Internacionais
Terça, 14 Mai 2013 11:02

Papa recebe Anuário Pontifício 2013

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    A Igreja Católica cresce no mundo, sobretudo na África e Ásia, enquanto a Europa continua registrando sinais negativos: esse é o dado que se constata no Anuário Pontifício 2013, apresentado ao Papa na manhã desta segunda-feira, 13 de maio, pelo cardeal secretário de Estado, Tarcisio Bertone, e pelo substituto dos Assuntos Gerais, dom Angelo Becciu.   A redação do novo Anuário foi feita sob os cuidados do encarregado do Setor Central de Estatística da Igreja. Nesse contexto foi também apresentado o Annuarium Statisticum Ecclesiae 2011. O Papa Francisco agradeceu pelo volume a ele presenteado mostrando interesse pelos dados ilustrados e expressando gratidão a todos aqueles que colaboraram na nova edição dos dois anuários.   Observa-se que no Anuário Pontifício 2013 se encontra duas vezes o nome Bento XVI: a primeira na série dos Sumo Pontífices, a segunda na página dedicada à Diocese de Roma, Sé do Vigário de Cristo, na qual é definido Sumo Pontífice emérito.   População católica Os católicos no mundo são 1 bilhão e 214 milhões (os dados referem-se a 2011); em 2010 eram 1 bilhão e 196 milhões. Portanto, houve um aumento relativo de 1,5%, e como esse crescimento resulta pouco superior ao da população mundial (1,23%), a presença dos católicos no mundo resulta substancialmente invariável (17,5%).   A análise territorial das variações no biênio mostra um aumento de 4,3% de católicos na África, que teve um crescimento populacional de 2,3%. Também no continente asiático foi registrado um aumento de católicos superior ao da população (2,0% contra 1,2%). Na América e na Europa verifica-se um gradual crescimento dos católicos e da população (0,3%).   Em 2011 o total dos católicos batizados é distribuído por continente da seguinte forma: 16% na África; 48,8% na América; 10,9% na Ásia; 23,5% na Europa e 0,8% na Oceania.   O número de bispos no mundo passou – de 2010 a 2011 – de 5.104 para 5.132, com um aumento de 0,55%. O incremento disse respeito, particularmente, à Oceania (+4,6%) e à África (+1,0%), enquanto a Ásia e a Europa se colocam pouco acima da média mundial. A América não registrou variações. Diante de tais dinâmicas diferenciadas, todavia, a distribuição dos bispos por continente permaneceu substancialmente estável no último biênio 2010 - 2011, com América e Europa que, sozinhas, continuam representando quase 70% do total.   Sacerdotes A presença dos sacerdotes – diocesanos e religiosos – no mundo aumentou no tempo, passando na última década dos 405.067 (31 de dezembro de 2001) para 413.418 (31 de dezembro de 2011), registrando um incremento de 2,1%.   Todavia, tal evolução não foi homogênea nas diferentes áreas geográficas. A dinâmica do número dos presbíteros na África e na Ásia resulta bastante confortadora, com + 39,5% e + 32,0% respectivamente (e com um incremento de mais de três mil unidades, para os dois continentes, somente em 2011); enquanto na América se mantém estacionária em torno de uma média de 120 mil unidades. Contracorrente em relação à média mundial, a Europa registrou no mesmo período (2001 – 2011) uma diminuição de mais de 9% de presbíteros.   Diáconos Por sua vez, os diáconos permanentes estão em forte expansão tanto em âmbito mundial quanto em cada continente, passando, ao todo, de mais de 29.000 em 2001 para 41.000 em 2011, com uma variação superior a 40%. Europa e América registram tanto a consistência numérica mais significativa, quanto a tendência de crescimento maior.   De fato, os diáconos europeus, pouco mais de nove mil em 2001, eram quase 14 mil em 2011, com um incremento de mais de 43%. Na América, de 19.100, em 2001, passaram para mais de 26.000 em 2011. Estes dois continentes representam sozinhos, 97,4% da consistência global, com o restante 2,6% subdividido entre África, Ásia e Oceania.   Religiosos O grupo dos religiosos professos não sacerdotes consolidou-se no mesmo período, posicionando-se em pouco mais de 55 mil unidades, em 2011. Na África e na Ásia observam-se variações de +18,5% e de +44,9%, respectivamente. Em 2011, estes dois continentes representavam, ao todo, uma cota de mais de 36% do total (eram menos de 28% em 2001).   Inversamente, o grupo constituído por Europa (com variação de -18%), América (-3,6%) e Oceania (-21,9%) registrou redução de quase 8 pontos percentuais entre 2001 e 2011.   No que tange às religiosas professas observa-se uma dinâmica fortemente decrescente, com uma contração de 10% no período de 2001 a 2011. Efetivamente, o número total de religiosas professas passou de mais de 800 mil unidades em 2001 para pouco mais de 700 mil, dez anos depois. A queda concerne a três continentes (Europa, América e Oceania), com variações também relevantes (-22% na Europa, -21% na Oceania e -17% na América).   Na África e Ásia, ao invés, o incremento foi decididamente constante, superior a 28% no primeiro continente, e superior a 18% no segundo. Consequentemente, a fração das religiosas professas na África e Ásia no total mundial passou de 24,4% para 33%, em detrimento da Europa e da América, cuja incidência se reduziu, no conjunto, de 74% para 66%.   