Camerata Jovem: 10 anos de tradição

Terça, 17 Janeiro 2017 12:48 Escrito por 
Projeto coordenado por Salesianos Cooperadores oferece música, arte e cultura aos jovens de Pindamonhangaba, SP.

Violão, saxofone e trompete são alguns dos instrumentos musicais que fazem parte do cotidiano de 61 alunos, com idade entre 10 a 23 anos, que participam do projeto Camerata Jovem de Pindamonhangaba, SP. Criado em 2006, a partir da parceria entre Associação dos Salesianos Cooperadores de Pindamonhangaba, Fundo Social de Solidariedade de Pindamonhangaba, Petrobras e Faculdade Santa Cecília, o projeto busca promover o acesso gratuito ao aprendizado musical em instrumentos de cordas, sopro e percussão. Trata-se de uma iniciativa nos moldes salesianos, que tem como proposta utilizar a música como forma preventiva e como meio de inclusão e desenvolvimento cultural e social de crianças e jovens.

Sob a direção do salesiano cooperador Amauri Monteiro, a Camerata aposta no ensino de uma grande variedade de instrumentos, como  violão,  flauta transversal,  clarinete,  saxofone,  trompete,  trombone,  bombardino,  tuba e percussão em geral. “A cada semestre é realizada a inscrição de novos alunos que chegam à sede do projeto por procura espontânea graças à visibilidade dos trabalhos realizados pela Associação ou por encaminhamentos de órgãos públicos da rede socioassistencial. A seleção é feita mediante a disponibilidade de vagas e instrumentos de acordo com o instrumento musical de interesse do aluno, explica a articuladora social e animadora pastoral, Lilian Andrade.

No caso do educando Gabriel Henrique Regis da Silva a chegada à Camerata ocorreu por indicação de um amigo que já era aluno da instituição. “Eu entrei para a Camerata em maio de 2013. Na época eu frequentava um projeto social de futebol, mas preferi a música”. A escolha foi acertada, pois nesses três anos de Camerata Gabriel aprendeu a tocar bombardino, trombone e saxofone e já participou de mais de 100 apresentações com o grupo pelo estado de São Paulo. O aluno, que sentia muita vergonha quando começou a frequentar o projeto, hoje “tira as apresentações de letra” e não reclama do tempo de treino: são quatro horas diárias, de segunda a sexta-feira. Para ele, a Camerata representa um lugar de acolhimento, “como se fosse a minha segunda família”.

Atualmente, o projeto Camerata Jovem conta com a colaboração da gerente de serviços Raquel Dias, da psicóloga Márcia Cunha, da assistente social e técnica responsável pelo Projeto Jataí, Andrea Barreto, e de dois educadores musicais: Sabrina Ribeiro, que ensina violão e flauta transversal, e Felipe Nascimento, que ensina sopro e percussão. Antes de se tornar educador, Felipe foi aluno e voluntário no projeto. “Sou saxofonista e tudo o que aprendi foi no projeto. Não tive muitos professores, mas com muita dedicação e estudo aprendi vários instrumentos e hoje ensino crianças e adolescentes iniciantes”, conta.

Felipe tem cerca de 40 alunos, para os quais ensina, além da música, valores como responsabilidade e estudo, já que muitos, como explica o educador, chegam ao projeto com problemas familiares e escolares. “Vejo que a maior dificuldade é a falta de concentração. Brinco com todos eles, mas chamo a atenção na hora certa e eles sabem diferenciar esses momentos”, afirma ele. “A música transformou a minha vida em todos os sentidos, a maneira como enxergar as pessoas e como ouvi-las. A música tem um sentido de superação e motivação para mim e tudo que eu fiz ou faço tem relação com a música”, revela o educador.

 

Música e educação

A Camerata Jovem é regida, desde 2010, pelo maestro William Bonafé. Antes de tornar-se maestro, Willian percorreu um longo caminho, que começou ainda na adolescência. “Comecei a tocar minhas primeiras notas musicais aos 15 anos em uma fanfarra em Taubaté, SP. Tive um professor muito dedicado chamado André Frade que tinha a essência salesiana dentro de seu coração”, conta Willian, explicando que o professor tornou-se uma importante referência para ele. “Meu pai faleceu no início da minha juventude e o professor André foi a minha grande referência como mestre; e se hoje tenho a música como a minha profissão devo muito a ele, que além de me ensinar a tocar um instrumento musical, sempre foi meu amigo, me orientou e me indicou o melhor caminho”.

