Para que tenhamos vida em abundância

Segunda, 10 Abril 2017 10:23 Escrito por 
Para que tenhamos vida em abundância Reitor-mor em visita à Colômbia
Todos os meses, o Reitor-mor escreve um artigo para a Família Salesiana. Neste mês de abril, o tema é a Páscoa e as presenças salesianas no mundo como fontes de vida e de esperança.

A festa da Páscoa aproxima-se, caríssimos amigos da Família Salesiana e leitores do Boletim Salesiano.

Sabemos bem o que significa celebrar a Páscoa. Mesmo assim, ano após ano, vivemos a surpresa de descobrir tantas realidades belas e sempre novas que essa festa suscita em nós. Na natureza, o tempo da Páscoa é o mais belo (é o tempo da primavera no hemisfério norte – NT). Também a liturgia e as nossas igrejas se enchem de cânticos maravilhosos, de luzes e de flores. A sua mensagem principal é que a nossa vida não termina com a morte. Na morte ressurgiremos em Deus.

 

Jesus, o Senhor, ressuscita, volta à VIDA com maiúsculas, a Vida Nova

Deste modo, Deus Pai manifesta ao mundo que a última palavra não é da morte, nem de tudo aquilo que a causa: as nossas pequenas e grandes violências, os egoísmos, as guerras. E o longo cortejo de “sofrimentos” que a morte acarreta, como a degradação e a agonia das pessoas que sofrem nas relações humanas, dos que são explorados, humilhados, rejeitados e excluídos.

Porque o que Deus quer para as criaturas humanas, isto é, para todos nós, é que tenhamos vida e vida em abundância.

A ressurreição de Jesus não se refere apenas ao que acontecerá na nossa morte e depois dela. Nós celebramos a ressurreição de Jesus para ressurgir já agora da morte para a vida. Na fé ultrapassamos o mundo que é escravo da morte.

 

Desde o extremo oriente até ao último extremo do ocidente, tal como o percurso do sol, move-se no mundo a bondade dos salesianos

 

Inevitavelmente, o meu pensamento voa até as numerosas presenças salesianas do mundo, porque o nosso sonho é que elas sejam verdadeiros dispensários de vida para tantos jovens, uma vida superabundante, autêntica, válida, que lhes dê dignidade e os ajude a sentir o grande dom que é Deus nas suas vidas.

O meu pensamento do oriente ao ocidente. Penso no lugar que todos os dias é o primeiro a ver a luz do sol no mundo salesiano, a presença salesiana da ilha de Savai’i no arquipélago de Samoa, onde conheci jovens maravilhosos e uma dinâmica comunidade que os acompanha no caminho da vida. E penso também nas presenças mais a ocidente do mundo salesiano, que são as da costa ocidental dos Estados Unidos.

 

O carinho de uma família

E, quase como quando Dom Bosco sonhava a expansão da sua Congregação, sinto a felicidade de saber que em tantos lugares as simples obras do mundo salesiano são casas que oferecem vida aos rapazes e aos jovens. Quer em Samoa ou nas Ilhas Salomão ou na Papua Nova Guiné, com uma ótima formação profissional que prepara para a vida concreta; quer em Kolkata, Delhi ou Chennai, entre tantas outras, com as casas em que os meninos e as meninas que abandonaram a sua difícil existência na rua se abrem a uma vida nova encontrando o calor e o carinho de uma família.

Tal como na casa salesiana de Istanbul ou na de Aleppo; vida que rapazes e moças encontram em centenas de casas da Família Salesiana na África: os garotos da rua de Addis Abeba ou as meninas salvas da exploração sexual em Serra Leoa ou também os meninos da rua em Moçambique e em Angola.

 

Vida nova aos imigrantes

Vida nova que procuram os jovens imigrados acolhidos pela Família Salesiana em Catânia, em Nápoles e em tantas outras obras da Europa. E dom de vida encontram os adolescentes e os jovens que deixaram a guerrilha na Colômbia ou vivem na Ciudad Don Bosco de Medellín, ou os milhares de refugiados na fronteira com o México em Tijuana, onde os nossos irmãos e irmãs simplesmente partilham com eles o pão e a vida.