Seminaristas Os candidatos ao sacerdócio no mundo – diocesanos e religiosos – passaram de 112.244 em 2001 para 120.616 em 2011, com um incremento de 7,5%. O crescimento foi muito diferente nos vários continentes. De fato, enquanto a África (+30,9%) e Ásia (+29,4%) mostraram dinâmicas evolutivas consistentes, a Europa e América registram uma contração de 21,7% e de 1,9%, respectivamente.   Consequentemente, observa-se um redimensionamento da contribuição do continente europeu para o crescimento potencial da renovação do quadro de sacerdotes, com uma cota que passa de 23,1% para 16,8%, frente a uma expansão dos continentes africano e asiático.   Circunscrições eclesiásticas Durante 2012 e até a eleição do Papa Francisco foram criadas 11 Sedes Episcopais, 2 Ordinariatos Pessoais, 1 Vicariato Apostólico e 1 Prefeitura Apostólica; 1 Prelazia Territorial foi elevada a Diocese e 2 Exarcados Apostólicos foram elevadas a Eparquias.   CNBB
Segunda, 06 Mai 2013 16:56

A acolhida ao Papa Francisco

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  (...) acolhamos o Papa Francisco, como o faria Dom Bosco, e, enquanto o confiamos ao cuidado e à guia materna de Maria Auxiliadora, lhe asseguremos o nosso afeto, a nossa obediência e a nossa mais sincera e decidida colaboração, neste tempo de nova evangelização (Padre Pascual Chávez Villanueva, em mensagem aos salesianos e a toda a Família Salesiana).   A Igreja Católica conheceu no dia 13 de março o seu 266º Papa: o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio. Jesuíta, com 76 anos de idade, o novo Sumo Pontífice é o primeiro Papa latino-americano e também o primeiro jesuíta da história da Igreja. Escolhido para suceder Bento 16, o cardeal argentino adotou o nome de Francisco em homenagem a São Francisco de Assis, um santo conhecido pela sua humildade e dedicação aos pobres. Logo após ser anunciado como o novo líder da Igreja, Jorge Mario Bergoglio apareceu na varanda central da Basílica de São Pedro, onde uma multidão de fiéis o aguardava para a sua primeira benção. No entanto, o Papa, em um gesto autêntico de humildade, pediu aos fiéis que primeiro o abençoassem no início de seu pontificado. “Antes de dar a sua primeira bênção como Pontífice, ele nos pediu que o abençoássemos. Em profundo silêncio, cada qual o fez do mais fundo do seu coração, deixando-se guiar pelo Espírito (...)”, relatou o reitor-mor dos salesianos, padre Pascual Chávez Villanueva, em sua mensagem à Família Salesiana.  
O processo de canonização do Papa João Paulo II está procedendo a passos largos e já se fala que ele poderá ser proclamado santo no próximo mês de outubro. Na semana passada, a consulta dos médicos da Congregação das Causas dos Santos reconheceu como inexplicável uma cura de uma mulher atribuída ao bem-aventurado João Paulo II.   O possível milagre deverá ser aprovado também pela comissão de teólogos e cardeais, levando o Papa polonês a ser reconhecido santo em tempo recorde, em apenas oito anos desde sua morte.   O processo é realizado com discrição. Em janeiro deste ano, o postulador da causa, monsenhor Slawomir Oder, apresentou para um parecer preliminar uma cura milagrosa à Congregação vaticana dos Santos. Dois médicos da consulta vaticana examinaram previamente este novo caso, dando ambos um parecer favorável. Então toda a prática foi apresentada oficialmente ao dicastério, que o inseriu imediatamente na agenda dos trabalhos.   Na semana passada, houve debate de uma comissão de sete médicos e o parecer foi favorável. É evidente a vontade da Congregação para as Causas dos Santos, que tem o aval também de Papa Francisco, em terminar todo o processo com a canonização do papa polonês.   Em maio, será realizada a congregação dos teólogos e dos cardeais da Congregação para as Causas dos santos e, em junho, o Consistório ordinário com a aprovação do Papa.   Canção Nova
O padre salesiano André Torres, pároco da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, em São Paulo, foi nomeado pelo arcebispo de São Paulo, o cardeal Dom Odilo Scherer, como novo assessor do Setor Juventude da Arquidiocese de São Paulo. O ato de nomeação foi assinado no dia 31 de março e publicado no dia 4 de abril.   A primeira reunião oficial na nova função será realizada neste sábado, 6 de abril, no Centro Pastoral São José, na Região Episcopal Belém. Além da nova função de assessor do Setor Juventude da Arquidiocese de São Paulo, padre André continuará exercendo a função de referencial para a juventude no Regional Sul 1 (Estado de São Paulo) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).   A participação salesiana em serviços maiores não é nova. O presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB, Dom Pinheiro, também é salesiano, assim como o padre Antônio Ramos do Prado (Pe. Toninho), assessor da mesma comissão. Dom Tarcísio Scaramussa, referencial para a juventude na Arquidiocese de São Paulo, e outros muitos religiosos no Brasil e mundo afora, mostrando a comunhão e o comprometimento com a Igreja e com os jovens, razão da existência da congregação.   Inspetoria Salesiana de São Paulo
Sábado, 23 Março 2013 15:48

A cruz de Jesus e as cruzes da juventude

