Ritual de Nominação expõe beleza e riqueza da cultura Boe-Bororo

Sexta, 29 Setembro 2023 16:08 Escrito por  Roberto Brito
O ritual de nominação na cultura Boe tem o mesmo sentido que o do Batismo Católico Apostólico Romano, no qual a criança, adolescente ou adulto é introduzido e reconhecido como pertencente aquela cultura


A comunidade Boe-Bororo de Meruri, MT, realizou, no dia 24 de setembro, o ritual de nominação para duas crianças e um adulto, uma professora que foi acolhida pelos Boe do clã Bokodori (Clã a que todos os não indígenas devem pertencer). O evento foi prestigiado por toda a comunidade dos povos originários daquela localidade.

No primeiro dia do ritual da nominação, os familiares, convidados e os que irão receber os “nomes” se encontram na casa de um parente clânico do qual pertence o batizando.

No local é estendida uma esteira de palha (kodo) sobre a qual se coloca o Pariko (adorno de cabeça que será utilizado pelo padrinho), a Pana (instrumento utilizado pelo padrinho para ser tocado na hora da nominação) e também os que irão receber os nomes. Enquanto isso, o chefe cultural canta os cantos próprios da nominação, acompanhado pelas mães das almas e todos se dirigem ao Baito (casa central).

Ao lado do Baito (casa central), denominado de “Bororo” é introduzido o reconhecimento do padrinho; nesse exato momento a comunidade irá saber quem serão os padrinhos dos que irão receber os nomes. O pai da criança, adolescente ou adulto, se dirige em direção ao padrinho, o pega pela mão e o coloca no meio do pátio. Então, o padrinho faz a sua dança, dando três pulos enquanto se abre os braços três vezes e toca o instrumento de sopro (Pana) e vai em direção ao batizando.

Terminada a primeira parte do rito, todos se dirigem para dentro do Baito (casa central) onde o chefe irá cantar, sentado em frente a uma grande aste (a estaca dá dignidade ao local e reconhece como um ambiente sagrado).

O chefe canta o “kidoguro Paro” que significa canto da resina. Enquanto o chefe e as mães das almas entoam o canto, os parentes dos batizandos preparam as indumentárias que serão utilizadas no último rito da celebração; o canto continua até o amanhecer.

Na manhã seguinte, o chefe cultural dá continuidade ao rito de nominação cantando sobre os batizandos.

Em seguida as mulheres ornamentam os batizandos com penas e pintura facial. Os batizandos são posicionados em cima da esteira (kodo) no Bororo (Pátio).

Posteriormente, o chefe cultural dá continuidade ao ritual, quando é passada uma resina, chamada “kidoguro” no corpo da criança. Sobre a resina são aplicadas as penugens que representam a purificação. Depois é feito o pulo ritual do padrinho. (Bakororo e Etubore).

 

Após o pulo ritual, o padrinho anuncia o nome que a criança recebeu, em voz alta, para que todos possam ouvir, apresentando a criança em direção ao sol, que representa a vida. Ao termino ritual é servida a comida para todos os presentes. A refeição tem o sentido de ceia e comunhão entre os irmãos da comunidade.


Fonte: Contribuiu para esta reportagem o salesiano tirocinante, Roberto Brito

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Última modificação em Sexta, 29 Setembro 2023 16:15

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Ritual de Nominação expõe beleza e riqueza da cultura Boe-Bororo

Sexta, 29 Setembro 2023 16:08 Escrito por  Roberto Brito
O ritual de nominação na cultura Boe tem o mesmo sentido que o do Batismo Católico Apostólico Romano, no qual a criança, adolescente ou adulto é introduzido e reconhecido como pertencente aquela cultura


A comunidade Boe-Bororo de Meruri, MT, realizou, no dia 24 de setembro, o ritual de nominação para duas crianças e um adulto, uma professora que foi acolhida pelos Boe do clã Bokodori (Clã a que todos os não indígenas devem pertencer). O evento foi prestigiado por toda a comunidade dos povos originários daquela localidade.

No primeiro dia do ritual da nominação, os familiares, convidados e os que irão receber os “nomes” se encontram na casa de um parente clânico do qual pertence o batizando.

No local é estendida uma esteira de palha (kodo) sobre a qual se coloca o Pariko (adorno de cabeça que será utilizado pelo padrinho), a Pana (instrumento utilizado pelo padrinho para ser tocado na hora da nominação) e também os que irão receber os nomes. Enquanto isso, o chefe cultural canta os cantos próprios da nominação, acompanhado pelas mães das almas e todos se dirigem ao Baito (casa central).

Ao lado do Baito (casa central), denominado de “Bororo” é introduzido o reconhecimento do padrinho; nesse exato momento a comunidade irá saber quem serão os padrinhos dos que irão receber os nomes. O pai da criança, adolescente ou adulto, se dirige em direção ao padrinho, o pega pela mão e o coloca no meio do pátio. Então, o padrinho faz a sua dança, dando três pulos enquanto se abre os braços três vezes e toca o instrumento de sopro (Pana) e vai em direção ao batizando.

Terminada a primeira parte do rito, todos se dirigem para dentro do Baito (casa central) onde o chefe irá cantar, sentado em frente a uma grande aste (a estaca dá dignidade ao local e reconhece como um ambiente sagrado).

O chefe canta o “kidoguro Paro” que significa canto da resina. Enquanto o chefe e as mães das almas entoam o canto, os parentes dos batizandos preparam as indumentárias que serão utilizadas no último rito da celebração; o canto continua até o amanhecer.

Na manhã seguinte, o chefe cultural dá continuidade ao rito de nominação cantando sobre os batizandos.

Em seguida as mulheres ornamentam os batizandos com penas e pintura facial. Os batizandos são posicionados em cima da esteira (kodo) no Bororo (Pátio).

Posteriormente, o chefe cultural dá continuidade ao ritual, quando é passada uma resina, chamada “kidoguro” no corpo da criança. Sobre a resina são aplicadas as penugens que representam a purificação. Depois é feito o pulo ritual do padrinho. (Bakororo e Etubore).

 

Após o pulo ritual, o padrinho anuncia o nome que a criança recebeu, em voz alta, para que todos possam ouvir, apresentando a criança em direção ao sol, que representa a vida. Ao termino ritual é servida a comida para todos os presentes. A refeição tem o sentido de ceia e comunhão entre os irmãos da comunidade.


Fonte: Contribuiu para esta reportagem o salesiano tirocinante, Roberto Brito

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