O Vaticano deu parecer positivo unânime, no último dia 6 de novembro, sobre o exercício heroico das virtudes, a fama de santidade e os sinais atribuídos ao Servo de Deus Orestes Marengo, bispo de Tura, membro da Sociedade de São Francisco de Sales e missionário na Índia.
A ‘Positio super virtutibus’, entregue em 31 de maio de 2024, teve como relator o padre Szczepan Tadeusz Praśkiewicz OCD; como postulador o padre Pierluigi Cameroni, SDB e como redator Matteo Penati, colaborador da Postulação Geral.
A notícia foi recebida com grande alegria tanto em Diano d’Alba - terra natal do Servo de Deus - como na Diocese de Alba, onde, há anos, um grupo se dedica à promoção da causa, quanto no Nordeste da Índia, especialmente na Diocese de Tura e na Inspetoria Salesiana Índia-Guwahati.
Peregrino da esperança
“Neste Ano Santo dedicado à esperança cristã e no 150º aniversário da Primeira Expedição Missionária promovida por Dom Bosco, o testemunho de dom Orestes Marengo é o de um verdadeiro peregrino da esperança. Animado pelo zelo apostólico dos missionários do Evangelho, ele anunciou a Palavra da Salvação: foi um bispo portador de esperança, que ensinava a confiar em Deus, convicto de que tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus”, comentou o padre Cameroni.
Nascimento
Emilio (Emílio) Orestes Marengo nasceu no dia 29 de agosto de 1906, na cidade de Diano d’Alba, em Cúneo, Itália.
Morou na região de Le Cecche com seus pais, Lorenzo e Agostina, e seus três irmãos, incluindo Giuseppe, que se tornou sacerdote diocesano, e Agnese, que se fez religiosa. Tratava-se de uma família de camponeses, de Fé profunda e empenho pelo trabalho. Em Diano d’Alba, teve Orestes a oportunidade de conhecer importantes personalidades do mundo salesiano, o que o motivou a se mudar para Turim aos 13 anos para dar início à sua formação e conhecer os salesianos da primeira geração
Formação como salesiano
Em Diano d’Alba, Orestes teve a oportunidade de conhecer importantes personalidades do mundo salesiano, o que o motivou a se mudar para Turim aos 13 anos para dar início à sua formação e conhecer os Salesianos da primeira geração.
Em 1923, deixou a Itália rumo à Índia, mais precisamente para o Nordeste, onde viveria toda a sua vida missionária. Fez parte do primeiro grupo de noviços, oito jovens de toda a Europa, formados localmente pelos Salesianos. Seu mestre foi o agora venerável padre Stefano Ferrando.
Durante o noviciado, e depois nos estudos de Filosofia, os jovens missionários visitavam vilarejos para ajudar na celebração da Eucaristia e instruir catecúmenos e novas comunidades católicas. Seguiram-se três anos de Teologia, período em que Marengo conheceu o Servo de Deus padre Constantino Vendrame, salesiano e grande mestre de vida apostólica.
No dia 2 de abril de 1932, Orestes Marengo foi ordenado sacerdote e designado para uma primeira missão. Sua dedicação incansável lhe afetou a saúde; por isso, em 1936, apenas quatro anos após a ordenação, seus superiores decidiram protegê-lo nomeando-o mestre dos noviços, em Woodcot e Bandel, e, depois, diretor do Estudantado Filosófico em Sonada. Ao fim da Segunda Guerra Mundial - período em que foi um dos poucos italianos a não ser ‘internado’ pelos Aliados -, retornou à atividade missionária.
Primeiro bispo
Em 1951, a Santa Sé decidiu dividir a Diocese de Shillong e criar a sede episcopal de Dibrugarh. Como primeiro bispo, foi escolhido justamente o padre Orestes Marengo, recebendo a ordenação episcopal na Basílica de Maria Auxiliadora, em Turim, em 27 de dezembro de 1951.
Permaneceu como bispo de Dibrugarh até 1964, quando foi encarregado de fundar a nova Diocese de Tezpur, que governou de 1964 a 1969.
Posteriormente, padre Marengo foi enviado a Tura, primeiro como vigário episcopal do bispo de Shillong e depois como administrador apostólico, para dar início a mais uma Diocese: em poucos anos, os centros missionários passaram de sete a 13.
Em 1978, renunciou ao encargo de administrador apostólico e a Diocese teve o seu primeiro bispo, um indiano.
Dom Marengo pôs-se, então, à disposição dos sacerdotes locais, ajudando nas missões como vigário paroquial. Após completar 70 anos, voltou a ser um simples missionário, até que as forças lhe faltaram quase totalmente. Retirou-se então para ‘Bosco Mount’ - sede do Pré-Noviciado salesiano em Tura, onde se tornou um exemplo e referência para as novas gerações de salesianos. Faleceu em Tura, em 30 de julho de 1998.
“Garimpeiro d’almas”
Foi um verdadeiro “garimpeiro d’almas” e irmão universal, especialmente dos mais pobres e pequenos. Seguindo Jesus e Dom Bosco, Dom Marengo soube amar o próximo e fazê-lo sentir-se amado de modo singular. E, porque desejava ser irmão de todos, aprendeu vários idiomas ao longo da vida, para que cada pessoa pudesse compreender plenamente a Boa Nova. Para ele, o anúncio do Evangelho devia ser universal, sem barreiras linguísticas ou culturais.