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  O tempo da Quaresma e a Campanha da Fraternidade 2013, que este ano tem a juventude como tema, propiciam um momento especial para refletir sobre o significado da Cruz.   O Evangelho de Jesus foi escrito trinta anos após sua morte. Os discípulos anunciam Jesus e atraem mais seguidores em todas as partes do extenso império romano. Começam as perseguições. Assim como Cristo foi perseguido, torturado e crucificado, também muitos de seus discípulos passam pela mesma situação. Paulo (1Cor 1, 17ss) afirma que a cruz de Cristo é escândalo e loucura. Os romanos tinham três tipos de execução que eram considerados os mais aviltantes de todos: agonizar na cruz, ser devorado pelas feras ou ser queimado vivo na fogueira. A crucifixão não era uma simples execução, mas uma lenta tortura. A flagelação faz parte da execução. Ela era um ato público que não era aplicada aos cidadãos romanos. Havia crucifixões em massa. De acordo com a tradição dos judeus, um homem pendurado numa árvore é uma maldição de Deus. Assim, além da dor, acrescenta-se a maldição.   E Jesus, por que foi condenado e morto na cruz? Jesus foi condenado porque se insurgiu contra o templo. Este foi o último ato da vida pública de Jesus. Os romanos o condenaram como um perturbador indesejável. Jesus é morto por ser perigoso. O profeta do Reino de Deus foi morto pelo representante do Império Romano por instigação e iniciativa da aristocracia do templo. Em uma manhã de abril do ano 30, se encontram frente a frente um réu manietado e indefeso chamado Jesus de Nazaré e o representante do mais poderoso sistema imperial que a história conheceu, Pôncio Pilatos. Deus Pai enviou seu Filho ao mundo para que o mundo fosse salvo. Deus nos ama a ponto de entregar seu próprio Filho (Jo 3,16). A grande opção de Deus assumida por Jesus foi a salvação do mundo pelo serviço e não pela dominação. Esperava-se um Messias dominador, e veio um Messias sofredor, servidor. A vida de Jesus foi uma constante tentação entre o serviço e a dominação. O Evangelho da tentação de Jesus relata isto... Os discípulos também são tentados e tentam Jesus. Jesus morreu na cruz porque foi fiel à sua missão de servo e não de Senhor e dominador. A cruz de Jesus é consequência do estilo de vida que escolheu. A resposta foi a ressurreição de Jesus para a glória. Vida como Jesus viveu não pode morrer. A ressurreição de Jesus é a resposta do amor de Deus à entrega total de Jesus. A ressurreição de Jesus vem afirmar que Deus não se coloca do lado dos que crucificam, dos que excluem, mas sim ao lado dos crucificados, dos excluídos.   A cruz de Jesus e as cruzes do mundo No mundo há muitas cruzes que causam sofrimento. Há três tipos de cruzes, três tipos de sofrimento: - A cruz da condição humana: Como criaturas, somos limitados. Isto pode nos causar dor e sofrimento muitas vezes. A morte natural de um ente querido, a ansiedade de uma escolha, a fragilidade das amizades, tudo isso nos causa dor. Não há como se rebelar contra isso. Aceita-se. - A cruz da maldade humana. Há muito sofrimento inútil no mundo, fruto da injustiça. Uma criança que morre na fila do hospital, um adolescente drogado, um jovem sem emprego... tudo isso é uma cruz muito grande. Não se pode aceitar. Rejeita-se. - A cruz da solidariedade humana. Há muita gente que, além do seu sofrimento, procura ajudar os outros a carregar a sua cruz, sobretudo a da maldade humana. Não se conformam com o sofrimento inútil e buscam o sofrimento e a cruz como forma de solidariedade com quem sofre. Assim foi Jesus. Embora não tenha pecado, assumiu as consequências do pecado da humanidade e sofreu para tirar o sofrimento do mundo.   O jovem e a cruz Estas cruzes também estão presentes na vida dos jovens. Não existe vida fácil para ninguém. É gostoso ser jovem. É alegre ser jovem, mas também é um desafio ser jovem. No Brasil, por exemplo, há uma paridade entre meninos e meninas por ocasião do nascimento. No entanto, na adolescência e juventude, o número de rapazes é muito menor que o de meninas. A morte ronda os rapazes. São eles que mais morrem nos acidentes de trânsito, na overdose de drogas, nos homicídios e latrocínios, nos acidentes de trabalho... Estas cruzes são violentas e causam muita dor. A massa juvenil, sobretudo dos jovens cristãos, não pode ficar indiferente a essa situação. Um jovem ferido, injustiçado, desmoralizado, banalizado... é um desafio para os outros jovens. Antigamente se dizia que era preciso evitar as más companhias. Hoje, deve-se dizer que é preciso incentivar as boas companhias. Dom Bosco dizia que não são os bons que devem ter medo dos maus, mas justamente o contrário. Neste aspecto, Jesus é o nosso grande modelo. Assumiu as dores o mundo, não para se conformar com elas, mas justamente para tirá-las do mundo.   A cruz como símbolo As cruzes nos tribunais, nas casas de família, nas salas de aula, nos cemitérios, nas tatuagens, nos peitos das pessoas, é uma lembrança de que Jesus Cristo morreu na cruz para tirar as cruzes, o sofrimento do mundo. Jesus poderia ter salvo o mundo pela prepotência, pelo poderio, pela destruição poderosa do mal. O caminho assumido por ele foi o do serviço. A cruz de Jesus significa rebaixamento, humilhação, enfraquecimento de Deus para quebrar todas as prepotências do mundo. Um jovem prevalecido, prepotente, é um sinal de que o mundo não tem cura. Ao contrário, um jovem humilde sem ser subserviente, um jovem generoso sem se deixar explorar, é um sinal de que o mundo tem esperança, tem ressurreição.   Padre Marcos Sandrini, SDB, é diretor da Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre, RS.