Hoje, aos 34 anos, William também busca ser um modelo entre os seus alunos porque acredita que a missão do projeto não é só promover o ensino de música, mas principalmente tornar-se um caminho para chegar ao coração dos jovens. “Assim que começam a tocar as primeiras músicas, os alunos já são convidados a participar de ensaios gerais e apresentações externas, o que é extremamente positivo para eles, promovendo o seu desenvolvimento cultural e social e fortalecendo vínculos de amizade e de pertencimento ao grupo”, conta ele.

 

Para ouvir com o coração

Dom Bosco dizia que “a música dos jovens se escuta com o coração, não com os ouvidos.” A frase do Santo dos Jovens vai ao encontro de uma situação vivida pelo grupo Camerata Jovem na noite de 3 de dezembro de 2010, quando eles se preparavam para realizar uma apresentação de Natal com a orquestra e o coral do projeto na área externa do Museu Dom Pedro I e Dona Leopoldina em Pindamonhangaba, SP. Veja o relato do maestro William.

“Assim que nos posicionamos para acertar a sonorização para o evento, começou a chover e nos abrigamos dentro do museu. Cerca de 20 minutos depois, nos posicionamos outra vez nas cadeiras e em alguns minutos veio uma nova pancada de chuva. Após parar de chover, finalmente conseguimos dar início à apresentação seguindo o nosso repertório e eis que durante a última música começou lentamente a chover outra vez. A minha intenção era de interromper imediatamente a música e encerrar a apresentação, mas ao olhar para os alunos tocando pude ver o brilho nos olhos deles. O público também continuava ali, presente conosco. Nesse momento fechei meus olhos e pude ouvir os alunos tocando com a alma, de tal forma que eu nunca tinha ouvido antes. Ao terminar a música corremos para dentro do museu e todos se abraçaram emocionados. Jamais poderei esquecer essa apresentação”.

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Última modificação em Quarta, 18 Janeiro 2017 10:06

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Camerata Jovem: 10 anos de tradição

Terça, 17 Janeiro 2017 12:48 Escrito por 
Projeto coordenado por Salesianos Cooperadores oferece música, arte e cultura aos jovens de Pindamonhangaba, SP.

Violão, saxofone e trompete são alguns dos instrumentos musicais que fazem parte do cotidiano de 61 alunos, com idade entre 10 a 23 anos, que participam do projeto Camerata Jovem de Pindamonhangaba, SP. Criado em 2006, a partir da parceria entre Associação dos Salesianos Cooperadores de Pindamonhangaba, Fundo Social de Solidariedade de Pindamonhangaba, Petrobras e Faculdade Santa Cecília, o projeto busca promover o acesso gratuito ao aprendizado musical em instrumentos de cordas, sopro e percussão. Trata-se de uma iniciativa nos moldes salesianos, que tem como proposta utilizar a música como forma preventiva e como meio de inclusão e desenvolvimento cultural e social de crianças e jovens.

Sob a direção do salesiano cooperador Amauri Monteiro, a Camerata aposta no ensino de uma grande variedade de instrumentos, como  violão,  flauta transversal,  clarinete,  saxofone,  trompete,  trombone,  bombardino,  tuba e percussão em geral. “A cada semestre é realizada a inscrição de novos alunos que chegam à sede do projeto por procura espontânea graças à visibilidade dos trabalhos realizados pela Associação ou por encaminhamentos de órgãos públicos da rede socioassistencial. A seleção é feita mediante a disponibilidade de vagas e instrumentos de acordo com o instrumento musical de interesse do aluno, explica a articuladora social e animadora pastoral, Lilian Andrade.

No caso do educando Gabriel Henrique Regis da Silva a chegada à Camerata ocorreu por indicação de um amigo que já era aluno da instituição. “Eu entrei para a Camerata em maio de 2013. Na época eu frequentava um projeto social de futebol, mas preferi a música”. A escolha foi acertada, pois nesses três anos de Camerata Gabriel aprendeu a tocar bombardino, trombone e saxofone e já participou de mais de 100 apresentações com o grupo pelo estado de São Paulo. O aluno, que sentia muita vergonha quando começou a frequentar o projeto, hoje “tira as apresentações de letra” e não reclama do tempo de treino: são quatro horas diárias, de segunda a sexta-feira. Para ele, a Camerata representa um lugar de acolhimento, “como se fosse a minha segunda família”.

