Foi sob o tema “Justiça e profecia a serviço da vida” e o lema “CEBs romeiras do Reino no campo e na cidade”, que representantes das Comunidades Eclesiais de Base de todo o país se reuniram no Ceará para participar do 13º Intereclesial das CEBs. O evento, realizado de 7 a 11 de janeiro, levou para a terra do padre Cícero lideranças indígenas do Brasil, lideranças de organizações não-governamentais e representantes da Igreja Católica para juntos avaliarem a atuação das CEBs em sua luta, permanente, contra as desigualdades sociais.
A abertura oficial do 13º Intereclesial foi realizada na noite de 7 de janeiro, na Praça da Igreja dos Frades Capuchinos, e contou com a saudação do bispo da Diocese de Crato, dom Fernando Panico, conforme publicado no site da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil: “Em nome desta diocese de Crato que celebra o jubileu dos 100 anos de caminhada e em comunhão com a Igreja no Ceará, vos acolho com alegria, respeito, admiração e confiança”, disse dom Fernando.
Jeito de ser Igreja
Sob o forte calor do Ceará, os participantes seguiram a metodologia do Ver, Julgar e Agir, critério que permitiu analisar a realidade atual nos aspectos social e eclesial, confrontando com o projeto de Jesus e apontando encaminhamentos para a vivência atualizada das CEBs.
Cerca de 50 indígenas, coordenados pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI), representaram vários povos de todo o Brasil no evento. Com destaque na acolhida e nas celebrações, eles tiveram várias oportunidades de palavra, expressando suas lutas, principalmente pela demarcação dos territórios. O CIMI Regional Mato Grosso foi representado pelo padre salesiano Eloir Inácio da Silva, coordenador do Setor Missões da Missão Salesiana de Mato Grosso; e pelos agentes de pastoral Xavante Valeriano e Inácio. “Sobre as CEBs sempre foi dito que eram ‘um jeito novo de ser Igreja’, mas a reflexão e a prática estão fazendo perceber que são, na verdade, ‘o jeito normal de ser Igreja’, por atualizar a fé cristã em todas as dimensões da vida para o povo pobre que busca justiça e paz”, afirmou o padre Eloir.
O evento, que vinha sendo organizado desde 2010, envolveu toda a população de Juazeiro. “Toda a cidade e todas as paróquias se mobilizaram e também participaram do evento. Centenas de juazeirenses acolheram em suas casas os romeiros, padres e bispos que vieram participar”, disse a jovem Bárbara Gomes, 19 anos, que também participa da Articulação da Juventude Salesiana (AJS). Segundo ela, o evento também foi uma forma de dar visibilidade à terra do padre Cícero. “O evento fez com que Juazeiro fosse visto pelo o mundo. Muitos romeiros de outras regiões do nosso país e de outros países conheceram mais a região, suas riquezas e a história do Padre Cícero Romão Batista. Se depararam com uma realidade bem diferente da que imaginavam (de muita seca, pobreza e não de desenvolvimento)”, afirmou a jovem.
O 13º Intereclesial foi encerrado no dia 11 de janeiro com uma missa de envio. O 14º Intereclesial será realizado na diocese de Londrina em 2017.
O que são as CEBs
As Comunidades Eclesiais de Base são fruto das reflexões do Concílio Vaticano II e da Conferência de Medellín, conforme relatou o coordenador do 13º Intereclesial, padre Vileci Basílio Vidal, em publicação da Conferência dos Religiosos do Brasil. “A Igreja latino-americana, inspirando-se no Concílio Vaticano II (1962-1965) e na Conferência de Medellín (1968), partiu, decididamente, para a formação de CEBs. Foram e continuam sendo um grande valor para as pessoas, para a Igreja e para a sociedade. Seus membros amadurecem na fé, aprendem juntos a viver a espiritualidade do seguimento de Jesus dentro da realidade em que vivem”.
Os encontros intereclesiais surgiram na época da ditadura militar, mais especificamente em 1975, momento em que o Brasil tinha Ernesto Geisel como presidente da República. O primeiro Intereclesial foi realizado na cidade de Vitória, Espírito Santo.
Com informações: CNBB, CRB Nacional, Intereclesial, Nordeste Hoje, Missão Salesiana de Mato Grosso.