“Proteger”, defender, “guardar” bem cada pessoa e toda a criação, com grande respeito, amor e ternura: esta a mensagem central da homilia do Papa Francisco na Missa de início do seu ministério petrino, na manhã de 19 de março, na Praça de São Pedro, na festa de São José, patrono da Igreja universal. “Uma coincidência densa de significado” – observou o Papa, que recordou ser esse o nome do seu “venerado Predecessor”: “acompanhamo-lo com a oração, cheia de estima e reconhecimento”. Toda a homilia se concentrou no modo como são José viveu a sua missão de proteger e defender Jesus. “Com discrição, com humildade, no silêncio, mas com uma presença constante e uma fidelidade total, mesmo quando não consegue entender.” Desde o casamento com Maria até ao episódio de Jesus…no templo de Jerusalém, ele acompanha com solicitude e amor cada momento. Permanece ao lado de Maria… nos momentos serenos como nos momentos difíceis da vida… assim como também na vida quotidiana da casa de Nazaré, na carpintaria onde ensinou o ofício a Jesus… … José a sua vocação de guardião de Maria, de Jesus, da Igreja… numa constante atenção a Deus, aberto aos seus sinais, disponível mais ao projecto d’Ele que ao seu… Nele, queridos amigos, vemos como se responde à vocação de Deus: com disponibilidade e prontidão; mas vemos também qual é o centro da vocação cristã: Cristo. Guardemos Cristo na nossa vida, para guardar os outros, para guardar a criação! – sublinhou o Papa. “Entretanto a vocação de guardião não diz respeito apenas a nós, cristãos, mas tem uma dimensão antecedente, que é simplesmente humana e diz respeito a todos: é a de guardar a criação inteira, a beleza da criação, como se diz no livro de Génesis e nos mostrou São Francisco de Assis: é ter respeito por toda a criatura de Deus e pelo ambiente onde vivemos. É guardar as pessoas, cuidar carinhosamente de todas elas e cada uma, especialmente das crianças, dos idosos, daqueles que são mais frágeis e que muitas vezes estão na periferia do nosso coração.” Proteger e “guardar” como José – advertiu Papa Francisco, é também “viver com sinceridade as amizades, que são um mútuo guardar-se na intimidade, no respeito e no bem. Fundamentalmente tudo está confiado à guarda do homem, e é uma responsabilidade que nos diz respeito a todos. Sede guardiões dos dons de Deus”. Quando o homem falha nesta responsabilidade, quando não cuidamos da criação e dos irmãos, então tem lugar a destruição, o coração fica ressequido… “Queria pedir, por favor, a quantos ocupam cargos de responsabilidade em âmbito económico, político ou social, a todos os homens e mulheres de boa vontade: sejamos «guardiões» da criação, do desígnio de Deus inscrito na natureza, guardiões do outro, do ambiente; não deixemos que sinais de destruição e morte acompanhem o caminho deste nosso mundo! Mas, para «guardar», devemos também cuidar de nós mesmos. Lembremo-nos de que o ódio, a inveja, o orgulho sujam a vida; então guardar quer dizer vigiar sobre os nossos sentimentos, o nosso coração, porque é dele que saem as boas intenções e as más: aquelas que edificam e as que destroem. Não devemos ter medo de bondade, ou mesmo de ternura.”   Papa Francisco insistiu: “cuidar, guardar requer bondade, requer ser praticado com ternura” São José é homem forte, corajoso, trabalhador, mas, no íntimo, sobressai uma grande ternura, que não é a virtude dos fracos, antes pelo contrário denota fortaleza de ânimo e capacidade de solicitude, de compaixão, de verdadeira abertura ao outro, de amor. Não devemos ter medo da bondade, da ternura! Neste contexto, o Papa fez uma referência – a única – ao “início do ministério do novo Bispo de Roma, Sucessor de Pedro”, que – reconheceu – “inclui também um poder… Jesus deu um poder a Pedro, mas de que poder se trata?”  “Não esqueçamos jamais que o verdadeiro poder é o serviço, e que o próprio Papa, para exercer o poder, deve entrar sempre mais naquele serviço que tem o seu vértice luminoso na Cruz; deve olhar para o serviço humilde, concreto, rico de fé, de São José e, como ele, abrir os braços para guardar todo o Povo de Deus e acolher, com afecto e ternura, a humanidade inteira, especialmente os mais pobres, os mais fracos, os mais pequeninos, aqueles que Mateus descreve no Juízo final sobre a caridade: quem tem fome, sede, é estrangeiro, está nu, doente, na prisão (cf. Mt 25, 31-46). Só quem serve com amor é capaz de proteger.” A concluir. Papa Francisco referiu ainda a segunda Leitura, em que São Paulo fala de Abraão, que acreditou «com uma esperança, para além do que se podia esperar». Hoje, em dia, perante tantas nuvens escuras, há muita necessidade de esperança! “Guardar a criação, cada homem e cada mulher, com um olhar de ternura e amor, é abrir o horizonte da esperança, é abrir um rasgo de luz no meio de tantas nuvens, é levar o calor da esperança!”  “Guardar Jesus com Maria, guardar a criação inteira, guardar toda a pessoa, especialmente a mais pobre, guardarmo-nos a nós mesmos: eis um serviço que o Bispo de Roma está chamado a cumprir, mas para o qual todos nós estamos chamados, fazendo resplandecer a estrela da esperança: Guardemos com amor aquilo que Deus nos deu!Peço a intercessão da Virgem Maria, de São José, de São Pedro e São Paulo, de São Francisco, para que o Espírito Santo acompanhe o meu ministério, e, a todos vós, digo: rezai por mim! Amém!”
