Jovem transformador da sociedade: um verdadeiro cristão

Segunda, 04 Mai 2015 22:04 Escrito por  Iago Rodrigues Ervanovite
A juventude enfrenta grandes desafios para ser quem realmente é. Isso porque a juventude é vista como mera “etapa preparatória” pra vida adulta; é vista como “problemática”, por desrespeitar normas, ser impulsiva. Tais definições e “pré-conceitos” contra a juventude ficaram tão enraizados em nossa sociedade ao longo do tempo que, constantemente, nos são tiradas as oportunidades de sermos quem realmente somos.

Não é porque somos jovens que não somos pessoas que pensam, que sentem e que agem. Pelo contrário! Todo mundo sabe como ficamos inquietos quando algo nos incomoda, e desde logo planejamos formas de mudar. Grande exemplo disso pode ser citado a partir das manifestações de junho de 2013, convocadas pelos jovens, através das mídias sociais, e que inicialmente protestavam contra o aumento na passagem do transporte coletivo, na cidade de São Paulo, mas acabaram desencadeando passeatas e manifestações em todo o país. “Não ver a juventude como um problema é uma graça a ser pedida e uma realidade que é preciso descobrir na teologia e na Palavra de Deus” (CAPYM, 20).

Deus nos dá a capacidade de sermos agentes transformadores de nossa realidade, e isto nos é mostrado no livro do Profeta Jeremias, que diz: “Ah, Senhor Deus! Eis que ainda não sei falar; porque sou jovem”, porém, o Senhor lhe disse: “Não digas: Sou jovem; porque a todos a quem eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar, falarás. Não temas diante deles; porque estou contigo para te livrar, diz o Senhor” (Jr 1,6-8).

 

“Sejam protagonistas”

Por esta razão, devemos reconhecer nosso papel de agentes transformadores de nossa sociedade. O Papa Francisco, na missa de envio da Jornada Mundial da Juventude Rio 2013, traduz o envio feito por Deus, e nos convida: “Jovens, por favor, não se ponham na cauda da história. Sejam protagonistas. Joguem no ataque! Chutem para diante, construam um mundo melhor!”.

Quantos não são os/as jovens que, hoje, estudam e trabalham? Quantos não são os/as jovens que sustentam a própria família?

A juventude de hoje, então, sabe bem o que quer; sabe conduzir sua própria vida. Tem anseios como qualquer outro ser humano, e, principalmente, tem força e vontade de agir.

É por isso que não se pode olhar para nós como “etapa preparatória”. Nós não “queremos ser”, nós já somos, embora constantemente aperfeiçoamos o nosso “ser”. A experiência de evangelização das juventudes reconhece não só a autonomia do jovem, como seu protagonismo na construção de sua própria caminhada, de sua própria vida. É necessário, sempre, um acompanhamento constante, por pessoas “dispostas a servirem com sua experiência e conhecimento, desejosas de compartilhar sua descoberta de Cristo e seu projeto” (CNBB, Doc. 85, 203). Em nossa caminhada, “o assessor é o acompanhante principal que ajuda o jovem a definir seu projeto de vida, segundo o projeto de Jesus Cristo” (CNBB, Doc. 85, 207).

Precisamos de acompanhantes e assessores que nos ajudem a descobrir nosso projeto de vida, e não que queiram nos tirar nossas experiências pessoais.

 

Agir no cotidiano

Ser um jovem atuante em nossa sociedade, portanto, traduz os planos de Deus para nós. Vemos nossa realidade e sabemos que devemos transformá-la. Mas o que constantemente nos intriga é: como podemos concretizar nossos anseios?

Inúmeras oportunidades nos aparecem. Somos convidados a fazer a diferença nos pequenos gestos do dia a dia. Um sorriso amigo, um cumprimento educado, um tratamento igualitário às pessoas que trabalham conosco, dos serviços de limpeza à gerência de nossa empresa.

E podemos ir além. Quantas vezes nos incomodamos com aquele irmão ou aquela irmã, morador/a de rua, que vemos todos os dias próximos/as à nossa casa, à nossa escola, ou ao trabalho? O que, de fato, podemos fazer para transformar sua vida? Será que eu já me coloquei à sua disposição?

E meu colega de classe, ou de trabalho? Tenho prestado atenção nele? Como têm estado sua família, seus estudos, seus planos de futuro? Tenho me colocado à disposição para ouvi-lo?

Estas reflexões cotidianas nos fazem enxergar um horizonte prático, para onde caminhamos, e como podemos agir. Nós, jovens, temos o dever de assumir pequenos compromissos diários se realmente quisermos transformar a realidade que nos circunda.

Prestar atenção ao nosso redor, dar voz ao nosso protagonismo, é nos tornarmos agentes transformadores. Ser agente transformador é, verdadeiramente, um dever cristão.

 

Iago Rodrigues Ervanovite tem 21 anos e é secretário Nacional da Pastoral da Juventude Estudantil (2014 a 2017). É estudante de Direito pelo Centro UNISAL de Lorena, SP, estagiário do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, pesquisador-bolsista do CNPq na área de infância e juventude infracional e membro da Coordenação da Pastoral Juvenil Nacional da CNBB.

