Mensagem do Reitor-mor: Entre dor e esperança

Quarta, 06 Abril 2022 16:49 Escrito por  Pe. Ángel Fernández Artime
Mensagem do Reitor-mor: Entre dor e esperança ANS - Salesianos de Dom Bosco
A fotografia do crucifixo de Leopoli, cidade onde há belas obras salesianas, sendo transportado para um bunker foi reportada por todos os jornais do mundo. Estamos vendo ao vivo outro Getsémani e outro Calvário. Esperamos ver também a ‘Ressurreição’ desse povo e dessas pessoas.    

Meus caros amigos, leitores do Boletim Salesiano de todo o mundo. Enquanto escrevo estas linhas, todos os meios de comunicação do mundo estão reportando, minuto a minuto, as notícias da terrível guerra na Ucrânia. Mas penso que a maior parte de nós concorda que o que está sucedendo naquela terra bendita é terrível, inimaginável, incrível no século XXI, uma loucura total, um verdadeiro genocídio. Pensemos como nos sentiríamos se estivéssemos vivendo isso; suponho que nos enche de tristeza e nos causa arrepios.

 

Esta é a triste realidade. E uma vez mais o mal faz ruído, destrói coisas e pessoas, traz morte, ceifa vidas humanas, fratura famílias etc… O bem, tanto bem e tanta solidariedade que estamos vendo no mesmo momento em que caem os raios e os projéteis de longo alcance, é um bem silencioso, procura mitigar a dor, enxugar as lágrimas, dar calor humano. Porque também o coração humano é assim. Em situações como essas, vemos o pior da condição humana e também o mais belo do coração humano.

 

A fotografia do crucifixo de Leopoli, cidade onde há belas obras salesianas, sendo transportado para um bunker foi reportada por todos os jornais do mundo. Estamos vendo ao vivo outro Getsémani e outro Calvário. Esperamos ver também a ‘Ressurreição’ desse povo e dessas pessoas.

 

O mesmo sucedeu na “primeira semana santa da história”. Assim aconteceu com a traição de Jesus, com a sua solidão e o seu abandono, com a sua sua dor. Com a sua condenação à morte, com o seu silêncio e a sua solidão radical (exceto por parte da sua mãe e do discípulo amado). E Deus pronunciou a última palavra com a Ressurreição, com a Outra-Vida.

 

Neste período pascal que atravessamos não sei o que vai acontecer com a guerra da Ucrância. Escrevo antecipadamente e cada dia pode ser diferente. Tenho esperança de que, com o bom senso e a pressão de quase todas as nações, e com a força da solidariedade humana, a fé e a oração, a paz chegará.

 

Hoje, quando estamos no décimo dia dessa guerra terrível, com um milhão e meio de refugiados, quero só sublinhar que a solidariedade, a fraternidade, a humanidade dos corações simples, das famílias, e o olhar sensato de muitos governos me ajudam a sentir-me melhor como pessoa. De outra forma, creio que não estaríamos em condições de nos perdoarmos. 

 

O nosso pequeno grão de areia

Estou em contato diário com os meus irmãos e irmãs na Ucrânia e na Polônia. Sinto muita paz por saber que também como Família Salesiana oferecemos o nosso pequeno grão de areia. Sinto-me feliz por saber que os rapazes atendidos na nossa casa-família de Leopoli estão hospedados em casas salesianas na Eslováquia. Sinto-me em paz por saber que as casas salesianas na fronteira entre Polônia e Ucrânia têm todas as portas abertas para acolher os refugiados da guerra. A dezenas de mães com os seus meninos foram oferecidos quartos e lugares onde viver com dignidade, além de alimentação e higiene. Esta solidariedade está atingindo outras nações e também muitas outras presenças salesianas.