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Terça, 14 Mai 2013 11:02

Papa recebe Anuário Pontifício 2013

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    A Igreja Católica cresce no mundo, sobretudo na África e Ásia, enquanto a Europa continua registrando sinais negativos: esse é o dado que se constata no Anuário Pontifício 2013, apresentado ao Papa na manhã desta segunda-feira, 13 de maio, pelo cardeal secretário de Estado, Tarcisio Bertone, e pelo substituto dos Assuntos Gerais, dom Angelo Becciu.   A redação do novo Anuário foi feita sob os cuidados do encarregado do Setor Central de Estatística da Igreja. Nesse contexto foi também apresentado o Annuarium Statisticum Ecclesiae 2011. O Papa Francisco agradeceu pelo volume a ele presenteado mostrando interesse pelos dados ilustrados e expressando gratidão a todos aqueles que colaboraram na nova edição dos dois anuários.   Observa-se que no Anuário Pontifício 2013 se encontra duas vezes o nome Bento XVI: a primeira na série dos Sumo Pontífices, a segunda na página dedicada à Diocese de Roma, Sé do Vigário de Cristo, na qual é definido Sumo Pontífice emérito.   População católica Os católicos no mundo são 1 bilhão e 214 milhões (os dados referem-se a 2011); em 2010 eram 1 bilhão e 196 milhões. Portanto, houve um aumento relativo de 1,5%, e como esse crescimento resulta pouco superior ao da população mundial (1,23%), a presença dos católicos no mundo resulta substancialmente invariável (17,5%).   A análise territorial das variações no biênio mostra um aumento de 4,3% de católicos na África, que teve um crescimento populacional de 2,3%. Também no continente asiático foi registrado um aumento de católicos superior ao da população (2,0% contra 1,2%). Na América e na Europa verifica-se um gradual crescimento dos católicos e da população (0,3%).   Em 2011 o total dos católicos batizados é distribuído por continente da seguinte forma: 16% na África; 48,8% na América; 10,9% na Ásia; 23,5% na Europa e 0,8% na Oceania.   O número de bispos no mundo passou – de 2010 a 2011 – de 5.104 para 5.132, com um aumento de 0,55%. O incremento disse respeito, particularmente, à Oceania (+4,6%) e à África (+1,0%), enquanto a Ásia e a Europa se colocam pouco acima da média mundial. A América não registrou variações. Diante de tais dinâmicas diferenciadas, todavia, a distribuição dos bispos por continente permaneceu substancialmente estável no último biênio 2010 - 2011, com América e Europa que, sozinhas, continuam representando quase 70% do total.   Sacerdotes A presença dos sacerdotes – diocesanos e religiosos – no mundo aumentou no tempo, passando na última década dos 405.067 (31 de dezembro de 2001) para 413.418 (31 de dezembro de 2011), registrando um incremento de 2,1%.   Todavia, tal evolução não foi homogênea nas diferentes áreas geográficas. A dinâmica do número dos presbíteros na África e na Ásia resulta bastante confortadora, com + 39,5% e + 32,0% respectivamente (e com um incremento de mais de três mil unidades, para os dois continentes, somente em 2011); enquanto na América se mantém estacionária em torno de uma média de 120 mil unidades. Contracorrente em relação à média mundial, a Europa registrou no mesmo período (2001 – 2011) uma diminuição de mais de 9% de presbíteros.   Diáconos Por sua vez, os diáconos permanentes estão em forte expansão tanto em âmbito mundial quanto em cada continente, passando, ao todo, de mais de 29.000 em 2001 para 41.000 em 2011, com uma variação superior a 40%. Europa e América registram tanto a consistência numérica mais significativa, quanto a tendência de crescimento maior.   De fato, os diáconos europeus, pouco mais de nove mil em 2001, eram quase 14 mil em 2011, com um incremento de mais de 43%. Na América, de 19.100, em 2001, passaram para mais de 26.000 em 2011. Estes dois continentes representam sozinhos, 97,4% da consistência global, com o restante 2,6% subdividido entre África, Ásia e Oceania.   Religiosos O grupo dos religiosos professos não sacerdotes consolidou-se no mesmo período, posicionando-se em pouco mais de 55 mil unidades, em 2011. Na África e na Ásia observam-se variações de +18,5% e de +44,9%, respectivamente. Em 2011, estes dois continentes representavam, ao todo, uma cota de mais de 36% do total (eram menos de 28% em 2001).   Inversamente, o grupo constituído por Europa (com variação de -18%), América (-3,6%) e Oceania (-21,9%) registrou redução de quase 8 pontos percentuais entre 2001 e 2011.   No que tange às religiosas professas observa-se uma dinâmica fortemente decrescente, com uma contração de 10% no período de 2001 a 2011. Efetivamente, o número total de religiosas professas passou de mais de 800 mil unidades em 2001 para pouco mais de 700 mil, dez anos depois. A queda concerne a três continentes (Europa, América e Oceania), com variações também relevantes (-22% na Europa, -21% na Oceania e -17% na América).   Na África e Ásia, ao invés, o incremento foi decididamente constante, superior a 28% no primeiro continente, e superior a 18% no segundo. Consequentemente, a fração das religiosas professas na África e Ásia no total mundial passou de 24,4% para 33%, em detrimento da Europa e da América, cuja incidência se reduziu, no conjunto, de 74% para 66%.   