso à grande rede (internet).

Por outro lado, percebe-se um acento na linguagem do próprio corpo como comunicação. Cresce a busca pelo corpo perfeito, sarado, modelado pela cultura fitness, caracterizado pelas tatuagens, piercings e pelas roupas da moda. Também no campo espiritual há mudanças, o jovem busca uma religiosidade cada vez menos institucional e mais influenciada pela mídia e pelo mercado da fé, mesclando espiritualidade católica com a oriental, pentecostal e qualquer outra que lhe agrade. Essa diversidade pode ser percebida, inclusive, nos gostos musicais, no modo de se organizar em grupos e tribos, cada vez mais despersonalizadas e heterogêneas. Estas alterações da comunicação com suas linguagens provocam um novo modo de estar no mundo, de se organizar e de dar sentido à vida.

Sendo assim, sentimo-nos desafiados a:

- Entender as transformações da linguagem e da comunicação e, por conseguinte, a influência destas alterações neste novo sujeito jovem nascido em “tempos de mudanças”;

- Construir uma proposta de formação que dialogue com estas linguagens, que provoque a criticidade nos sujeitos de modo a construir com criatividade caminhos novos para apresentar a Boa-Notícia de Jesus, como sentido último para esta geração;

- Desenvolver novos modelos de agrupamentos, tanto virtuais como presenciais, nos quais a pessoa seja reconhecida pela sua originalidade, buscando caminhos de formação e acompanhamento pessoal, para combater a massificação juvenil, promovendo jovens autônomos e livres.

Estas propostas vão ao encontro com a práxis de Jesus, que soube se comunicar eficientemente com a cultura de seu tempo, usando a linguagem das parábolas. Portanto, somos desafiados a seguir os passos do Mestre e a comunicar de forma profética sem nos distanciarmos da cultura da virtualidade e das novas formas de comunicação nascidas com a “geração conectada”, promovendo ao mesmo tempo experiências profundas de relação interpessoal.

 

Alunos dos cursos de extensão universitária e pós-graduação em Pastoral Juvenil - UNISAL 2013 (Campus Pio XI). Mais informações sobre o curso: www.pio.unisal.br
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