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Jovem transformador da sociedade: um verdadeiro cristão

Segunda, 04 Mai 2015 22:04 Escrito por  Iago Rodrigues Ervanovite
A juventude enfrenta grandes desafios para ser quem realmente é. Isso porque a juventude é vista como mera “etapa preparatória” pra vida adulta; é vista como “problemática”, por desrespeitar normas, ser impulsiva. Tais definições e “pré-conceitos” contra a juventude ficaram tão enraizados em nossa sociedade ao longo do tempo que, constantemente, nos são tiradas as oportunidades de sermos quem realmente somos.

Não é porque somos jovens que não somos pessoas que pensam, que sentem e que agem. Pelo contrário! Todo mundo sabe como ficamos inquietos quando algo nos incomoda, e desde logo planejamos formas de mudar. Grande exemplo disso pode ser citado a partir das manifestações de junho de 2013, convocadas pelos jovens, através das mídias sociais, e que inicialmente protestavam contra o aumento na passagem do transporte coletivo, na cidade de São Paulo, mas acabaram desencadeando passeatas e manifestações em todo o país. “Não ver a juventude como um problema é uma graça a ser pedida e uma realidade que é preciso descobrir na teologia e na Palavra de Deus” (CAPYM, 20).

Deus nos dá a capacidade de sermos agentes transformadores de nossa realidade, e isto nos é mostrado no livro do Profeta Jeremias, que diz: “Ah, Senhor Deus! Eis que ainda não sei falar; porque sou jovem”, porém, o Senhor lhe disse: “Não digas: Sou jovem; porque a todos a quem eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar, falarás. Não temas diante deles; porque estou contigo para te livrar, diz o Senhor” (Jr 1,6-8).

 

“Sejam protagonistas”

Por esta razão, devemos reconhecer nosso papel de agentes transformadores de nossa sociedade. O Papa Francisco, na missa de envio da Jornada Mundial da Juventude Rio 2013, traduz o envio feito por Deus, e nos convida: “Jovens, por favor, não se ponham na cauda da história. Sejam protagonistas. Joguem no ataque! Chutem para diante, construam um mundo melhor!”.

Quantos não são os/as jovens que, hoje, estudam e trabalham? Quantos não são os/as jovens que sustentam a própria família?

A juventude de hoje, então, sabe bem o que quer; sabe conduzir sua própria vida. Tem anseios como qualquer outro ser humano, e, principalmente, tem força e vontade de agir.

É por isso que não se pode olhar para nós como “etapa preparatória”. Nós não “queremos ser”, nós já somos, embora constantemente aperfeiçoamos o nosso “ser”. A experiência de evangelização das juventudes reconhece não só a autonomia do jovem, como seu protagonismo na construção de sua própria caminhada, de sua própria vida. É necessário, sempre, um acompanhamento constante, por pessoas “dispostas a servirem com sua experiência e conhecimento, desejosas de compartilhar sua descoberta de Cristo e seu projeto” (CNBB, Doc. 85, 203). Em nossa caminhada, “o assessor é o acompanhante principal que ajuda o jovem a definir seu projeto de vida, segundo o projeto de Jesus Cristo” (CNBB, Doc. 85, 207).

Precisamos de acompanhantes e assessores que nos ajudem a descobrir nosso projeto de vida, e não que queiram nos tirar nossas experiências pessoais.

 

Agir no cotidiano

Ser um jovem atuante em nossa sociedade, portanto, traduz os planos de Deus para nós. Vemos nossa realidade e sabemos que devemos transformá-la. Mas o que constantemente nos intriga é: como podemos concretizar nossos anseios?

Inúmeras oportunidades nos aparecem. Somos convidados a fazer a diferença nos pequenos gestos do dia a dia. Um sorriso amigo, um cumprimento educado, um tratamento igualitário às pessoas que trabalham conosco, dos serviços de limpeza à gerência de nossa empresa.

E podemos ir além. Quantas vezes nos incomodamos com aquele irmão ou aquela irmã, morador/a de rua, que vemos todos os dias próximos/as à nossa casa, à nossa escola, ou ao trabalho? O que, de fato, podemos fazer para transformar sua vida? Será que eu já me coloquei à sua disposição?

E meu colega de classe, ou de trabalho? Tenho prestado atenção nele? Como têm estado sua família, seus estudos, seus planos de futuro? Tenho me colocado à disposição para ouvi-lo?

Estas reflexões cotidianas nos fazem enxergar um horizonte prático, para onde caminhamos, e como podemos agir. Nós, jovens, temos o dever de assumir pequenos compromissos diários se realmente quisermos transformar a realidade que nos circunda.

Prestar atenção ao nosso redor, dar voz ao nosso protagonismo, é nos tornarmos agentes transformadores. Ser agente transformador é, verdadeiramente, um dever cristão.

 

Iago Rodrigues Ervanovite tem 21 anos e é secretário Nacional da Pastoral da Juventude Estudantil (2014 a 2017). É estudante de Direito pelo Centro UNISAL de Lorena, SP, estagiário do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, pesquisador-bolsista do CNPq na área de infância e juventude infracional e membro da Coordenação da Pastoral Juvenil Nacional da CNBB.

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