Seminaristas Os candidatos ao sacerdócio no mundo – diocesanos e religiosos – passaram de 112.244 em 2001 para 120.616 em 2011, com um incremento de 7,5%. O crescimento foi muito diferente nos vários continentes. De fato, enquanto a África (+30,9%) e Ásia (+29,4%) mostraram dinâmicas evolutivas consistentes, a Europa e América registram uma contração de 21,7% e de 1,9%, respectivamente.   Consequentemente, observa-se um redimensionamento da contribuição do continente europeu para o crescimento potencial da renovação do quadro de sacerdotes, com uma cota que passa de 23,1% para 16,8%, frente a uma expansão dos continentes africano e asiático.   Circunscrições eclesiásticas Durante 2012 e até a eleição do Papa Francisco foram criadas 11 Sedes Episcopais, 2 Ordinariatos Pessoais, 1 Vicariato Apostólico e 1 Prefeitura Apostólica; 1 Prelazia Territorial foi elevada a Diocese e 2 Exarcados Apostólicos foram elevadas a Eparquias.   CNBB
Segunda, 06 Mai 2013 16:56

A acolhida ao Papa Francisco

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  (...) acolhamos o Papa Francisco, como o faria Dom Bosco, e, enquanto o confiamos ao cuidado e à guia materna de Maria Auxiliadora, lhe asseguremos o nosso afeto, a nossa obediência e a nossa mais sincera e decidida colaboração, neste tempo de nova evangelização (Padre Pascual Chávez Villanueva, em mensagem aos salesianos e a toda a Família Salesiana).   A Igreja Católica conheceu no dia 13 de março o seu 266º Papa: o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio. Jesuíta, com 76 anos de idade, o novo Sumo Pontífice é o primeiro Papa latino-americano e também o primeiro jesuíta da história da Igreja. Escolhido para suceder Bento 16, o cardeal argentino adotou o nome de Francisco em homenagem a São Francisco de Assis, um santo conhecido pela sua humildade e dedicação aos pobres. Logo após ser anunciado como o novo líder da Igreja, Jorge Mario Bergoglio apareceu na varanda central da Basílica de São Pedro, onde uma multidão de fiéis o aguardava para a sua primeira benção. No entanto, o Papa, em um gesto autêntico de humildade, pediu aos fiéis que primeiro o abençoassem no início de seu pontificado. “Antes de dar a sua primeira bênção como Pontífice, ele nos pediu que o abençoássemos. Em profundo silêncio, cada qual o fez do mais fundo do seu coração, deixando-se guiar pelo Espírito (...)”, relatou o reitor-mor dos salesianos, padre Pascual Chávez Villanueva, em sua mensagem à Família Salesiana.  
O processo de canonização do Papa João Paulo II está procedendo a passos largos e já se fala que ele poderá ser proclamado santo no próximo mês de outubro. Na semana passada, a consulta dos médicos da Congregação das Causas dos Santos reconheceu como inexplicável uma cura de uma mulher atribuída ao bem-aventurado João Paulo II.   O possível milagre deverá ser aprovado também pela comissão de teólogos e cardeais, levando o Papa polonês a ser reconhecido santo em tempo recorde, em apenas oito anos desde sua morte.   O processo é realizado com discrição. Em janeiro deste ano, o postulador da causa, monsenhor Slawomir Oder, apresentou para um parecer preliminar uma cura milagrosa à Congregação vaticana dos Santos. Dois médicos da consulta vaticana examinaram previamente este novo caso, dando ambos um parecer favorável. Então toda a prática foi apresentada oficialmente ao dicastério, que o inseriu imediatamente na agenda dos trabalhos.   Na semana passada, houve debate de uma comissão de sete médicos e o parecer foi favorável. É evidente a vontade da Congregação para as Causas dos Santos, que tem o aval também de Papa Francisco, em terminar todo o processo com a canonização do papa polonês.   Em maio, será realizada a congregação dos teólogos e dos cardeais da Congregação para as Causas dos santos e, em junho, o Consistório ordinário com a aprovação do Papa.   Canção Nova
O padre salesiano André Torres, pároco da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, em São Paulo, foi nomeado pelo arcebispo de São Paulo, o cardeal Dom Odilo Scherer, como novo assessor do Setor Juventude da Arquidiocese de São Paulo. O ato de nomeação foi assinado no dia 31 de março e publicado no dia 4 de abril.   A primeira reunião oficial na nova função será realizada neste sábado, 6 de abril, no Centro Pastoral São José, na Região Episcopal Belém. Além da nova função de assessor do Setor Juventude da Arquidiocese de São Paulo, padre André continuará exercendo a função de referencial para a juventude no Regional Sul 1 (Estado de São Paulo) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).   A participação salesiana em serviços maiores não é nova. O presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB, Dom Pinheiro, também é salesiano, assim como o padre Antônio Ramos do Prado (Pe. Toninho), assessor da mesma comissão. Dom Tarcísio Scaramussa, referencial para a juventude na Arquidiocese de São Paulo, e outros muitos religiosos no Brasil e mundo afora, mostrando a comunhão e o comprometimento com a Igreja e com os jovens, razão da existência da congregação.   Inspetoria Salesiana de São Paulo
Sábado, 23 Março 2013 15:48

A cruz de Jesus e as cruzes da juventude