 

De todo o mundo salesiano, de todas as inspetorias, chegam pequenas ou grandes ajudas, segundo as possibilidades de cada uma. Medicamentos e dinheiro foram enviados de todo o mundo, não por nós salesinos, mas porque, como intermediários, podemos chegar aos lugares mais remotos e levar ajuda às pessoas em dificuldade. E é só um grão de areia, mas são dezenas de milhares de pessoas e instituições que se somam.

 

Oração pela Paz

Trata-se disto. Não há ruído. Não há qualquer montagem. Há simplicidade e solidariedade. É tempo de passar do Getsémani e do Calvário à esperança e à força da Ressurreição.

 

É muito doloroso que nesta preparação para a Semana Santa e para a Santa Páscoa haja bombas, projéteis e pistolas; exista a morte. Mas, mesmo na dor, não desisto de proclamar que a vida é mais forte, a fraternidade humana é mais forte, a solidariedade é mais forte, a dignidade da pessoa (por vezes espezinhada) é mais forte, a ajuda de irmão para irmão (mesmo sem se conhecer nem falar a mesma língua) é mais forte, a esperança é mais contagiante.

 

Peço ao Senhor da Vida na oração que nos ajude a recuperar a razão. Rezemos também por aqueles que iniciaram esta tragédia.

 

Rezo com o Papa Francisco: “Infunde-nos a coragem de realizar atos concretos para construir a paz. Senhor, Deus de Abraão e dos profetas que nos criaste e chamaste a viver como irmãos, dá-nos a força de todos os dias sermos artesãos da paz; dá-nos a capacidade de olhar com benevolência para todos os irmãos que encontramos no nosso caminho”.

 

O Senhor mantenha acesa em nós a chama da esperança para realizar com perseverança opções de diálogo e de reconciliação, para que finalmente vença a paz.

 

Peço que os corações cheios de humanidade não se calem.

 

Façamos aquilo que cada um de nós puder, caros amigos. Unamos os nossos esforços às palavras, às mãos que ajudam e à oração.

 

Que o Senhor Ressuscitado nos encha da sua força e da sua paz!

 

 

 

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Mensagem do Reitor-mor: Entre dor e esperança

Quarta, 06 Abril 2022 16:49 Escrito por  Pe. Ángel Fernández Artime
Mensagem do Reitor-mor: Entre dor e esperança ANS - Salesianos de Dom Bosco
A fotografia do crucifixo de Leopoli, cidade onde há belas obras salesianas, sendo transportado para um bunker foi reportada por todos os jornais do mundo. Estamos vendo ao vivo outro Getsémani e outro Calvário. Esperamos ver também a ‘Ressurreição’ desse povo e dessas pessoas.    

Meus caros amigos, leitores do Boletim Salesiano de todo o mundo. Enquanto escrevo estas linhas, todos os meios de comunicação do mundo estão reportando, minuto a minuto, as notícias da terrível guerra na Ucrânia. Mas penso que a maior parte de nós concorda que o que está sucedendo naquela terra bendita é terrível, inimaginável, incrível no século XXI, uma loucura total, um verdadeiro genocídio. Pensemos como nos sentiríamos se estivéssemos vivendo isso; suponho que nos enche de tristeza e nos causa arrepios.

 

Esta é a triste realidade. E uma vez mais o mal faz ruído, destrói coisas e pessoas, traz morte, ceifa vidas humanas, fratura famílias etc… O bem, tanto bem e tanta solidariedade que estamos vendo no mesmo momento em que caem os raios e os projéteis de longo alcance, é um bem silencioso, procura mitigar a dor, enxugar as lágrimas, dar calor humano. Porque também o coração humano é assim. Em situações como essas, vemos o pior da condição humana e também o mais belo do coração humano.

 

A fotografia do crucifixo de Leopoli, cidade onde há belas obras salesianas, sendo transportado para um bunker foi reportada por todos os jornais do mundo. Estamos vendo ao vivo outro Getsémani e outro Calvário. Esperamos ver também a ‘Ressurreição’ desse povo e dessas pessoas.