Tudo isso e muito mais me inspira a celebração da Páscoa. Não pode ser uma celebração sem Deus, sem Mistério, sem a força do Espírito que ressuscita Jesus. Mas também não pode ser uma celebração “espiritualista vazia” em que a vida e a dor dos filhos de Deus parecem não contar. Para Jesus contavam, e no dia a dia Ele caminhava imerso na vida da sua gente, principalmente dos mais pobres e mais necessitados.

 

O caminho de Jesus Ressuscitado

O tempo pascal convida-nos a seguir o caminho da ressurreição. A pedra que parecia nos bloquear foi retirada. Cristo Ressuscitado vive agora infundindo em nós a sua energia vital. É Ele a “lei secreta” que orienta o caminho de tudo para a vida. Porque é Ele o “coração do nosso mundo”.

Meus queridos amigos e amigas, não permitamos que essas coisas simples, mas muito importantes, nos escapem. Que a celebração da Páscoa do Senhor nos encha de alegria, de esperança, de fé profunda. Para isso o nosso objetivo perene deve ser o de oferecer vida e vida abundante, digna, autenticamente humana, a todos aqueles a quem foi destruída, ferida e acorrentada pelas violências, pelas angústias e pelos constrangimentos do nosso mundo.

Por isso, com a força da Páscoa, eu os convido e peço para que não se habituem a olhar com insensibilidade e indiferença para tantas pessoas que não sabem verdadeiramente o que é uma “vida boa”.

Feliz Páscoa no Senhor!

 

Leia aqui outros artigos do Reitor-mor, padre Ángel Fernández Artime

Avalie este item
(0 votos)

Deixe um comentário

Certifique-se de preencher os campos indicados com (*). Não é permitido código HTML.


Para que tenhamos vida em abundância

Segunda, 10 Abril 2017 10:23 Escrito por 
Para que tenhamos vida em abundância Reitor-mor em visita à Colômbia
Todos os meses, o Reitor-mor escreve um artigo para a Família Salesiana. Neste mês de abril, o tema é a Páscoa e as presenças salesianas no mundo como fontes de vida e de esperança.

A festa da Páscoa aproxima-se, caríssimos amigos da Família Salesiana e leitores do Boletim Salesiano.

Sabemos bem o que significa celebrar a Páscoa. Mesmo assim, ano após ano, vivemos a surpresa de descobrir tantas realidades belas e sempre novas que essa festa suscita em nós. Na natureza, o tempo da Páscoa é o mais belo (é o tempo da primavera no hemisfério norte – NT). Também a liturgia e as nossas igrejas se enchem de cânticos maravilhosos, de luzes e de flores. A sua mensagem principal é que a nossa vida não termina com a morte. Na morte ressurgiremos em Deus.

 

Jesus, o Senhor, ressuscita, volta à VIDA com maiúsculas, a Vida Nova

Deste modo, Deus Pai manifesta ao mundo que a última palavra não é da morte, nem de tudo aquilo que a causa: as nossas pequenas e grandes violências, os egoísmos, as guerras. E o longo cortejo de “sofrimentos” que a morte acarreta, como a degradação e a agonia das pessoas que sofrem nas relações humanas, dos que são explorados, humilhados, rejeitados e excluídos.

Porque o que Deus quer para as criaturas humanas, isto é, para todos nós, é que tenhamos vida e vida em abundância.

A ressurreição de Jesus não se refere apenas ao que acontecerá na nossa morte e depois dela. Nós celebramos a ressurreição de Jesus para ressurgir já agora da morte para a vida. Na fé ultrapassamos o mundo que é escravo da morte.