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  O tempo da Quaresma e a Campanha da Fraternidade 2013, que este ano tem a juventude como tema, propiciam um momento especial para refletir sobre o significado da Cruz.   O Evangelho de Jesus foi escrito trinta anos após sua morte. Os discípulos anunciam Jesus e atraem mais seguidores em todas as partes do extenso império romano. Começam as perseguições. Assim como Cristo foi perseguido, torturado e crucificado, também muitos de seus discípulos passam pela mesma situação. Paulo (1Cor 1, 17ss) afirma que a cruz de Cristo é escândalo e loucura. Os romanos tinham três tipos de execução que eram considerados os mais aviltantes de todos: agonizar na cruz, ser devorado pelas feras ou ser queimado vivo na fogueira. A crucifixão não era uma simples execução, mas uma lenta tortura. A flagelação faz parte da execução. Ela era um ato público que não era aplicada aos cidadãos romanos. Havia crucifixões em massa. De acordo com a tradição dos judeus, um homem pendurado numa árvore é uma maldição de Deus. Assim, além da dor, acrescenta-se a maldição.   E Jesus, por que foi condenado e morto na cruz? Jesus foi condenado porque se insurgiu contra o templo. Este foi o último ato da vida pública de Jesus. Os romanos o condenaram como um perturbador indesejável. Jesus é morto por ser perigoso. O profeta do Reino de Deus foi morto pelo representante do Império Romano por instigação e iniciativa da aristocracia do templo. Em uma manhã de abril do ano 30, se encontram frente a frente um réu manietado e indefeso chamado Jesus de Nazaré e o representante do mais poderoso sistema imperial que a história conheceu, Pôncio Pilatos. Deus Pai enviou seu Filho ao mundo para que o mundo fosse salvo. Deus nos ama a ponto de entregar seu próprio Filho (Jo 3,16). A grande opção de Deus assumida por Jesus foi a salvação do mundo pelo serviço e não pela dominação. Esperava-se um Messias dominador, e veio um Messias sofredor, servidor. A vida de Jesus foi uma constante tentação entre o serviço e a dominação. O Evangelho da tentação de Jesus relata isto... Os discípulos também são tentados e tentam Jesus. Jesus morreu na cruz porque foi fiel à sua missão de servo e não de Senhor e dominador. A cruz de Jesus é consequência do estilo de vida que escolheu. A resposta foi a ressurreição de Jesus para a glória. Vida como Jesus viveu não pode morrer. A ressurreição de Jesus é a resposta do amor de Deus à entrega total de Jesus. A ressurreição de Jesus vem afirmar que Deus não se coloca do lado dos que crucificam, dos que excluem, mas sim ao lado dos crucificados, dos excluídos.   A cruz de Jesus e as cruzes do mundo No mundo há muitas cruzes que causam sofrimento. Há três tipos de cruzes, três tipos de sofrimento: - A cruz da condição humana: Como criaturas, somos limitados. Isto pode nos causar dor e sofrimento muitas vezes. A morte natural de um ente querido, a ansiedade de uma escolha, a fragilidade das amizades, tudo isso nos causa dor. Não há como se rebelar contra isso. Aceita-se. - A cruz da maldade humana. Há muito sofrimento inútil no mundo, fruto da injustiça. Uma criança que morre na fila do hospital, um adolescente drogado, um jovem sem emprego... tudo isso é uma cruz muito grande. Não se pode aceitar. Rejeita-se. - A cruz da solidariedade humana. Há muita gente que, além do seu sofrimento, procura ajudar os outros a carregar a sua cruz, sobretudo a da maldade humana. Não se conformam com o sofrimento inútil e buscam o sofrimento e a cruz como forma de solidariedade com quem sofre. Assim foi Jesus. Embora não tenha pecado, assumiu as consequências do pecado da humanidade e sofreu para tirar o sofrimento do mundo.   O jovem e a cruz Estas cruzes também estão presentes na vida dos jovens. Não existe vida fácil para ninguém. É gostoso ser jovem. É alegre ser jovem, mas também é um desafio ser jovem. No Brasil, por exemplo, há uma paridade entre meninos e meninas por ocasião do nascimento. No entanto, na adolescência e juventude, o número de rapazes é muito menor que o de meninas. A morte ronda os rapazes. São eles que mais morrem nos acidentes de trânsito, na overdose de drogas, nos homicídios e latrocínios, nos acidentes de trabalho... Estas cruzes são violentas e causam muita dor. A massa juvenil, sobretudo dos jovens cristãos, não pode ficar indiferente a essa situação. Um jovem ferido, injustiçado, desmoralizado, banalizado... é um desafio para os outros jovens. Antigamente se dizia que era preciso evitar as más companhias. Hoje, deve-se dizer que é preciso incentivar as boas companhias. Dom Bosco dizia que não são os bons que devem ter medo dos maus, mas justamente o contrário. Neste aspecto, Jesus é o nosso grande modelo. Assumiu as dores o mundo, não para se conformar com elas, mas justamente para tirá-las do mundo.   A cruz como símbolo As cruzes nos tribunais, nas casas de família, nas salas de aula, nos cemitérios, nas tatuagens, nos peitos das pessoas, é uma lembrança de que Jesus Cristo morreu na cruz para tirar as cruzes, o sofrimento do mundo. Jesus poderia ter salvo o mundo pela prepotência, pelo poderio, pela destruição poderosa do mal. O caminho assumido por ele foi o do serviço. A cruz de Jesus significa rebaixamento, humilhação, enfraquecimento de Deus para quebrar todas as prepotências do mundo. Um jovem prevalecido, prepotente, é um sinal de que o mundo não tem cura. Ao contrário, um jovem humilde sem ser subserviente, um jovem generoso sem se deixar explorar, é um sinal de que o mundo tem esperança, tem ressurreição.   Padre Marcos Sandrini, SDB, é diretor da Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre, RS.