Atualmente, o projeto Camerata Jovem conta com a colaboração da gerente de serviços Raquel Dias, da psicóloga Márcia Cunha, da assistente social e técnica responsável pelo Projeto Jataí, Andrea Barreto, e de dois educadores musicais: Sabrina Ribeiro, que ensina violão e flauta transversal, e Felipe Nascimento, que ensina sopro e percussão. Antes de se tornar educador, Felipe foi aluno e voluntário no projeto. “Sou saxofonista e tudo o que aprendi foi no projeto. Não tive muitos professores, mas com muita dedicação e estudo aprendi vários instrumentos e hoje ensino crianças e adolescentes iniciantes”, conta.

Felipe tem cerca de 40 alunos, para os quais ensina, além da música, valores como responsabilidade e estudo, já que muitos, como explica o educador, chegam ao projeto com problemas familiares e escolares. “Vejo que a maior dificuldade é a falta de concentração. Brinco com todos eles, mas chamo a atenção na hora certa e eles sabem diferenciar esses momentos”, afirma ele. “A música transformou a minha vida em todos os sentidos, a maneira como enxergar as pessoas e como ouvi-las. A música tem um sentido de superação e motivação para mim e tudo que eu fiz ou faço tem relação com a música”, revela o educador.

 

Música e educação

A Camerata Jovem é regida, desde 2010, pelo maestro William Bonafé. Antes de tornar-se maestro, Willian percorreu um longo caminho, que começou ainda na adolescência. “Comecei a tocar minhas primeiras notas musicais aos 15 anos em uma fanfarra em Taubaté, SP. Tive um professor muito dedicado chamado André Frade que tinha a essência salesiana dentro de seu coração”, conta Willian, explicando que o professor tornou-se uma importante referência para ele. “Meu pai faleceu no início da minha juventude e o professor André foi a minha grande referência como mestre; e se hoje tenho a música como a minha profissão devo muito a ele, que além de me ensinar a tocar um instrumento musical, sempre foi meu amigo, me orientou e me indicou o melhor caminho”.

Hoje, aos 34 anos, William também busca ser um modelo entre os seus alunos porque acredita que a missão do projeto não é só promover o ensino de música, mas principalmente tornar-se um caminho para chegar ao coração dos jovens. “Assim que começam a tocar as primeiras músicas, os alunos já são convidados a participar de ensaios gerais e apresentações externas, o que é extremamente positivo para eles, promovendo o seu desenvolvimento cultural e social e fortalecendo vínculos de amizade e de pertencimento ao grupo”, conta ele.

 

Para ouvir com o coração

Dom Bosco dizia que “a música dos jovens se escuta com o coração, não com os ouvidos.” A frase do Santo dos Jovens vai ao encontro de uma situação vivida pelo grupo Camerata Jovem na noite de 3 de dezembro de 2010, quando eles se preparavam para realizar uma apresentação de Natal com a orquestra e o coral do projeto na área externa do Museu Dom Pedro I e Dona Leopoldina em Pindamonhangaba, SP. Veja o relato do maestro William.

“Assim que nos posicionamos para acertar a sonorização para o evento, começou a chover e nos abrigamos dentro do museu. Cerca de 20 minutos depois, nos posicionamos outra vez nas cadeiras e em alguns minutos veio uma nova pancada de chuva. Após parar de chover, finalmente conseguimos dar início à apresentação seguindo o nosso repertório e eis que durante a última música começou lentamente a chover outra vez. A minha intenção era de interromper imediatamente a música e encerrar a apresentação, mas ao olhar para os alunos tocando pude ver o brilho nos olhos deles. O público também continuava ali, presente conosco. Nesse momento fechei meus olhos e pude ouvir os alunos tocando com a alma, de tal forma que eu nunca tinha ouvido antes. Ao terminar a música corremos para dentro do museu e todos se abraçaram emocionados. Jamais poderei esquecer essa apresentação”.

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