 

Desde o extremo oriente até ao último extremo do ocidente, tal como o percurso do sol, move-se no mundo a bondade dos salesianos

 

Inevitavelmente, o meu pensamento voa até as numerosas presenças salesianas do mundo, porque o nosso sonho é que elas sejam verdadeiros dispensários de vida para tantos jovens, uma vida superabundante, autêntica, válida, que lhes dê dignidade e os ajude a sentir o grande dom que é Deus nas suas vidas.

O meu pensamento do oriente ao ocidente. Penso no lugar que todos os dias é o primeiro a ver a luz do sol no mundo salesiano, a presença salesiana da ilha de Savai’i no arquipélago de Samoa, onde conheci jovens maravilhosos e uma dinâmica comunidade que os acompanha no caminho da vida. E penso também nas presenças mais a ocidente do mundo salesiano, que são as da costa ocidental dos Estados Unidos.

 

O carinho de uma família

E, quase como quando Dom Bosco sonhava a expansão da sua Congregação, sinto a felicidade de saber que em tantos lugares as simples obras do mundo salesiano são casas que oferecem vida aos rapazes e aos jovens. Quer em Samoa ou nas Ilhas Salomão ou na Papua Nova Guiné, com uma ótima formação profissional que prepara para a vida concreta; quer em Kolkata, Delhi ou Chennai, entre tantas outras, com as casas em que os meninos e as meninas que abandonaram a sua difícil existência na rua se abrem a uma vida nova encontrando o calor e o carinho de uma família.

Tal como na casa salesiana de Istanbul ou na de Aleppo; vida que rapazes e moças encontram em centenas de casas da Família Salesiana na África: os garotos da rua de Addis Abeba ou as meninas salvas da exploração sexual em Serra Leoa ou também os meninos da rua em Moçambique e em Angola.

 

Vida nova aos imigrantes

Vida nova que procuram os jovens imigrados acolhidos pela Família Salesiana em Catânia, em Nápoles e em tantas outras obras da Europa. E dom de vida encontram os adolescentes e os jovens que deixaram a guerrilha na Colômbia ou vivem na Ciudad Don Bosco de Medellín, ou os milhares de refugiados na fronteira com o México em Tijuana, onde os nossos irmãos e irmãs simplesmente partilham com eles o pão e a vida.

Tudo isso e muito mais me inspira a celebração da Páscoa. Não pode ser uma celebração sem Deus, sem Mistério, sem a força do Espírito que ressuscita Jesus. Mas também não pode ser uma celebração “espiritualista vazia” em que a vida e a dor dos filhos de Deus parecem não contar. Para Jesus contavam, e no dia a dia Ele caminhava imerso na vida da sua gente, principalmente dos mais pobres e mais necessitados.

 

O caminho de Jesus Ressuscitado

O tempo pascal convida-nos a seguir o caminho da ressurreição. A pedra que parecia nos bloquear foi retirada. Cristo Ressuscitado vive agora infundindo em nós a sua energia vital. É Ele a “lei secreta” que orienta o caminho de tudo para a vida. Porque é Ele o “coração do nosso mundo”.

Meus queridos amigos e amigas, não permitamos que essas coisas simples, mas muito importantes, nos escapem. Que a celebração da Páscoa do Senhor nos encha de alegria, de esperança, de fé profunda. Para isso o nosso objetivo perene deve ser o de oferecer vida e vida abundante, digna, autenticamente humana, a todos aqueles a quem foi destruída, ferida e acorrentada pelas violências, pelas angústias e pelos constrangimentos do nosso mundo.

Por isso, com a força da Páscoa, eu os convido e peço para que não se habituem a olhar com insensibilidade e indiferença para tantas pessoas que não sabem verdadeiramente o que é uma “vida boa”.

Feliz Páscoa no Senhor!

 

Leia aqui outros artigos do Reitor-mor, padre Ángel Fernández Artime

Avalie este item
(0 votos)

Deixe um comentário

Certifique-se de preencher os campos indicados com (*). Não é permitido código HTML.