 

O mesmo sucedeu na “primeira semana santa da história”. Assim aconteceu com a traição de Jesus, com a sua solidão e o seu abandono, com a sua sua dor. Com a sua condenação à morte, com o seu silêncio e a sua solidão radical (exceto por parte da sua mãe e do discípulo amado). E Deus pronunciou a última palavra com a Ressurreição, com a Outra-Vida.

 

Neste período pascal que atravessamos não sei o que vai acontecer com a guerra da Ucrância. Escrevo antecipadamente e cada dia pode ser diferente. Tenho esperança de que, com o bom senso e a pressão de quase todas as nações, e com a força da solidariedade humana, a fé e a oração, a paz chegará.

 

Hoje, quando estamos no décimo dia dessa guerra terrível, com um milhão e meio de refugiados, quero só sublinhar que a solidariedade, a fraternidade, a humanidade dos corações simples, das famílias, e o olhar sensato de muitos governos me ajudam a sentir-me melhor como pessoa. De outra forma, creio que não estaríamos em condições de nos perdoarmos. 

 

O nosso pequeno grão de areia

Estou em contato diário com os meus irmãos e irmãs na Ucrânia e na Polônia. Sinto muita paz por saber que também como Família Salesiana oferecemos o nosso pequeno grão de areia. Sinto-me feliz por saber que os rapazes atendidos na nossa casa-família de Leopoli estão hospedados em casas salesianas na Eslováquia. Sinto-me em paz por saber que as casas salesianas na fronteira entre Polônia e Ucrânia têm todas as portas abertas para acolher os refugiados da guerra. A dezenas de mães com os seus meninos foram oferecidos quartos e lugares onde viver com dignidade, além de alimentação e higiene. Esta solidariedade está atingindo outras nações e também muitas outras presenças salesianas.

 

De todo o mundo salesiano, de todas as inspetorias, chegam pequenas ou grandes ajudas, segundo as possibilidades de cada uma. Medicamentos e dinheiro foram enviados de todo o mundo, não por nós salesinos, mas porque, como intermediários, podemos chegar aos lugares mais remotos e levar ajuda às pessoas em dificuldade. E é só um grão de areia, mas são dezenas de milhares de pessoas e instituições que se somam.

 

Oração pela Paz

Trata-se disto. Não há ruído. Não há qualquer montagem. Há simplicidade e solidariedade. É tempo de passar do Getsémani e do Calvário à esperança e à força da Ressurreição.

 

É muito doloroso que nesta preparação para a Semana Santa e para a Santa Páscoa haja bombas, projéteis e pistolas; exista a morte. Mas, mesmo na dor, não desisto de proclamar que a vida é mais forte, a fraternidade humana é mais forte, a solidariedade é mais forte, a dignidade da pessoa (por vezes espezinhada) é mais forte, a ajuda de irmão para irmão (mesmo sem se conhecer nem falar a mesma língua) é mais forte, a esperança é mais contagiante.

 

Peço ao Senhor da Vida na oração que nos ajude a recuperar a razão. Rezemos também por aqueles que iniciaram esta tragédia.

 

Rezo com o Papa Francisco: “Infunde-nos a coragem de realizar atos concretos para construir a paz. Senhor, Deus de Abraão e dos profetas que nos criaste e chamaste a viver como irmãos, dá-nos a força de todos os dias sermos artesãos da paz; dá-nos a capacidade de olhar com benevolência para todos os irmãos que encontramos no nosso caminho”.

 

O Senhor mantenha acesa em nós a chama da esperança para realizar com perseverança opções de diálogo e de reconciliação, para que finalmente vença a paz.

 

Peço que os corações cheios de humanidade não se calem.

 

Façamos aquilo que cada um de nós puder, caros amigos. Unamos os nossos esforços às palavras, às mãos que ajudam e à oração.

 

Que o Senhor Ressuscitado nos encha da sua força e da sua paz!

 

 

 

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