“Proteger”, defender, “guardar” bem cada pessoa e toda a criação, com grande respeito, amor e ternura: esta a mensagem central da homilia do Papa Francisco na Missa de início do seu ministério petrino, na manhã de 19 de março, na Praça de São Pedro, na festa de São José, patrono da Igreja universal. “Uma coincidência densa de significado” – observou o Papa, que recordou ser esse o nome do seu “venerado Predecessor”: “acompanhamo-lo com a oração, cheia de estima e reconhecimento”. Toda a homilia se concentrou no modo como são José viveu a sua missão de proteger e defender Jesus. “Com discrição, com humildade, no silêncio, mas com uma presença constante e uma fidelidade total, mesmo quando não consegue entender.” Desde o casamento com Maria até ao episódio de Jesus…no templo de Jerusalém, ele acompanha com solicitude e amor cada momento. Permanece ao lado de Maria… nos momentos serenos como nos momentos difíceis da vida… assim como também na vida quotidiana da casa de Nazaré, na carpintaria onde ensinou o ofício a Jesus… … José a sua vocação de guardião de Maria, de Jesus, da Igreja… numa constante atenção a Deus, aberto aos seus sinais, disponível mais ao projecto d’Ele que ao seu… Nele, queridos amigos, vemos como se responde à vocação de Deus: com disponibilidade e prontidão; mas vemos também qual é o centro da vocação cristã: Cristo. Guardemos Cristo na nossa vida, para guardar os outros, para guardar a criação! – sublinhou o Papa. “Entretanto a vocação de guardião não diz respeito apenas a nós, cristãos, mas tem uma dimensão antecedente, que é simplesmente humana e diz respeito a todos: é a de guardar a criação inteira, a beleza da criação, como se diz no livro de Génesis e nos mostrou São Francisco de Assis: é ter respeito por toda a criatura de Deus e pelo ambiente onde vivemos. É guardar as pessoas, cuidar carinhosamente de todas elas e cada uma, especialmente das crianças, dos idosos, daqueles que são mais frágeis e que muitas vezes estão na periferia do nosso coração.” Proteger e “guardar” como José – advertiu Papa Francisco, é também “viver com sinceridade as amizades, que são um mútuo guardar-se na intimidade, no respeito e no bem. Fundamentalmente tudo está confiado à guarda do homem, e é uma responsabilidade que nos diz respeito a todos. Sede guardiões dos dons de Deus”. Quando o homem falha nesta responsabilidade, quando não cuidamos da criação e dos irmãos, então tem lugar a destruição, o coração fica ressequido… “Queria pedir, por favor, a quantos ocupam cargos de responsabilidade em âmbito económico, político ou social, a todos os homens e mulheres de boa vontade: sejamos «guardiões» da criação, do desígnio de Deus inscrito na natureza, guardiões do outro, do ambiente; não deixemos que sinais de destruição e morte acompanhem o caminho deste nosso mundo! Mas, para «guardar», devemos também cuidar de nós mesmos. Lembremo-nos de que o ódio, a inveja, o orgulho sujam a vida; então guardar quer dizer vigiar sobre os nossos sentimentos, o nosso coração, porque é dele que saem as boas intenções e as más: aquelas que edificam e as que destroem. Não devemos ter medo de bondade, ou mesmo de ternura.”   Papa Francisco insistiu: “cuidar, guardar requer bondade, requer ser praticado com ternura” São José é homem forte, corajoso, trabalhador, mas, no íntimo, sobressai uma grande ternura, que não é a virtude dos fracos, antes pelo contrário denota fortaleza de ânimo e capacidade de solicitude, de compaixão, de verdadeira abertura ao outro, de amor. Não devemos ter medo da bondade, da ternura! Neste contexto, o Papa fez uma referência – a única – ao “início do ministério do novo Bispo de Roma, Sucessor de Pedro”, que – reconheceu – “inclui também um poder… Jesus deu um poder a Pedro, mas de que poder se trata?”  “Não esqueçamos jamais que o verdadeiro poder é o serviço, e que o próprio Papa, para exercer o poder, deve entrar sempre mais naquele serviço que tem o seu vértice luminoso na Cruz; deve olhar para o serviço humilde, concreto, rico de fé, de São José e, como ele, abrir os braços para guardar todo o Povo de Deus e acolher, com afecto e ternura, a humanidade inteira, especialmente os mais pobres, os mais fracos, os mais pequeninos, aqueles que Mateus descreve no Juízo final sobre a caridade: quem tem fome, sede, é estrangeiro, está nu, doente, na prisão (cf. Mt 25, 31-46). Só quem serve com amor é capaz de proteger.” A concluir. Papa Francisco referiu ainda a segunda Leitura, em que São Paulo fala de Abraão, que acreditou «com uma esperança, para além do que se podia esperar». Hoje, em dia, perante tantas nuvens escuras, há muita necessidade de esperança! “Guardar a criação, cada homem e cada mulher, com um olhar de ternura e amor, é abrir o horizonte da esperança, é abrir um rasgo de luz no meio de tantas nuvens, é levar o calor da esperança!”  “Guardar Jesus com Maria, guardar a criação inteira, guardar toda a pessoa, especialmente a mais pobre, guardarmo-nos a nós mesmos: eis um serviço que o Bispo de Roma está chamado a cumprir, mas para o qual todos nós estamos chamados, fazendo resplandecer a estrela da esperança: Guardemos com amor aquilo que Deus nos deu!Peço a intercessão da Virgem Maria, de São José, de São Pedro e São Paulo, de São Francisco, para que o Espírito Santo acompanhe o meu ministério, e, a todos vós, digo: rezai por mim! Amém!”